Sabrina Becker
Me olho no espelho mais uma vez. Será que eu estou à altura da família Niko Sankyo?
Escolhi um vestido na altura dos joelhos vermelho, de gola canoa. Uma sandália alta, e um rabo de cavalo. Optei por uma maquiagem básica.
Desde que vim morar aqui e soube um pouco mais sobre Paulo, pesquisei na internet sobre a sua família. Queria saber quem eram os pais dele .
No Internato só conhecemos Paulo, mas há uma história que os pais dos três mosqueteiros, como eles são chamados nas fofocas dos corredores, também vivem no mundo do Bdsm.
Segundo Andrey, a Dominação foi passada como herança, de pai para filho. Acho no mínimo intrigante... Fico imaginando como as submissas eram preparadas naquela época. Madame deve saber, já que ela regula a idade dos pais deles. Talvez ela também tenha feito parte deste mundinho micro e tenha até convivido com eles, porque o Bdsm lp é uma comunidade pequena que se agrupou nos estados do Brasil. Andrey costuma dizer que nos agrupamos para nos proteger, do preconceito da sociedade.
Naquela época devia ser difícil para as submissas e submissos, e as coisas não deviam ser organizadas como agora são. Devia existir muitos abusos disfarçados de bdsm.
Essas mulheres, principalmente elas, porque sabemos que existem homens submissos também. Mais falando exepcionalmente delas… elas são guerreiras. Não foram preparadas como eu... Foram jogadas neste mundo. Algumas deram sorte, outras nem tanto.
Neste campo, madame é pioneira. Ela conseguiu melhorar o projeto de internato, que já existia na época... Muitas moças eram educadas e só saiam para se casarem e terem filhos. Isso era comum na época, madame só apimentou as coisas.
Num mundo machista como o nosso, isso é necessário!
Tá certo que existem exceções, nem todas as mulheres são frágeis e precisam de ajuda no começo da vida. Quem dera viver num mundo em que mulheres eram respeitadas como iguais. As que peitaram os homens e iam à guerra, lutando pelos seus direitos iguais, eram taxadas como loucas e na maioria das vezes, não eram respeitadas.
Mas eu fico bem tranquila em saber que existem pessoas, como a madame que ajudam essas meninas. E através do exemplo dela, muitos outros lugares como o dela, foram criados.
Madame faz, o que o governo não faz, que é proteger essas mulheres que são, na maioria das vezes, órfãos e jogadas ao mundo sem nenhum preparo.
Eu suspiro.
Descobri na internet algumas coisas sobre essa família. O pai de Paulo, que é conhecido no Brasil, por Antônio, já que o nome dele de verdade tem uma pronúncia estranha. Por essa razão ele resolveu adotar um pseudônimo.
Descobri que ele é muito poderoso, como a família dele, que a maior parte ainda vive no Japão.
Já Dona Paula é brasileira, e sua família veio para o Brasil a muito tempo atrás, fixando residência como comerciantes.
O casamento deles foi arranjado, quando o Sr. Antônio ainda estava no Japão.
Aí você pode me perguntar: não seria mais fácil perguntar essas coisas ao seu mestre?
Seria... Mas fiquei com medo de ele achar que eu estava querendo fazer fofoca.
Meu celular apita e olho para ver. É do grupo das meninas...
Provavelmente estão mandando votos de incentivo. Eu falei para elas que estava nervosa com o almoço.
Olho e vejo uma mensagem da Camila.
Camila: "Sá, mantenha o protocolo de sempre e tudo vai ficar bem. Torcendo por você!"
O conselho dela é valioso! Já que ela passou pelo mesmo que eu vou passar. Ela disse que na vez dela foi tenso, já que o pai do Bernardo é meio estranho. Mas ela disse que deu tudo certo, comigo daria também.
Afinal eu não era uma candidata a ser noiva! Eu só era a submissa dele. E mais nada…
Respirei fundo mais uma vez para acalmar os nervos.
Respondo a mensagem da Camila agradecendo o apoio, e me dirijo para a porta pegando a sandália e a bolsa, em seguida guardando o celular dentro dela.
Quando começo a descer as escadas, vejo ele parado no meio da sala com um copo de suco na mão.
Ele quase não bebe, o que eu acho bem legal. Só bebe, quando precisa relaxar, uma dose de whisky ou uma cerveja, ou até uma taça de vinho. Mas geralmente ele não passa disso.
Está vestido todo de preto, com um pulôver com as mangas suspensas no braço.
Eu sorrio e ele também…
-Shinkirō mitai! -ele sussurra quando chego perto dele.
Fico confusa! Preciso aprender japonês.
-O que disse meu mestre?
-Está mesmo empenhada em aprender japonês.
Eu sorrio e confirmo.
-Que você parece uma miragem! -eu fico encabulada com o elogio.
-Estou a altura de seus pais? -falei porque de repente fiquei sem palavras.
-Sim Hanī... Está linda! Vamos?
Eu confirmo com a cabeça. Calço minhas sandálias e ele o sapato.
Saímos do apartamento e o elevador já estava nos esperando.
-A alguma recomendação mestre?
-As de sempre... As que você está acostumada. Meus pais são rígidos, levam as regras de etiqueta a sério. Para um primeiro contato, eles vão ficar na deles... Mas depois que vocês pegarem intimidade, tudo muda Hanī.-ele segura meu rosto com as duas mãos e diz: -Não precisa ficar nervosa!Ninguém vai te constranger ou te deixar desconfortável.
-Sim mestre!
Ele beija a minha boca com carinho. O elevador abre e vejo Afonso na garagem em frente ao carro dele.
-Afonso, pode tirar a tarde de folga. Não vou precisar de seus serviços. Só vou com a segurança normal.
-Ok Senhor!
Ele abre a porta do carro para mim e eu entro. Ele põe o cinto como sempre faz, e fecha a porta se encaminhando para o banco do motorista.
Entra e sorri para mim. Botando uma música no som do carro. Da a partida e sai…
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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Doce Pecado
Cadê os capítulos...
A leitura não abre... Por quê???...
Cadê os capítulos...