Jogo de Intrigas romance Capítulo 10

Outra vez eu não me mexo.

Dessa vez não porque me sinto fincada no chão, mas porque tenho motivos.

Theodoro fecha os olhos, voltando o rosto para o teto. Os músculos do pescoço estão tensos. Ele sempre ficava assim depois de discutir negócios. Então eu sempre o recompensava com uma bela massagem. E alguma coisa indecente.

— Vitória, sente-se — ele gesticula na direção da cadeira. — Se eu pretendesse matar você, já teria feito isso, como você mesma observou tão bem.

Meu estômago dá um nó. 

Relutante, eu me aproximo. Engulo com dificuldade, enquanto chego perto o bastante para ocupar a cadeira a sua frente.

O que Theodoro não sabe é que não estou com medo dele.

Estou com medo do que eu sinto quando estou perto dele.

Olho ao redor, para o seu escritório elegante e formal, decorado em tons de preto e cinza, e engulo um suspiro de tristeza. Minhas melhores lembranças estão nessa casa. Algumas delas envolvem a mesa entre nós nesse exato momento, para falar a verdade.

Quando torno a olhar para Theo, sei que está pensando a mesma coisa que eu, porque há uma sombra de luxúria em seus olhos.

— E então, qual é sua proposta, Dom Tremesso? – pergunto com ironia, ignorando a forma como minha pulsação dispara quando ele tem toda a sua atenção sobre mim.

Meu ex-marido afunda na cadeira, relaxando contra o encosto, as mãos cruzadas sobre o abdômen definido que a camisa branca de botões esconde. O desgraçado é espetacular. Eu costumava correr as unhas por aquele abdômen e vê-lo se contrair, enquanto ele sussurrava obscenidades no meu ouvido.

— O meu plano inicial era ficar com Heitor e Joaquim — ele revela com uma casualidade irritante. — E mandar você de volta para o Brasil, é claro.

Abro a boca para protestar, mas Theo ergue a mão, mandando que eu me cale.

— Não sou idiota, Vitória. Sei que depois de cinco anos, Joaquim tem sentimentos por você. Laços. O que não ocorre com Heitor, que não tem recordação alguma sua.

As palavras dele me ferem.

Theodoro faz questão de ser brutal. Implacável como se estivesse tratando com um dos seus inimigos.

Eu me mexo na cadeira, incomodada.

— E o que isso significa, afinal? Chegou a alguma conclusão ou não?

Ele dá de ombros como o babaca que é.

— É claro que sim.

— E qual?

— Vou permitir que você fique nessa casa.

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