Jogo de Intrigas romance Capítulo 9

Quando chegamos ao casarão, Joaquim já está dormindo. 

O pobrezinho ficou exausto depois de toda a movimentação dessa noite.

Angustiada, eu me pergunto se ele chegou a perceber os homens armados ao seu redor, os gritos e as ameaças, mas quero acreditar que Theodoro tenha conservado bom senso suficiente a ponto de ter preservado o filho. 

Quando entrei no carro, Quim não parecia assustado, apenas um pouco ansioso. Além disso, esteve com Theo no veículo da esquerda, que permaneceu apenas dando suporte na operação.

Operação...

Olha como eu estou falando.

Como se fosse uma deles!

Carrego o meu filho no colo, desde a hora em que descemos do carro até o momento de colocá-lo na cama. Há um quarto de hóspedes reservado a ele, sem brinquedos ou nenhum tipo de decoração especial, o que me leva a crer que tudo foi preparado às pressas.

Quando Theo veio até Joaquim, essa noite, ele ainda não estava certo do que iria encontrar. 

Assim que deixo o quarto, respiro fundo e sigo em direção ao escritório de Theodoro. Não combinamos nada, mas instintivamente, sei que é lá que devo procurá-lo.

O casarão me saúda com velhas lembranças enquanto caminho pelo piso de mármore reluzente. Para a minha surpresa, todas as fotografias foram retiradas das paredes. Até mesmo as fotos que tirei de Theo ou Heitor, sozinhos, onde não apareço. 

Isso me atinge com uma mágoa profunda e, quando empurro a porta do escritório e vejo o objeto do meu rancor sentado atrás da sua mesa, trinco os dentes para controlar a minha raiva.

— Estou aqui. O que você quer?

Ele levanta o rosto para me encarar e o meu estômago se aperta dolorosamente.

Como eu amei esse rosto, meu Deus!

E como não amar? Traços fortes e másculos, olhos ardentes e uma boca carnuda capaz de me levar ao paraíso.

Quando ele abre a boca, sua voz é rouca e grave, exatamente como eu me lembro. 

— Quantos anos ele tem?

— Quatro.

— Mentira.

Ele ergue os olhos e eu fico parada diante dele completamente deslocada. Não sei onde enfiar as mãos, nem o que fazer com as pernas. Não sei se devo voltar e trancar a porta para nos dar alguma privacidade ou se devo só me aproximar e enfrentar a sua fúria.

Theo me livra desse último dilema.

— Feche a porta.

A última coisa que eu gostaria de fazer agora é ter que obedecê-lo. Mesmo assim, dou meia volta e atendendo sua ordem.

— Venha até aqui — quando eu não me movo, há um lampejo de satisfação nos olhos dele. — Está com medo?

— Não. Por que estaria? Por acaso, você pretende me matar?

— Eu poderia.

— Também poderia ter feito isso, há seis anos.

Suas pupilas dilatam.

Sei como deixá-lo bravo, do mesmo jeito que sei como deixá-lo louco de tesão.

— Há seis anos, eu não sabia que você estava escondendo o meu filho.

— Quando você me colocou para fora dessa casa, eu também não tinha ideia a respeito de Joaquim. Eu estava com três semanas.

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