No dia seguinte, um furacão louro invade o casarão. E ela não pode ser contida nem mesmo pelos seguranças.
Abro um sorriso animado.
Alessandra! Até que enfim.
— Não estou acreditando que o babaca do meu irmão teve a coragem de fazer isso com você — ela grita, arrancando os óculos escuros do rosto, enquanto eu termino de reaplicar o protetor solar.
Estou sentada em uma das espreguiçadeiras a beira da piscina do casarão. O sol não está de matar, mas é o suficiente para sentir aquele calorzinho gostoso e me refrescar, ocasionalmente, na água.
Theo saiu cedo à negócios. Não quero saber de que tipo. Provavelmente, eu cairia dura para trás.
— Nós duas sabemos que ele tem tendência a estupidez — sorrio, satisfeita com a sua chegada repentina. — Não podemos realmente culpá-lo, podemos?
— Bem, dessa vez ele se superou. Não tem nenhuma desculpa para ele manter o filho e a ex-mulher em cárcere privado.
Eu fico de pé e, quando ela se aproxima o suficiente, dou dois beijos estalados no seu rosto.
Alessandra está correta.
Pensar nas condições de Theo para que eu possa conviver com os meus filhos, o que é um direito meu, me dá nos nervos. É inaceitável conceber que ele se sinta na autonomia de ditar as regras numa circunstância como essa.
— Sabe o que eu não entendo? Como foi que ele descobriu que eu estava na Itália?
Ela sorri, sem humor.
— Bom, minha querida, pode descansar sua cabecinha linda em relação a isso. O rato maldito foi encontrado e eliminado.
— Como assim?
— Theo estava recebendo informações da maldita cozinheira — Alessandra grunhe com rancor. — Depois que eu deixei de dar satisfações da minha vida, ele começou a pagar essa desgraçada estúpida para mantê-lo atualizado de toda possível merda que eu fizesse.
— Possessivo de merda!
— Não se preocupe, a burra está a quilômetros agora — ela ergue as sobrancelhas com um sorriso cruel. — E eu garanto que não vai conseguir mais trabalho em lugar nenhum. A não ser que seu ex-marido queira receber a cobra dentro de casa.
O que nós duas sabíamos que nunca aconteceria.
O dia em que Theodoro Tremesso daria abrigo a uma criada traidora, as vacas e os seus bezerros sairiam voando pelos céus.
A expressão de Alessandra assume um tom preocupado.
— E você? Está chateada comigo?
— É claro que não!
— Mas eu meti você em encrenca — ela morde o canto da boca, angustiada. — Jurei que podia confiar nos meus criados e veja só o que aconteceu...
Levanto a mão, sacudindo a cabeça.
Odeio que ela fique se culpando por algo que nem sequer estava ao seu alcance. Alessandra vem sendo uma amiga maravilhosa, esse tempo todo. Não é justo que ela se cobre tanto.
— Pode ficar sossegada que a encrenca me deu a chance de reunir os dois maiores amores da minha vida de novo.
— Eu e quem?
Levanto as sobrancelhas e ela abre um sorriso de lado.
— Joaquim e Heitor, é claro.
Ela escancara a boca.
— Puta que pariu, Vitória! Jesus, eu quase tinha me esquecido! Como foi esse primeiro encontro entre os irmãozinhos?
— Bom, ainda não foi, na verdade — admito. — Dom Tremesso passou o dia com Joaquim ontem, enquanto eu tive uma tarde sensacional com Heitor no shopping.
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