Jogo de Intrigas romance Capítulo 17

O sábado chega e Alessandra faz questão de cobrar a minha parte no trato.

— Oi, cunhadinha! Pronta para colocar fogo na Sicília? — ela diz ao telefone, parecendo animada.

Eu estranho a sua ligação.

Passa pouco das onze da manhã e ainda estou no quarto, arrumando algumas das minhas coisas que, preguiçosamente, resolvi deixar dentro das malas. Só que não dá mais. É inevitável.

Além disso, não adianta achar que Theo vai mudar de ideia, de uma hora para outra, e me presentear com a liberdade. Especialmente uma liberdade que inclua a guarda dos meus filhos. 

— Achei que isso fosse acontecer mais tarde. Não é cedo demais para segurar em tochas?

— De jeito nenhum. Você está enganada, Vitória — ela ri. — E eu vou relevar porque sei que você ficou tempo demais longe da Itália para conseguir se lembrar como provocar um verdadeiro incêndio. Estou aqui embaixo te esperando?

— Aqui embaixo aonde?

Afasto a cortina e espio pela janela.

Alessandra olha para mim do outro lado dos muros da mansão e acena, escandalosamente.

Acabou de ficar comprovado: ela é louca de verdade. 

— Tudo bem — balanço a cabeça, rindo. — Aonde vamos, destrambelhada?

— Vai saber quando chegar lá. Desce logo.

O lugar para onde Alessandra me leva é a Taormina, um lugar maravilhoso para comer, comprar e jogar conversa fora. Perfeito para visitar com sua melhor amiga.

Dei folga a Vicenzo, mas não consegui me livrar de Vitório, que Theodoro mantinha normalmente perto de Heitor. Isso porque, além de levá-lo a toda parte, Vitório ainda era um excelente cão de guarda. Se preciso, ele defenderia a vida do garoto com a sua própria. 

Bom, agora ele é o meu cão de guarda. E segue quieto no banco traseiro enquanto Alessandra e eu, na parte dianteira da sua Ferrari luminosa, gritamos e cantamos com os sucessos na rádio.

Depois de uma tarde gloriosa de compras, nós duas voltamos para o casarão abarrotada de sacolas.

— Você não vai entrar?

— É claro que não — ela pisca um olho. — Três vezes dá azar.

—  Alê...

— Vejo você mais tarde, quando vier buscá-la para a segunda parte do nosso crime.

Não tenho alternativa a não ser aceitar que ela não quer cruzar com o idiota do irmão lá dentro. E como posso culpá-la?

Eu entro no casarão e subo as escadas, em direção ao meu quarto, onde tomo um banho refrescante. O tempo virou com a chegada do verão.

Para a minha alegria, descubro depois que Theodoro está passando o dia na casa de seus “sócios”. Fico sabendo através de Heitor, que também sugere que a minha presença foi requisitada pelo pai, o qual ficou bastante aborrecido porque eu não estava disponível.

Bom, um foda-se bem grandão para ele.

Aproveito o resto da tarde e o princípio da noite para jogar videogame com os meus filhos. Os dois ainda estão se acostumando a existência um do outro. Ainda não são os melhores amigos, mas vem fazendo avanços impressionantes nessa área.

Especialmente com o Playstation para uni-los.

— Minha mãe é fera, eu não falei para você? — Quim provoca em tom orgulhoso.

Heitor dá de ombros.

— Ela não é melhor do que o meu pai...

— Eu duvido — Joaquim dá a língua, voltando a se concentrar no jogo. — Ela é fera, eu já disse. Nem parece menina.

— Como assim “nem parece menina”? — eu deixo o controle de lado, franzindo o cenho. — Meninas podem fazer o que elas quiserem.

O pequeno revira os olhos, entediado.

— Tudo bem. Foi só jeito de dizer, mamãe.

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