Jogo de Intrigas romance Capítulo 18

A balada se chama Saint-Tropez. Foi inaugurada a pouco tempo e reúne a nata siciliana. 

Ainda assim, Alessandra é presença VIP. Passamos pela fila como se ela sequer existisse, apesar das dezenas de pessoas nela, e recebemos pulseiras verdes na entrada que garantem acesso a tudo.

Ao entrar, somos engolidas pela música eletrônica barulhenta e pelas luzes piscando. O lugar é grande o suficiente para receber algumas centenas de corpos se sadudindo sob a batida ritmada.

Alessandra segura o meu pulso e eu me viro para ela. 

— O camarote é lá em cima — ela aponta para a lateral no alto. — Está vendo o mezanino?— eu faço que sim e ela sorri, endiabrada. — Agora chega de apresentações, vamos beber. 

Minha amiga doida me puxa pelo braço, enquanto fazemos o possível para desviar das pessoas em direção ao bar. A casa está em sua capacidade máxima, mas não acho isso desagradável. É como fazer parte de uma energia viva e pulsante que não esgota nunca.

Pedimos drinques coloridos iguais, enquanto assistimos o ritual do acasalamento acontecer ao redor, de novo e de novo, e outra vez, sem cessar nunca. 

Algum tempo depois, estamos dando corda para dois desconhecidos bonitos que nos olhavam desde que nós chegamos. 

Giovanni e Alberto. 

"Outro Alberto? Não, não pode ser", eu penso com desgosto, lembrando do filho do meu ex patrão no Brasil. "Que azar".

Apesar da infeliz coincidência entre os Albertos, eu me permito divertir um pouco. Dou assunto para ele, enquanto finjo que não estou quebrada por dentro. Deixo para lá o fato de que Theo me invalidou para qualquer outro homem na primeira vez em que me levou para a cama.

Italiano desgraçado com seus beijos e seus toques que me faziam subir pelas paredes!

Os drinques coloridos me levam a ficar cada vez mais ousada. Acabo deixando Alberto se aproximar mais do que provavelmente deveria e ele me cerca contra o balcão.

— Você não é daqui, certo? — o homem se inclina para sussurrar no meu ouvido. — De onde você é?

— Brasil — sorrio, caprichando no sotaque. — Do Rio de Janeiro. Conhece?

Os olhos dele se acendem. 

Pela postura corporal, ficou ainda mais interessado.

— Sim, o Rio de Janeiro e também as cariocas. Mas nenhuma tão bonita quanto você. 

Vejo Alessandra rir e revirar os olhos ao meu lado, atenta a nossa conversa. Ela também bebeu além da conta e parece se divertir com o seu novo amigo Giovanni. Mas, quando ele diz alguma coisa no seu ouvido, ela balança a cabeça em negativa e eu noto que está deixando de ser divertido para ela também. 

Uso o nosso velho código secreto — uma ajeitada no cabelo e duas piscadas — para mostrar a ela que, também, estou entediada, e  Alessandra sorri.

— O que você faz Alberto? — ela pergunta, casualmente. — Com o que trabalha?

— Sou empresário. Tenho joalherias espalhadas por toda a Sicília — ele estufa o peito, com um orgulho evidente. — E vocês, garotas lindas, o que fazem da vida?

Ela dá de ombros, desinteressada. 

— Nada, só gastamos o dinheiro do meu irmão. 

Os dois homens se entreolham e caem na risada. 

— Mulheres fazendo o que fazem de melhor — Alberto revira os olhos e meu semblante fecha.

Que idiota!

Seu comentário estúpido revira o meu estômago.

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