Jogo de Intrigas romance Capítulo 29

Ao contrário do que eu imaginava, a festa infantil é realmente isso: uma festa infantil. Com direito a brincadeiras, palhaços e uma bela decoração, incluindo uma mesa de buffet apetitosa.

O pai da criança está por trás do churrasco, como se fosse um homem comum e não o membro de um clã que tira vidas com a mesma facilidade com que eu mato um inseto.

Mais facilidade do que isso, na verdade.

Estou usando o vestido branco que comprei no dia em que Heitor e eu fomos ao shopping. O modelo rodado com saia curta em chiffon, esvoaçante. O corpete é bem justo, desenhando o contorno dos seios.

Theo não esconde seu olhar faminto sobre mim. Tento me concentrar nos meninos, mas quando eles saem correndo junto com as outras crianças para assistir ao show de mágica, ficamos sozinhos, o que torna impossível ignorar sua constante atenção.

Estamos sentados lado a lado, ao redor de uma das mesas de vidro com armação em ferro e protegidos do sol por um guarda sol branco gigante que combina com o estofado das cadeiras confortáveis. Quando o joelho dele encosta em minha perna, eu tenho um sobressalto.

Ao me virar para Theo por trás dos meus óculos de sol, vejo seus olhos zombeteiros sobre mim.

— Está se divertindo, querida?

É uma boa festa infantil, com comida farta e deliciosas bebidas refrescantes. O barulho tipicamente exagerado das crianças acaba sendo abafado pela música agradável e pelos outros sons do churrasco e conversas animadas.

Apesar de como começou aquela manhã, a verdade é que não tenho do que me queixar.

— Um pouco.

Theo assente.

— Vai se divertir, mais tarde.

O meu rosto esquenta.

Quando eu me ajeito na cadeira, obviamente perturbada, ele não afasta a perna. Sua proximidade faz meu pescoço esquentar e eu começo a transpirar então. Uso o leque que trouxe para me abanar.

Como está quente essa manhã na Sicília!

Theo, agora, tem um meio sorriso indecente.

— Calor?

— É porque está fazendo muito sol — justifico com raiva.

— De fato — o cappo concorda, olhando para o céu azul com nuvens brancas e, depois, de novo para mim. — Você está bonita.

Fecho os olhos.

Ai, não.

Odeio que suas palavras me façam sentir toda quente e pegajosa. E que tipo de criatura mole eu me transformei? Além disso, tem esse maldito dom de me deixar sem palavras. Mas assim que me recupero, resolvo soltar uma pérola:

— Eu não estava bonita quando usei o vestido da sua irmã, ontem?

Para minha surpresa, ele nem se abala.

— É verdade, estava linda também. Mas o branco realça o bronzeado da sua pele — ele pega copo de uísque sobre a mesa, levando até os lábios. —  Tem passado bastante tempo na piscina?

— Não depois que sua irmã dispensou minha companhia.

Theo mal chega a dar um gole na bebida, estreita os olhos para mim e eu me arrependo de ter dito aquilo.

Merda de boca descontrolada.

— E por que Alessandra faria isso, Vitória?

— Aparentemente, estou me metendo demais na vida dela, veja só. E isso por culpa sua, claro

— Minha culpa?

— Você enfiou ideias erradas na minha cabeça. Agora, minha única amiga me odeia.

Seu olhar me petrifica e aquece ao mesmo tempo.

A camisa branca translúcida está aberta no peito, revelando um trecho de pele morena com pelos escuros, e a medalha de Santa Rita.

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