Jogo de Intrigas romance Capítulo 30

Eu abro a boca, chocada demais para dizer alguma coisa durante um longo tempo.

 

Não posso evitar. O que Theo está dizendo é surreal demais. E doentio. Não consigo nem imaginar de onde ele possa ter tirado aquela ideia absurda e, por isso, eu pergunto:

 

 — E como eu posso ter traído você, Theodoro? Será que você pode me dizer?

 

Ele me olha, astuto.

 

— Você se lembra do homem que estava conversando aquela noite, há seis anos? Na festa de Isabela?

 

— Eu não me lembro de homem nenhum.

 

— Seu nome era Rico Salazar — acrescenta e eu balanço a cabeça, em negativa.

 

— Não reconheço esse nome.

 

Theodoro ri sem humor.

 

— Imaginei que diria isso — sua expressão se torna mais grave. —  Esse homem assassinou os meus pais, Vitória.

 

Eu petrifico, só então fazendo a relação entre os fatos. 

 

— Eu nunca faria isso com você — digo, possessa. — Nunca mesmo. Será que não vê o quanto isso é absurdo?

 

Não é possível que ele esteja mesmo falando sério. Não depois dos três anos que passamos juntos. Não depois de eu abrir mão da minha liberdade para viver um relacionamento com um homem marcado pela polícia e por facções rivais. Não depois de eu arriscar minha vida durante todo aquele tempo ao seu lado.

 

— Mas estava falando com ele, não estava? —  Theo insiste, irritado. — Na festa de Isabela, a sós, na biblioteca. Você não tem como negar isso. Eu vi tudo.

 

Suas palavras são como um punhal cravado bem fundo em meu peito.

 

Ele quer que eu confesse um crime que não cometi. Pior ainda, quer me confundir para que eu tropece em minhas próprias palavras. Mas ele pode tentar o quanto quiser, porque eu sou inocente e não tenho nada a temer.

 

— Eu não me lembro, já disse.

 

— Mas você fez.

 

— Então, com certeza foi algum engano. É claro que eu não faria isso de propósito, Theodoro.

 

Em vez de dúvida ou arrependimento, o que vejo em seus olhos é impaciência e deboche.

 

— E qual foi o motivo então, Vitória? Alguém estava obrigando você? Tinha alguém com uma arma na sua cabeça, te obrigando a falar com Salazar, o meu pior inimigo?

 

Respiro devagar, a cabeça girando. Fico nauseada com a ideia do que ele vem pensando a meu respeito esse tempo todo. Só de pensar que Theo esteja guardando essa teoria consigo, há tanto tempo, tenho até vontade de vomitar e minhas pernas tremem.

 

— Você está me acusando de conspirar contra você?

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