— O que você está dizendo? Como assim sequestraram o meu filho? — eu berro, exasperada. — Achei que vocês fossem pagos para impedir que esse tipo de coisa acontecesse. O que vocês são, afinal? Um bando de idiotas?
Sentado no sofá, Theo massageia as têmporas. Tenho a impressão de que a cabeça dele vai explodir a qualquer momento. O que seria muito bem-feito. Eu espero que exploda realmente e que espalhe seus miolos idiotas por toda a parte.
Que inferno!
Nunca estive tão perto de atender as suas expectativas. Nesse momento, eu adoraria ter compactuado com o seu assassinato, seis anos atrás.
E ter feito dar certo.
Só de pensar em meu filho nas mãos de alguém que odeia Theodoro Tremesso a ponto de sequestrar uma criança inocente, meus joelhos amolecem.
— Nós vamos encontrá-lo — a voz do cappo é a de um homem atormentado. — É só uma questão de tempo.
Estou andando em círculos há uma hora, brigando e estapeando aqueles dois imprestáveis que Theodoro chama de seguranças. Mas, nesse instante, eu me volto para ele, com uma raiva que nunca senti antes.
— Sim, porque essa é a sua obrigação. Você me disse que os manteria seguros e, agora, um dos meus filhos está desaparecido. Por sua culpa e desses seus capachos incompetentes!
— Já chega, Vitória. Eu já disse que vamos encontrar o garoto — ele diz, baixo, e, com um aceno, dispensa Vincenzo e Vitório, que deixam a sala de cabeça baixa. — Ele é meu filho, também. Estou tão preocupado quanto você.
— Eu espero que sim, já que foi você quem o colocou em situação de risco.
Seu olhar recai sobre mim, descrente.
— Como assim?
— Como assim?! Eu disse que era uma péssima ideia expor os dois desse jeito. Uma festa cheia de mafiosos e de homens armados? — eu bufo, esfregando a testa e voltando a andar de um lado para o outro, a ponto de abrir um buraco no chão. — Não é possível que você seja tão... idiota. O que você esperava que acontecesse?
— Com certeza eu não esperava que o meu filho fosse sequestrado — ele rosna, furioso. — Você está me acusando, por acaso? Está dizendo que eu fui negligente com ele?
— Sim, para dizer o mínimo!
— E o que você esperava que eu fizesse? Era uma maldita festa infantil, Vitória!
Heitor ergue os olhos para nós dois, da poltrona, como se estivesse no meio de um fogo cruzado.
Tenho pena do garoto. Quando finalmente o encontramos, estava tremendo dos pés à cabeça, balbuciando o nome de Joaquim, sem dizer nada coerente. Ele tinha assistido a tudo, trancado no banheiro, pelas frestas da porta, desde a correria e do tiroteio até o sequestro do irmão.
Era através das informações de Heitor que Theo planejava encontrar Joaquim com vida.
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