Jogo de Intrigas romance Capítulo 32

“Ele prendeu você dentro do quarto? Maldito! Não quero ser aquela que diz: eu te avisei, mas...”

 

“Então não diga. Já estou nervosa o bastante. Com certeza, não preciso ouvir um sermão sobre ter acreditado outra vez em um bandido desgraçado”

 

No alto da tela do celular, aparece que Alessandra está digitando. Sentada na cama, recostada contra a cabeceira, fico esperando outra mensagem, mas ela demora demais e, ansiosa, acabo me antecipando:

 

“Ele disse que foi Isabela quem me acusou de traí-lo"

 

Alessandra para de digitar. 

 

Depois, começa outra vez. 

 

“Trair com quem? Do que você está falando?”

 

“Quando ele me mandou embora daqui. Theodoro disse que Isabela me acusou de traição"

 

Há uma longa espera, então ela envia uma outra mensagem cheia de pontos de exclamação.

 

“Ele enlouqueceu! Trair com outro homem? Como ele pode ser tão babaca?”

 

Fecho os olhos, respirando fundo. Quero oxigenar meus pulmões que parecem encardidos com toda a sujeira tóxica que Theodoro enviou para dentro deles. Eu viro a cabeça para o lado, olhando através do vidro da janela. Sinto falta da minha preciosa liberdade. É uma daquelas coisas para as quais só damos valor quando perdemos. Que sensação horrível!

 

Outra coisa é a falta que sinto de Quim. E o desespero por não ter notícias dele. Nas primeiras duas horas naquele quarto, lutei contra o desejo quase insano de ligar para Theodor e implorar que ele me desse alguma informação sobre o meu filho. Mas eu precisava admitir: o mais provável seria que ele subisse ali e me privasse do meu único meio de comunicação com o restante do mundo. A droga do celular. Por isso, tenho respirado fundo e controlado aquela dor esmagadora em meu peito.

 

Uma série de pontos de interrogação mostra que Alessandra está esperando minha resposta.

 

“Ela disse que eu estava tentando tramar a sua morte", digito, a raiva percorrendo minhas veias como um veneno me consumindo. 

 

Aquela víbora! Eu me mordo com a ideia de que perdi uma bela oportunidade, ontem, quando não a empurrei escada abaixo. Ela poderia ter feito mais do que machucar o pé.  Poderia ter torcido o pescoço! Que cobra.

 

A resposta de Alessandra vem rápido.

 

“É mentira dele, claro. Isabela é uma chata, mas ela nunca faria uma coisa tão horrível. Pode acreditar em mim. Cão que ladra não morde. Ele está tentando se justificar e vai atirar para todos os lados”

 

Fico meditando sobre aquelas palavras, mas não tenho a mesma convicção que Alessandra. Não depois do comportamento de Isabela Tremesso, ontem à noite, em sua festa de boas-vindas. Eu acho que uma mulher como aquela poderia ser capaz de tudo.

 

Penso em revelar a Ale tudo o que houve, mas é uma história comprida que merece ser contada em detalhes depois, pessoalmente. 

 

“Você acha mesmo?”

 

“Tenho certeza”, ela diz. “Theo está tentando se justificar. Você não pode acreditar, ele é um monstro”

 

Suspiro, deixando minha cabeça desabar para trás.

 

“Estou cansada. Não sei mais o que fazer, Ale"

 

A resposta agora chega bem depressa. 

 

“Só tem um jeito: fugir"

 

Dou uma gargalhada. O otimismo e a determinação de Alessandra são mesmo incríveis.

 

“Do que você está falando? Theo usou a chave para me trancar no maldito quarto. Quer que eu pule a janela e quebre uma perna?”

 

“Não é fugir do quarto, sua besta”

 

“Fugir da Sicília?”, eu engasgo. Quero arremessar o celular do outro lado da parede. Não porque estou com raiva dela, mas porque é mesmo uma ideia tentadora. Só que... “Você ficou maluca! E Joaquim? E Heitor? Não vou deixar os meus filhos de novo”

 

Alessandra continua respondendo em máxima velocidade.

 

“Fuja com eles. Procure proteção policial onde o poder de Theodoro não chega”

 

Há.

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