A noite com Annelise me encorajou a tentar falar mais uma vez com A. Eu sabia que isso poderia significar alguma coisa para ela, e estava disposto a atirar para todos os lados para obter um sim — nem que fosse para que continuássemos nossa conversa. Nos últimos tempos, acostumei-me com a ideia de que quando chegasse em casa, não estaria sozinho. Na verdade, morar em uma casa grande parece um desperdício quando você não se divide com outra pessoa. E mesmo que A. fosse virtual, eu sabia que do outro lado havia uma linda mulher aborrecida comigo.
Respirei profundamente e mandei uma última mensagem.
Sr. Bolas Azuis: Se ainda estiver aqui, fale comigo.
Nenhuma resposta havia chegado, então coloquei o celular na mesinha de cabeceira e me enfiei debaixo das cobertas. Minha mente se redirecionou para o sorriso de Annelise, e abri os olhos. Senti minha mandíbula contrair e troquei de posição, passando a ficar de bruços.
O sorriso dela desenhou a imagem perfeita que piscava em minha mente.
Porra.
— Se controla — murmurei.
Se eu não soubesse que éramos apenas chefe e empregada, podia imaginar que ela quase aceitou que eu a beijasse quando passou por minha cabeça essa ideia. Eu nunca estive tão animado com algo desde que entrei na Shaffer & Sheppard. Eu estava certo. Annelise acendia aquela chama em mim e, por um momento, confundi-a com atração. Mas não era. Era agradecimento. Eu estava agradecido por ela ser gentil e atenciosa comigo. Geralmente as mulheres eram interesseiras ou queriam pular em cima de mim, mas Annelise não. Ela era engraçada, forte, inteligente, sensata. A minha secretária se tornou uma amiga. E eu estava disposto a me sentir desse jeito para sempre. Estava disposto a me entregar a isso, deixar que meu coração falasse mais que minha razão; me permitir.
O celular apitou e formou um farol de luz, que cruzava o quarto até o teto. Eu o peguei e notei que chegou uma nova mensagem de A.
Sorri.
Eu abri o chat e li:
A: Minha reação foi desnecessária. Eu entendo você. Acabou se apegando a ideia de que me conhecia, mas a verdade é que fui injusta. Por isso, oi, eu sou A., a pessoa com quem você conversa todos os dias desde que me conheceu. Eu adoro pudim de chocolate, assisti a Frozen mais de oito vezes, comprei mais uma almofada colorida com estampa de cactos e não quero que isso fique desse jeito.
Meu coração se aqueceu depois de ler. Tive a sensação de que uma enorme nuvem negra saiu de cima de mim, se afastando com seus raios e trovões. Eu respirei fundo antes de responder:
Sr. Bolas Azuis: Eu não deveria ter proposto aquilo. Confundi meu desejo com o seu e pensei que… pensei que seria melhor assim. Eu não estou acostumado a flertar. As pessoas se interessam pelo meu dinheiro, não por mim, então achei que fosse só mais uma.
A: Mas não sou.
Sr. Bolas Azuis: Agora eu sei disso.
A ideia de que estávamos juntos de novo era muito boa, porque senti como se algo fosse arrancado dentro de mim quando ela me ignorou por todos esses dias. Parecia injusto, porque eu havia me dedicado a agradá-la e recebia, em troca, toda a sua atenção. Era algo fora do comum. Na cama, eu gostava de ter controle, mas com ela, ela me domina completamente. Senti falta de ser dominado durante todos esses dias. E agora queria mais. Queria que essa sensação de compatibilidade e conclusão estivesse mais forte dentro de mim.
Sr. Bolas Azuis: Eu posso ligar?
Uma ligação seria ótimo. Mesmo que não tivéssemos dado o próximo passo, me sentia seguro para fazer isso. Acho que ela também se sentia.
A: Não sei se é uma boa ideia.
Sr. Bolas Azuis: E por que não seria? Eu me comporto. Juro.
A: Está bem.
Meu coração bateu descompassado, assumindo um ritmo incontrolável que achei que fosse incapaz de pulsar. Toda a eletricidade causada por isso cruzou meu corpo, irrompendo os nervos que permeavam a pele. Eu pulsava. Ardia.
Apertei o botão de telefone no canto superior direito e respirei fundo, o estômago pulando. Ela atendeu.
— Oi. — Eu disse. Um silêncio pareceu perpetuar-se por uma eternidade. — Você está aí?
— S-sim. — O tom hesitante soou baixo. — Estou aqui.
Eu sorri.
Sua voz era doce, deliciosa. Eu queria mais.
— Então você é A.? A garota que tem me enlouquecido durante todas essas noites? Eu não sei se te odeio por me fazer sentir isso, ou se a adoro exatamente pela mesma coisa. — Ela sorriu do outro lado da linha.
— Você gosta disso. Gosta quando assumo o controle. — Ela descreveu exatamente o que mais queria. Queria que ela me controlasse. — Porque é obcecado demais por ele, e quando se livra, gosta da sensação. E eu amo poder tirar todo o peso de cima de você. — Ela parecia familiar. A voz suave e sutil, mas ao mesmo tempo única. Meus ouvidos se atentaram à sua voz. — E você me permite esquecer tudo.
— Tudo?
— Eu tenho uma vida, Sr. Bolas Azuis. — Ela disse.
— Repete — pedi.
— O quê?
— Repete o meu nome. Eu gostei de ouvi-lo em sua boca. Repete.
— Sr. Bolas Azuis — percebi que sua respiração tornou-se lenta, quase dolorida.
Eu notei o que causava nela, e definitivamente adorava a ideia de que se sentia confortável comigo o bastante para aceitar as ondas de prazer. Eu sabia o que causava nela, e queria fazer com que chegasse ao ápice disso.
— Sua voz é linda. A dona deve ser ainda mais. — Comentei.
— Você é sedutor nas horas vagas? — Perguntou ela. — Porque sugeriria trocar de hobby.
— Está insinuando que minhas cantadas não são boas? — Perguntei, contendo uma risada. — Então me mostra, Srta. Sabe Tudo. — Desafiei. Ela pareceu pensar na resposta antes de falar.
— Eu não preciso de muito para deixar você duro — murmurou. Eu internalizei sua voz em meu corpo, que por sua vez percorreu até alcançar meu pau. Aquela mulher me deixava louco. — E eu sei o que sente quando eu digo isso, porque sei que gosta disso. Você não precisa fazer cantadas mirabolantes. Só faça a pessoa pensar que é seu sol particular.
— Eu sou seu sol particular? — Perguntei, mordendo o lábio inferior.
— E se eu dissesse que sim? — Retrucou ela.
Eu levantei, cruzei o quarto e me encaminhei para a sala. Meu corpo parecia flutuar. Estava tão leve, que a sensação me deixava fora de mim. Peguei um copo e enchi-o de uísque.
— Eu teria que fazê-la acreditar que é minha Terra, e que gira em torno de mim. Então me faça acreditar.
— Isso é um desafio, Sr. Bolas Azuis? — A voz soou agradavelmente sexy, superando a que no começo soava tímida. — Porque eu adoro desafios. — Ela disse.
— Você vai me fazer gozar, A.? — Perguntei. Bebi um gole do uísque.
— Está propondo sexo por telefone?
— Estou propondo que me faça gozar. — Sorri.
— Pervertido.
— Você ainda não viu nada. — Confessei.
Eu bebi mais um gole do uísque. Ele desceu tão frio, que achei que minha garganta tinha congelado. O ar faltou, quase me sufocando. Essa mulher vai me matar. Eu sentei no sofá.
— Eu aceito. — Disse. — Com uma condição: se eu o fizer gozar, você terá que falar disso para a próxima pessoa com quem conversar.
— Querida, nada me faria mais feliz.
Eu me empertiguei, como se estivesse esperando um prêmio. Respirei fundo, suspirei e disse:
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