Meu CEO Mandão romance Capítulo 17

Eram dez e meia e eu ainda estava bocejando. Tentei segurar, cobrindo a boca com a mão, mas outro bocejo percorreu meu corpo. Eu tremi. Devia ter vestido algo mais quente. Uma saia lápis preta e blusa branca com mangas bufantes não me ajudava em nada. O velhinho da limpeza olhou outra vez para o meu decote. Nos últimos tempos, estava tão necessitada de atenção, que ficava agradecida por qualquer um olhar para o meu decote. 

Susan estava sentada na quarta fileira, olhando atentamente para a frente enquanto nosso querido chefe, também conhecido como Sr. Babaca Metido, apresentava as ideias escolhidas pela equipe de marketing. Ela bateu a mão na cadeira ao seu lado, e eu me arrastei até lá, sendo seguida pelo olhar do velhinho da limpeza. Sentei do lado de Susan e bocejei mais uma vez. 

— Aquele cara não para de olhar para você — ela se inclinou de lado e cochichou. — Se bem que no seu estado, não precisa de muita coisa. — Franzi a testa para Susan, que deu de ombros e fez cara de indiferença. — Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. 

Eu respirei fundo. 

— Não dormiu bem? Você está destruída. — Observou ela. Eu abri a boca, mas antes de poder falar, ouvi a voz firme e aveludada de Chase me chamando. 

Por um instante, achei que fosse algum delírio por causa da falta de sono, mas ele repetiu meu nome, e eu levantei da cadeira. O vi do outro lado da sala, vestindo um terno cinza, gravata azul, a mão enfiada no bolso. Um sorriso singelo desenhava os lábios, aqueles lábios… puta merda! Eu passei a noite acordada revendo imagens daquela boca no copo. Ai, meu Deus… como eu poderia reagir depois do que acontecera? Ele praticamente disse que estava apaixonado por mim. Há dois dias. Há dois dias. Chase se impregnou em minha mente e agora era quase impossível tirá-lo de lá.  

— Srta. Hamilton — repetiu — poderia, por favor, vir até aqui? 

Eu engoli em seco e andei até lá, contornando a grande mesa da sala de reuniões. Quando cheguei perto, Chase começou a diminuir a distância entre nós. Vi os olhares atentos e curiosos, inclusive do velhinho da limpeza, que estava parado na porta, sustentado por uma vassoura. 

— Esta, senhora e senhores — Chase apontou para mim. Arregalei os olhos, disparando olhares para todos os lados da sala. Ele continuou: — é um exemplo de mulher determinada. — Ele disse, e começou a andar em minha volta. — Bonita, inteligente, sensual, forte… quais substantivos vocês dariam a ela? — Chase parou do meu lado. 

— O que está acontecendo? — Perguntei de canto de boca, forçando uma cara de quem está entendendo absolutamente tudo numa aula de Como Não Entender Nada. 

— Onde você estava? Eu liguei para você a manhã toda. — Ele disse, colocando uma mão no meu ombro. — A pauta da apresentação, esqueceu? 

Ai, meu Deus… eu havia esquecido completamente disso. Chase me avisou, uma semana atrás, que teríamos essa bendita apresentação. Eu havia esquecido completamente devido a tudo o que ele está me fazendo passar. Eu lembro de ter escrito alguma coisa num bloco de notas, só não sei onde o deixei. 

Chase me fitou com um olhar severo, e eu percebi que, por um instante, aquele Chase abusado ressurgiu. Ele pegou meu braço com força. 

— Se não resolver essa porra, você vai ser demitida. — O aviso era um tom frio. Eu assenti. Notei que seu sorriso se desfez. Ele voltou o olhar para os homens e mulheres dispostos na grande mesa oval de mogno. Eu baixei a cabeça e corri para fora da sala. 

O som abafado da voz de Chase diminuía conforme eu me afastava. Me dirigi à minha sala e comecei a vasculhar minha mesa. Revirei pastas, gavetas e verifiquei o computador. Percebi que deixei o arquivo salvo numa pasta e enviei para Chase. Depois de alguns minutos, enquanto arrumava tudo, o vi virar a esquina e olhar na direção de sua sala, ele virou, me encarou de longe e eu expirei, deixando o ar sair de meus pulmões. Ajeitei a coluna e Chase estava se encaminhando para perto. A expressão de poucos amigos dominava seu corpo, e isso fez um arrepio atravessar meu corpo. A cada passada, eu tremia toda. 

Eu não podia perder o emprego. 

Eu não podia. 

Franzi a testa e alisei a saia. 

— Annelise — ele chamou. — Venha comigo. — Engoli em seco e assenti. 

Ele ajeitou o terno e me deu as costas. O segui, logo atrás, pelo corredor. Ele se dirigiu ao seu escritório, abriu a porta e me perguntei o porquê do desvio. 

— Entre — ele ordenou. Eu entrei. Ele ficou parado, vendo-me do lado de dentro da sala. Entrou, fechou a porta, passou a mão no cabelo e meu coração disparou, aturdido. — Me diga — começou — por que atrasou a entrega dos documentos da apresentação? — Seus olhos me encaravam, fincavam-se em mim. Grandes, azuis. O encarei, me sentia baixinha perto dele, por mais que meus um e setenta e três me deixassem da altura do seu ombro. Ele era um homem grande, másculo. Percebi, só agora, enquanto tentava me refugiar contra a porta, que estava me cercando. — Diga, Annelise. 

Meus olhos piscavam. Meu lábio inferior começou a tremer. 

— Você está trabalhando para o Patrick? — Franzi as sobrancelhas e ri. Ele, estarrecido, enquanto me via contorcer em risadas, berrou: — isso é engraçado para você? — Sua voz soou como uma rajada grave e forte. Ele me colocou contra a parede, os braços apoiados à minha volta. Criou uma barreira humana para me impedir de fugir. — Porra! Diga a verdade!