Meu CEO Mandão romance Capítulo 33

Eu poderia dizer que estava em um quarto sem janelas e portas, completamente trancado, sem nenhuma chance de fuga, e bom, seria praticamente isso. Algo se acendeu em minha mente e por mais que eu lutasse contra, era impossível negar. Annelise, minha atrapalhada e sorridente secretária era, de fato, alguém que me fazia olhar além dos prazeres da vida e mesmo que os prazeres sejam a melhor parte, se torna cansativo de vez em quando. 

— Mais catchup? — Ela me ofereceu, segurando o catchup com um sorrisinho. 

Nós tínhamos acabado de ter uma reunião, onde consegui conquistar mais um cliente importante.  Ao longo da reunião, Annelise segurou o riso. Quando percebi, ela cochichou no meu ouvido, dizendo que a peruca do homem estava caindo. Nós, então, passamos a segurar o riso, coisa que se tornou impossível a partir do momento em que pusemos os pés para fora da sala de reuniões. 

Eu me sentia diferente com ela, de alguma forma. Sentia, na verdade, que ela me sustentava, como as raízes de uma árvore. Nenhuma mulher era capaz de fazer o mesmo. Nem A. Eu percebi que toda a empolgação característica quando estava com A. era baseada no que ela podia me dar, mas com Annelise eu não esperava nada e mesmo assim tinha tudo. Há dois dias, quando pensei que meu mundo havia sido completamente dizimado, busquei por seu apoio. Eu sei que ela não deve ter entendido, afinal, devo parecer tão confuso quanto as decisões que tomo, mas eu queria um jeito de demonstrar que sentia toda a verdade que emanava dela. Ela nunca mentiria para mim e isso me atraía de uma forma misteriosamente mágica. O sexo com A. era incrível, mas minha alma preferia outra coisa. Outro alguém.  

— Aceito — peguei o catchup de sua mão e o distribuí sobre o sanduíche de peito de peru. 

Criamos um hábito: comer juntos, sempre. Eu nunca passei tanto tempo junto de uma mulher. Não uma que fosse interessante, para começo de conversa. Annelise era simplesmente maravilhosa. Ontem, quando cheguei, ela estava esperando por mim na porta da minha sala. Ela descobriu, de alguma forma, o que tinha acontecido, e mesmo que no dia anterior eu a tenha agarrado sem nenhum motivo aparente e depois tê-la colocado para fora, ela ainda estava disposta a conversar comigo. E eu desabafei. Eu desabafei. Eu consegui tirar tudo o que internalizei por quase oito anos. Me sentia… livre. Eu devia isso a ela. Devia tudo isso a ela. 

— Vai estar livre mais tarde? — Perguntei, fixando meu olhar no seu. Annelise pareceu pensar, mas fez que não, tristemente. Isso me fez franzir a testa. Geralmente, ela sempre estava feliz e saltitante pelos cantos. — O que aconteceu? 

Eu dei uma mordida no sanduíche. 

— Nada… — seu tom de voz hesitante me deixou intrigado. Reparei que seu olhar estava vazio, sem a empolgação que tanto o fazia brilhar. Cobri sua mão com a minha. Ela levantou o olhar e puta merda… ela era linda. 

— Não precisa dizer, se não quiser, mas você sabe que me importo com você o bastante para saber o que te deixa tão triste. — Eu disse, seus lábios desenharam um sorriso. Acariciei sua mão com o polegar. — Você me ajuda, Annelise, e eu sei que pareço meio inconsequente às vezes, mas… — seus olhos procuraram os meus. Eles eram tão… verdes. Se assemelhavam com os A. — eu só quero que saiba que também estou aqui para quando precisar. 

Ela assentiu lentamente, comprimiu os lábios e respirou fundo. Seja lá o que fosse, a incomodava bastante. Eu podia sentir seus músculos tensos e a constante inquietação. Annelise, então, desabou: 

— Eu… — lágrimas brotaram em seus olhos, ela cobriu o rosto e eu a encarei. — Eu não sei o que fazer. — Levantei, andei para perto e coloquei a mão em seu ombro, observando-a. — Eu não sei o que fazer. — Ela parecia confusa, mas ao mesmo tempo, certa. O tom de sua voz era tão sofrido e afogado que me perguntava o porquê sentia tal coisa. 

— Anne — eu disse, abaixando-me. Fiquei de joelhos, uma cena que costumeiramente era rara de acontecer. — Ei. — Tentei chamar sua atenção, captar sua dor, mas acontece que o que machucava seu coração era muito mais pungente. Então, eu a puxei para mim, completamente destruída e envolvi meus braços em seu corpo. Seu cheiro bom invadiu meus pulmões, ao passo que minha alma embriagou-se com suas lágrimas. Aquele sentimento de proteção, que você se esquece que tem de vez em quando, guardado em algum lugar do seu peito, transpareceu meu coração, aflorando em mim. — Annelise — ela chorava em meus braços, e eu me sentia incapaz de frear toda a sua tristeza. — Me conta. — Pedi. Ela franziu o cenho, talvez amedrontada e me encarou. 

Nesse instante eu queria ser outra pessoa. Talvez algum estranho que simplesmente ajuda outros estranhos. Ela precisava de mim, então estava certo de que queria ajudá-la, mas eu não sabia o motivo. Por que diabos estava me permitindo me aproximar tanto? 

— A minha irmã — ela disse, em meio a soluços e fungadas de nariz. — O marido dela me ameaçou. — À princípio, pareceu confuso, mas bastou continuar para que eu entendesse melhor: — ele disse que eu atrapalho a vida deles e… ele está certo. De um jeito ou de outro eu sempre destruo tudo. — Eu sei que não era a mesma coisa, mas me vi refletido nela, em sua dor. Eu a abracei com firmeza, tão forte, que senti o calor de seu corpo no meu, um contato singelo, mas que, por algum motivo, fez disparar o meu coração. 

— Você não destrói — eu disse, minha voz firme e forte. — Melhora. Você melhora tudo, Annelise. Se você fosse uma super heroína, seria a Super Sorriso. — Eu ri, o que pareceu tirar um sorriso dela também. 

— Você é  péssimo com escolhas de nomes. — Ela disse, um sorriso invadindo seu rosto. 

— Se isso fazê-la mais feliz — eu sussurrei. Ela sustentou seu olhar no meu. — Então vale a pena. — Foi a minha vez de sorrir. 

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