Eu poderia dizer que estava em um quarto sem janelas e portas, completamente trancado, sem nenhuma chance de fuga, e bom, seria praticamente isso. Algo se acendeu em minha mente e por mais que eu lutasse contra, era impossível negar. Annelise, minha atrapalhada e sorridente secretária era, de fato, alguém que me fazia olhar além dos prazeres da vida e mesmo que os prazeres sejam a melhor parte, se torna cansativo de vez em quando.
— Mais catchup? — Ela me ofereceu, segurando o catchup com um sorrisinho.
Nós tínhamos acabado de ter uma reunião, onde consegui conquistar mais um cliente importante. Ao longo da reunião, Annelise segurou o riso. Quando percebi, ela cochichou no meu ouvido, dizendo que a peruca do homem estava caindo. Nós, então, passamos a segurar o riso, coisa que se tornou impossível a partir do momento em que pusemos os pés para fora da sala de reuniões.
Eu me sentia diferente com ela, de alguma forma. Sentia, na verdade, que ela me sustentava, como as raízes de uma árvore. Nenhuma mulher era capaz de fazer o mesmo. Nem A. Eu percebi que toda a empolgação característica quando estava com A. era baseada no que ela podia me dar, mas com Annelise eu não esperava nada e mesmo assim tinha tudo. Há dois dias, quando pensei que meu mundo havia sido completamente dizimado, busquei por seu apoio. Eu sei que ela não deve ter entendido, afinal, devo parecer tão confuso quanto as decisões que tomo, mas eu queria um jeito de demonstrar que sentia toda a verdade que emanava dela. Ela nunca mentiria para mim e isso me atraía de uma forma misteriosamente mágica. O sexo com A. era incrível, mas minha alma preferia outra coisa. Outro alguém.
— Aceito — peguei o catchup de sua mão e o distribuí sobre o sanduíche de peito de peru.
Criamos um hábito: comer juntos, sempre. Eu nunca passei tanto tempo junto de uma mulher. Não uma que fosse interessante, para começo de conversa. Annelise era simplesmente maravilhosa. Ontem, quando cheguei, ela estava esperando por mim na porta da minha sala. Ela descobriu, de alguma forma, o que tinha acontecido, e mesmo que no dia anterior eu a tenha agarrado sem nenhum motivo aparente e depois tê-la colocado para fora, ela ainda estava disposta a conversar comigo. E eu desabafei. Eu desabafei. Eu consegui tirar tudo o que internalizei por quase oito anos. Me sentia… livre. Eu devia isso a ela. Devia tudo isso a ela.
— Vai estar livre mais tarde? — Perguntei, fixando meu olhar no seu. Annelise pareceu pensar, mas fez que não, tristemente. Isso me fez franzir a testa. Geralmente, ela sempre estava feliz e saltitante pelos cantos. — O que aconteceu?
Eu dei uma mordida no sanduíche.
— Nada… — seu tom de voz hesitante me deixou intrigado. Reparei que seu olhar estava vazio, sem a empolgação que tanto o fazia brilhar. Cobri sua mão com a minha. Ela levantou o olhar e puta merda… ela era linda.
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