Meu CEO Mandão romance Capítulo 35

Eu sabia que estava errado, ou talvez preferisse que sim. 

Mais cedo, eu flagrei Annelise conversando com Susan logo depois de eu abraçá-la em meu escritório e consolá-la. Eu não queria acreditar que estava mentindo, mas agora eu já não tenho certeza se não. 

O sr. Sheppard me pediu para ir até sua sala, como o habitual, afinal, estávamos tratando sobre a possível fusão entre a Global Media e a Shaffer & Sheppard. Logo depois, pedi para que Annelise cuidasse de alguns assuntos que havia deixado amontoar nos últimos dias, e como sempre, ela esqueceu de alguma coisa, o que me deixou furioso e então, quando saí da sala justamente para reclamar, notei a conversa escapar pelo telefone interno, percebi que Susan estava conversando com Annelise sobre como ela poderia continuar me enganando. Acontece que a Vossa Inteligência Descomunal deixou a ligação aberta, possibilitando a mim  escutar cada palavra. 

Eu não sentia raiva. 

Não sentia vergonha. 

Não sentia nojo. 

Não sentia nada. 

Eu fiquei atônito, chocado, abismado… o meu chão caiu. 

Eu estava com metade do corpo para fora da sala, mas mais depressa voltei para dentro e me tranquei. A ligação caiu naquele instante. Annelise costumava fazer isso, geralmente por descuido ou só por não saber como funciona corretamente, por mais que outros funcionários tenham lhe ensinado. Ela preferia sair de sua mesa e me avisar pessoalmente. 

Eu choquei as costas contra a parede, mas não conseguia sentir nada. Nada. Nada! Por que eu não tinha raiva dela? Eu queria ter raiva! Eu queria arrastá-la para fora da empresa e fazê-la pagar por tudo, eu juro que queria, mas meu corpo não me obedecia. Me senti tão fraco e burro, tão idiota… ela me enganou. Me enganou. 

Eu não entendia por que meu coração estava tão apertado e minha mente me obrigava a ficar contra aquela parede idiota. Talvez fosse o choque da surpresa, ou simplesmente o fato de que eu não conseguia odiá-la instantaneamente. Até uma hora atrás eu a tinha em meus braços, chorando. Eu havia dito que me importava com ela, quando, na verdade, ela me olhou descaradamente e não se importou o bastante comigo para assumir a verdade. Eu odiava isso. 

Sempre prezei pela verdade, porque minha própria vida foi baseada num mar de mentiras. Cada célula do meu corpo odiava Annelise por mentir para mim, por me fazer acreditar que ela realmente se importava comigo, por eu me enxergar nela, por eu… gostar dela. Naquele instante, eu entendi, não era por gostar dela que meu coração havia se partido, mas sim por ter mentido para mim. Ela me olhou nos olhos e teve a audácia de mentir para mim. 

Eu decidi entrar em seu jogo. 

Iria pagar na mesma moeda. 

Cada parte do meu corpo se preparou. Eu passei o dia todo forçando sorrisos, o que aprendi durante toda a minha vida e todas as vezes que eventualmente cruzava com ela, a lembrava do nosso compromisso para mais tarde. Eu a chamei para sair, já tinha comprado ingressos e tinha preparado uma noite especial, mas por algum motivo, todas as vezes que olhava em seus olhos não via aquela mulher sensual e misteriosa que tirava o meu fôlego na cama. Ela só  era a Annelise de sempre. Eu me odiei por pensar que ela tinha uma boa razão para ter feito tal coisa e a verdade é que, conforme o dia passava, eu digeria cada informação que acabara de saber. 

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