Tudo parecia um pouco mais leve depois que saí da casa de Chase. Eu sabia que não tinha dito aquilo para mim, mesmo asssim, guardei aquelas palavras no fundo do meu peito. O que "te adoro" deveria significar em babaquês?
No dia seguinte, o encontrei carregando algumas caixas, o que me fez pensar que fora demitido. Meu coração praticamente esfarelou, mas Chase logo explicou que, na verdade, estava trocando de sala. Ele iria para uma mais ampla, visto que, agora, teria mais reconhecimento. Desde que o sr. Shaffer morreu, sempre houve uma sala vazia que ninguém nunca ousou entrar, nem mesmo o sr. Sheppard.
— Me ajude a carregar as caixas — pediu. Eu fiz que sim, corri para a sua sala e peguei algumas caixas. Voltei e o segui, apressando os passos para lhe acompanhar. — Você deveria arrumar suas coisas também. — Ele disse, abrindo um sorriso malicioso. — O espaço não é muito grande, mas — ele me avaliou, depois ergueu uma sobrancelha. — Você também não é.
Quando chegamos à sua sala, ele me apresentou a minha sala.
Quase caí de costas quando abriu a porta de uma salinha que costumavam usar como depósito, pelo visto.
— Assim não vou precisar gritar para chamá-la — ele piscou, o sorriso convencido no rosto.
A semana estava apenas começando.
Na terça, Chase passou o dia quase todo fora, embora alguém ligasse a cada cinco segundos. O telefone tocava tanto, que pensei em jogá-lo no lixo. Às três da tarde, quando ele finalmente deu o ar da graça — depois de me prender no trabalho o dia todo, preenchendo documentos, procurando outros no arquivo, respondendo emails — eu estava detonada. Chase me convidou para um breve intervalo. Fomos a um café perto da empresa.
— Por que desapareceu o dia todo? — Perguntei. Ele me olhou e deu de ombros, como se não fosse da minha conta. — Eu não vou fazer o seu trabalho.
— Eu sou seu chefe, mal agradecida. — Eu devo ter revirado os olhos, porque Chase soltou ar pelo nariz, o que me pareceu um sorrisinho, depois, mordeu o lábio inferior. O garçom chegou e entregou nossos pedidos. Chase pegou minha xícara de café. — Estava sentindo saudade desse café. — Ele olhou para o garçom, depois para mim, que o encarava, irritada.
Peguei o café preto sem açúcar que pediu e ele bateu em minha mão.
— Peça outro. — Desafiou-me Chase. Eu ergui uma sobrancelha. Ele estava sendo mais babaca que o normal. — Ou não beba nenhum.
— Chase… — deixei escapar pelos dentes. Minha voz pareceu esganiçada e baixa. Ele se inclinou na minha direção e trouxe a xícara de café. Aspirei o cheiro do café com canela. Por um segundo, quando voltei a encará-lo, notei que me observava com curiosidade.
— Deveria deixar seu cabelo solto mais vezes. — Disse ele, apontando para o meu cabelo. — Fica bonito.
Aquele comentário fez minha calcinha ficar mais úmida.
— Obrigada.
Era quarta-feira e faria uma semana que não via Abby. Eu sabia que Mike iria ficar no trabalho até mais tarde e, furtivamente, visitei a minha irmã. Ela perguntou por que eu tinha sumido, mas só consegui dizer que tinha muito trabalho. Ela pareceu acreditar, mas então disse:
— Não tem algo a ver com o Mike? Eu vi vocês conversando da última vez que foi para o Pet's Cute Shop. — Ela me lançou um olhar calmo. Eu congelei diante de si, completamente estarrecida. — Ele parecia bravo.
— Eu só o irritei. Só foi isso. — Menti.
— Você irrita todo mundo. — Observou ela, colocando uma mão sobre a minha coxa. — Não significa que todos ficam furiosos.
Quanto Abby havia visto da nossa conversa?
Com uma desculpa meia boca, fui embora. Se eu continuasse ali mais um segundo, com certeza Mike descobriria e tudo em minha volta seria destruído.
Na quinta, visitei minha tia. Como o prometido, Chase tinha colocado dez mil dólares na conta em que lhe disse. Até agora, ele não desconfiava de nada. Nos víamos quase todas as noites, e eu estava começando a pensar que ele estava se apegando à A. Por alguma razão, um sentimento de posse me tomava quando pensava que ele gostava de outra pessoa — mesmo que aquele outro alguém fosse eu.
Na quinta à noite, o Sr. Bolas Azuis não chamou A. Eu fiquei esperando, mas me surpreendi quando Chase, o chefe de Annelise — eu — convidou Annelise — euzinha — para um jantar. As coisas no trabalho andavam como sempre — caóticas e descontroladas —, e eu não fazia ideia de que logo ele iria me chamar para sair.
Troquei de roupa rapidamente e chamei um táxi. Ele me levou até um restaurante chique que nem sabia que existia em Manhattan. Eu fiquei meio deslocada, mas quando me deparei com Chase, o sorriso brilhando em seu rosto, me empertiguei e alisei a saia do vestido preto brilhante. Tinha deixado o cabelo solto, como observara outro dia.
— Está realmente graciosa — ele levantou, andou até mim e me acompanhou até a mesa. Puxou uma cadeira, apontou para que eu sentasse e a enpurrou de volta. — Quero conversar com você.
Aquela sensação de frio na barriga fizera meu estômago revirar centenas de vezes enquanto o encarava. Chase usava um terno elegante e caro, como de costume. Ele ficava tão lindo…
— Você iria comigo? — Perguntou de repente, então percebi que não estava prestando atenção a nada que dizia, mas sim em sua cara. Balancei a cabeça.
— Não entendi.
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