Meu CEO Mandão romance Capítulo 44

Eu devia estar louco. 

Eu a beijei! 

Eu a beijei! 

Eu senti os lábios de Annelise nos meus e Deus… era como se eu pudesse tocar a minha melhor parte. Por um momento, tudo o que acontecera desapareceu, mas depois, quando vi seus olhos, a expressão confusa e o corpo pesando ao meu redor, percebi que tinha feito algo irreparável. O que ela pensou? Ela não sabe que eu sei sobre A., então provavelmente deve estar muito confusa. Até ontem eu não passava do cara que gostava dela — como amiga — e, de uma hora para outra, lhe rouba um beijo e sai correndo da sala. 

Ela deve achar que sou louco. 

Me inclinei na direção da pia do banheiro e afoguei as mãos na água corrente da torneira, lavei o rosto e encarei meu reflexo no espelho. O nariz estava sangrando de novo. Ainda doía, como se tivesse levado um soco. Por algum motivo, meus olhos mergulharam em lágrimas. 

Eu estava confuso. Muito confuso. 

Deixei com que meu coração se abrisse demais, e agora eu sentia como se uma parte de mim inevitavelmente pertencesse a Annelise. Eu não devia nada a ela, mesmo assim, ela me possuía de uma forma que eu não entendia. Era como uma corda invisível que me ligava a ela. Estávamos conectados, e sentia como se fosse morrer se ficasse mais um segundo longe. 

Ela estava confusa. 

Eu estava confuso. 

Não era para ser assim. 

Eu não devia… 

Eu não devia… 

— Você não é o suficiente para ela, Chase. — Sussurrei baixinho. 

Eu não sabia mais se o que me magoava era o fato de Annelise ter me enganado, ou o de eu não poder deixar me levar pelo que sentia. 

Não depois de tudo. 

Não. 

Você não pode, Chase. 

Annelise merece mais. 

Muito mais. 

Às vezes seu passado lhe tira o futuro, e agora eu entendia, eu não odiava Annelise, eu me odiava por não poder tê-la. 

***

Era uma decisão a ser tomada, uma decisão importante, aliás. Eu iria me comprometer a ficar longe de Annelise o máximo que conseguisse. Não seria tão difícil. Comecei a me afastar quando me chamou para um café. Eu disse que estava ocupado demais e não poderia aceitar seu convite. Depois, ela tentou conversar comigo, mas fingi não estar interessado — mas estava, estava muito — e ela se trancou em sua salinha. No final do expediente, corri para pegar o elevador. Annelise pediu para que eu segurasse um pouco. Eu gentilmente fiz o que pediu. 

Quando entrou, dei um passo para trás, percebendo que me olhava do canto do olho. Aquele elevador parecia levar uma vida para chegar no destino certo. Eu apertei os botões, me inclinando para a frente e Annelise balançou a cabeça. 

— Não — disse. — Isso não funciona. — Me esforcei para não olhar em seus olhos. Foi inevitável. Meus olhos explodiram nos seus. Annelise sorriu gentilmente e continuou: — vai ter que esperar, mesmo que isso signifique o fim do mundo para você. 

— O que disse? — Perguntei. Ela me encarou. Seus olhos pareciam afiados quando penetraram os meus. 

— Presunçoso. — Ela respondeu. — Chamei você de presunçoso. 

— E por que me chamaria disso? Não lembro de tê-la ofendido. — Olhei para o outro lado, enfiei as mãos nos bolsos e respirei fundo, afastando as memórias de mais cedo. — Você é mal educada, sabia? 

Ela deu de ombros e virou-se para mim, estreitando os olhos e apontando o dedo na minha cara. 

— Você me beijou e fingiu que eu não existia o dia todo! — Lembrou ela. Eu encarei seus olhos. Sua expressão irritada era convincente o suficiente para que meu corpo não reagisse. Ela estava certa. Eu fui um babaca o dia todo com ela. 

Para garantir que não cruzaria com Annelise, pedi para que fizesse inúmeras coisas. Ela fez tudo. Fez cada coisa que pedi que fizesse sem dizer uma única palavra. 

— Eu… — as palavras sumiram da minha boca. Eu conseguia apenas encará-la, sua braveza atravessava meu corpo por inteiro. — Gosto de você. — Disse. 

Era como se eu tivesse voltado para o ensino médio. Eu parecia a porra de um garotinho confessando pela primeira vez que gostava de uma garota. Meu coração batia agitado no peito, como se quisesse pular para fora. Eu não tinha certeza, mas meu corpo parecia gelado, duro, enrijecido. Eu não conseguia me mexer diante dela. Os olhos de Annelise me observavam, como se não pudesse entender. 

— Eu gosto de você, Annelise. Muito. — Consegui dizer, as palavras ácidas escaparam de minha garganta, deixando um rastro por minha língua. Era estranho. Faz anos desde a última vez que saíram da minha boca, mas agora pareciam tão fáceis de serem ditas. — E… eu… beijei você porque… pensei que também gostasse de mim. — Ela entreabriu a boca para experimentar minhas palavras, mas voltou a fechá-la e desviou o olhar. Ela virou-se e levei a mão até seu ombro. Segurei-o com firmeza. 

— Não, Chase. — Ela disse. — Você não gosta de mim. — Franzi a testa e a puxei para perto, obrigando-a a encontrar meus olhos. Sua respiração pesada chocou-se contra a minha. Ela calou-se diante da intensidade do meu olhar. 

— Eu sei quem realmente você é, Annelise. — Eu sussurrei. Ela me encarou atentamente, aprofundando os olhos nos meus. — Eu sei que você tem motivos o suficiente para me odiar, mas — senti seu corpo colado ao meu, tão quente e sufocante que me matava aos poucos. Eu levei a mão até seu rosto e o segurei. — Também sei que não consegue resistir a isso. Nós temos alguma coisa. Forte. Fervente. Apaixonante. — Meus lábios caminhavam na direção dos seus, cada segundo longe parecia uma eternidade, e sentia que iria morrer se não tocasse seus lábios. 

Tudo naquele instante perdeu sentido. 

Não existia mais segredos, não existia mais passado. Nada me impediria de ceder, enfim. 

Eu a coloquei contra a parede, me aproximando cada vez mais, as batidas do meu coração aceleraram, descontroladas, todo o meu corpo parecia estar a um palmo longe do chão, eu me senti flutuando, até que a porta do elevador abriu e ela virou a cara. 

P. O. R. R. A. 

Annelise desvencilhou-se de mim e pigarreou. Ela afastou-se e saiu do elevador. Eu me odiei por não ter corrido atrás dela. Ao invés disso, fechei os olhos e respirei fundo. Tudo poderia mudar se eu tivesse a beijado. Tudo poderia ser bem diferente. 

Talvez eu quisesse, internamente, que isso realmente acontecesse, porque eu poderia me livrar daquela parte que sempre odiava em mim. Talvez eu quisesse que Annelise me curasse, porque só ela sabia fazer isso. Eu precisava de Annelise. Eu estava… apaixonado, admito. Eu me apaixonei por ela, me apaixonei como nunca deixei que acontecesse. 

Meu coração era dela, eu sabia. 

Todo o meu corpo vivia por sua causa. 

Eu não deixaria que nada mais nos atrapalhasse. 

Saí do prédio e entrei no carro. Dirigi até o apartamento de Annelise, frenético. Durante todo o trajeto, me perguntava qual seria sua reação. Por um instante enquanto estávamos no elevador, notei que ela parecia confusa. Seu segredo a distanciava de mim, mas estava disposto a provar que não importava, porque não fazia sentido deixar tal coisa entre a gente. Eu nunca conseguiria odiá-la. 

Nunca. 

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