Meu CEO Mandão romance Capítulo 49

Eu via o modo como ela me olhava, sentia o desejo estourando por trás de sua pele. Sentia seu pulso sob meu polegar, pulsando por mim. Eu sentia tudo o que Annelise se esforçava para esconder. Eu percebi, então, que eu não era a única coisa que nos impedia; meu passado era um manto escuro que cobria meus olhos, mas não era a única coisa que me deixava cego. Annelise sentia uma estranha necessidade de desconfiar de todos. Eu não a julgava por isso, aprendi a desconfiar de todo mundo da mesma forma, mas era de um modo diferente. Eu precisava desse escudo para continuar vivo, e ela, por sua vez, precisava dele para se proteger. 

Nós não éramos muito diferentes. E isso me fascinava de uma forma quase extraordinária. Eu me via nela, refletido em seus medos, desejos e necessidades; me via consertando o que estava quebrado e remendado sua alma para se moldar à minha. Eu me via nela e, por mais que negasse, ela também se via em mim, por isso tinha tanto medo. 

Ela não tinha receio do que poderia acontecer conosco, tinha receio do que poderia fazer. 

Eu a entendia. Essa necessidade patológica de querer a perfeição me delimitou por toda a minha vida, mas há um momento, aquele que você não sabe para que caminho ir, que deve abrir mão e se deixar levar. Eu fiz muitas coisas erradas, mas essa decisão, a que me deparava nesse instante, mudaria o rumo da minha vida. Se eu me entregasse à Annelise, eu poderia enfim me libertar de tudo o que sempre me prendeu, eu poderia escolher o caminho da direita sem me preocupar se esse caminho me levaria à um castelo ou uma casa mal assombrada; eu poderia amar — um sentimento que há muito havia perdido a esperança de reencontrar. Brenda me marcou profundamente, fez um buraco no meu peito que nem sabia que era possível. Ela me fez ficar podre, mas Annelise, por outro lado, despertou sensações e prazeres que eu não fazia ideia que era capaz de sentir. Eu me perguntava se me apaixonei pela forma que me fazia ficar vivo, ou pelo que me causava. Se eu a perdesse, o que seria de mim? Eu morreria mais uma vez? 

— Chase — ela disse. Meus olhos fitaram seus lábios. Eu percorri seu rosto com os dedos, toquei o lábio inferior com o polegar e percebi seu corpo um pouco mais relaxado. Eu sorri. — Por favor, Chase… para. — Suas palavras foram como um soco no estômago. Eu a obedeci. 

Annelise levantou, deixou a bolsa no meu lado e levou a caixa de volta para o banheiro. Eu me encolhi no sofá, frustrado diante do ardor que fervia meu sangue. Sentia minha garganta fechar. Essa mulher ia acabar me matando. Annelise voltou. 

— É melhor ir embora. Já conversamos o suficiente por hoje. Amanhã vou pegar minhas coisas e sair da empresa. — Avisou. Eu fiz que não com a cabeça. 

— Eu não vou deixar você ir embora. Não quando eu sei que está tentando fugir se mim. E pode ter certeza: farei de tudo para que não consiga levar o plano à diante. — Garanti. Ela esvaziou os pulmões e eu levantei. Aproximei-me e cravei meus olhos nos seus. — Você tem medo do que lhe causo, mas a verdade é que não devia, porque causa algo bem pior em mim. — Toquei sua mão e a levei até meu peito, por debaixo da camisa branca entreaberta. A pele macia de Annelise roçou a minha e meu pau pulou dentro da cueca. Porra. — Eu não vou desistir de você, Annelise. Nem que isso me mate.

Inclinei-me em sua direção e ela sussurrou: 

— Eu menti para você. — Por um instante, tinha esquecido de tudo, até mesmo disso. Franzi a testa e a encarei, segurando sua nuca com suavidade. — Eu o enganei desde o dia  em que nos conhecemos. — A fitei com curiosidade. — Eu sou… 

Uma mulher abriu a porta, carregando algumas sacolas. O gato, que estava no sofá, correu na direção dela. Lembrei, enfim, que era a irmã de Annelise, Abby. 

— Oi — ela disse, abrindo um sorriso. — Estou atrapalhando os dois? 

Sim, pensei. 

— Não. — Respondeu Annelise. Eu a encarei com impaciência. Ela esfregou as mãos na saia e notei uma lágrima em seus olhos. — O sr. Ward já ia embora. 

Ela me contar, era um sinal de que estava começando a acreditar no que eu sentia… até que a irmã dela chegou. Amarrei minha cara mais feia e olhou para Abby, a estraga prazeres. Ela sorriu, segurando Chase. 

Traidor. 

— Eu ia? — Perguntei. — Pensei que ia me convidar… — eu disse. Annelise arregalou os olhos e me olhou como se tivesse pedindo para fazer um strip tease. Eu sorri, enfiei as mãos nos bolsos e completei: — Você disse que se sentia sozinha e me convidou para o jantar, não lembra? — Menti. Ela estreitou os olhos. 

— Oba! — Abby disse, empolgada. — Eu vou fazer lasanha. — ela colocou algumas sacolas sobre o balcão e eu passei por Annelise. Ela parecia abatida, mas forçou um sorriso. Pousei a mão em suas costas e a acompanhei até a banqueta. 

— A lasanha da Abby é maravilhosa. — Ela disse. Eu assenti. Annelise sentou-se e eu sentei do seu lado, pondo uma mão sobre sua coxa. 

Talvez eu precisasse ser mais enfático. 

— Eu adoro lasanha. — Comentei. Abby olhou para mim, interessada. — Minha avó fazia todos os domingos. Ela era descendente de italiano. Daí meu nome. 

— Seu nome? — Annalise olhou para mim, repentinamente curiosa. — O que tem ele? 

— Chase L. Ward Fontana. — Disse. Ela me olhou como se eu fosse um Et. — Meu pai escolheu Chase, minha avó escolheu o nome do meio, Lorenzo, e eu peguei o Ward da minha mãe. — Expliquei. Abby assentiu. Annelise fez o mesmo e eu a observei. — Ela me ensinou a abrir massa e deixá-la bem molhada. — Inclinei-me na direção de Annelise, abrindo um sorriso malicioso. — E então, eu poderia enfiar o dedo e fazer maravilhas. — Ela tinha entendido, e ficou vermelha. 

— Era muito apegado à ela? — Perguntou Abby. 

— Sim. Muito. Ela me ajudou a superar muitas coisas. Inclusive a morte da minha mãe. — Respondi. Annelise cobriu minha mão, um pouco corada. 

— Sinto muito… eu não sabia. 

— Sem problema. Eu posso ajudar? — Abby assentiu veementemente e eu levantei. Ela me entregou um avental pendurado do lado do armário e eu o amarrei ao redor da minha cintura e pescoço. — Obrigado. 

Durante toda a preparação, Annelise me encarou, absorta em seus pensamentos. Eu queria poder ler mentes, porque assim poderia saber o que estava pensando. Nós tivemos um bom jantar. A lasanha ficou deliciosa, e depois de Abby ir embora, ajudei Annelise a lavar a louça. 

— O que ia me falar? — Perguntei. — Antes da sua irmã aparecer? 

— Nada muito importante. — Desconversou ela. 

E lá se vai a conquista… 

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