Ela parecia assustada, como se tivesse acabado de ser descoberta. Eu sorri. Sua expressão era impagável: olhos arregalados, boca aberta. Aproximei-me dela, que me encarava como se não entendesse muito bem o que estava acontecendo. Ela entrou, engoliu em seco e eu me aproximei um pouco mais, tão perto, que podia tocá-la, mas simplesmente tirei sua máscara.
O rosto de Annelise continuava a me oferecer a mesma expressão de perplexidade.
— Não achou que eu fosse tão idiota a ponto de nunca descobrir, não é mesmo? — Perguntei. Ela continuou parada, me encarando. — Eu admito… você me surpreendeu bastante ao fazer isso. Quando eu descobri, demorei para acreditar. Na verdade, eu não queria acreditar em nada.
— Há quanto tempo sabia? — Perguntou, a voz baixa e embargada. — Estava jogando comigo? Brincando comigo?
— Seria irônico, não? — Eu virei-me e olhei para ela por cima do ombro. — Entre. — Annelise fez o que eu pedi. Ela entrou, a perplexidade dando lugar a uma expressão impassível. — Parece pensativa.
— Eu não queria — ela disse, depois piscou e se aproximou de mim. — Eu não queria enganá-lo. — Meus olhos correram por todo o corpo de Annelise. Ela vestia um vestido longo, vermelho, as costas nuas e uma fenda na perna. Eu olhei a máscara em minha mão.
— Eu senti ódio — eu disse. — Foi a primeira coisa que veio à minha cabeça quando descobri que estava me usando para conseguir dinheiro. Eu queria que você pagasse caro por tudo o que me fez sentir. Eu juro que eu queria acabar com você. — Ela deu um passo para trás. Eu peguei seu braço antes que pudesse fugir de mim. Seus olhos ardiam de medo. — Mas não é isso o que eu sinto agora.
— E o que sente? — Perguntou.
— Eu sinto raiva por não ter descoberto antes, mas também sinto frustração, porque poderia aproveitar muito mais. — Aproximei-me até poder tocar seu rosto. Levei a mão até sua face e desenhei uma linha em sua bochecha. — Eu não estou mentindo, Annelise. Não estou a enganado quando digo que sinto paixão, tesão. — Segurei seu queixo. O rosto de Annelise alinhou-se ao meu. Meus olhos exploraram os seus, mergulhando profundamente. — A cada segundo que passo longe de você, sinto que uma parte de mim morre. A cada vez que estou perto de você e não posso tocá-la… eu preciso senti-la mais uma vez, Annelise. Eu preciso de você. — Ela piscou, e os olhos se afogaram em lágrimas. Ela me encarou, a tristeza invadia su expressão, fazendo com que meu peito fosse esmagado. — Está chorando? — uma lágrima solitária escorreu pelo rosto.
— Você é desprezível. — Ela sussurrou. — Um covarde! — Seus lábios distenderam num sorriso ao contrário, o queixo enrugou e ela tentou tirar a mão da minha, mas a segurei com mais força. — Acha mesmo que vou transar com você depois de ter me enganado por esse tempo todo? Você não está apaixonado por mim, Chase. Está apaixonado pelo que eu causo em você. — As palavras soaram dolorosas. Eu a observei, completamente estarrecido diante de sua comoção. — Eu não sou seu brinquedinho. Ao menos não mais. — Ela passou os olhos por meu corpo, como se sentisse nojo.
Meu peito se encheu de um sentimento ruim, algo que me corroía como ácido, ardendo cada centímetro do meu coração. Era tão desconcertante, que eu sentia o ardor por trás dos olhos. Eu queria chorar. Queria chorar! Minha respiração se tornou descontrolada.
— Você está dizendo que eu a enganei? Você aceitou trepar comigo como uma vadia por dinheiro. — Eu apertei seu punho, que segurava com tanta força, que podia sentir sua pulsação acelerando. — Você enganou e eu a perdoei por isso.
— Eu lhe dei o que queria e você me deu o que eu queria. Nada mais, nada menos. Não deve cobrar a mim algo que não se dá ao direito de ter. O que eu sinto por você é real, Chase. Eu juro que é… mas olha para você. Você é um babaca metido que acha que o amor é algo que deve ser dado. Está certo. Eu o enganei, mas nunca mentiria sobre o que sinto.
Eu me senti tão vazio, o ódio subia em ondas eletrizantes por minhas veias. Eu não conseguia acreditar que ela estava me rejeitando. Não conseguia imaginar o motivo e por que estava dizendo tantas coisas que não me diziam nada.
— Eu estou apaixonado por você. — Garanti, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Por que não consegue aceitar isso? Eu estou apaixonado. Nada mais. Eu a quero para mim. Só para mim.
— Eu não sou um objeto que deve ser comprado com o seu dinheiro. — Ela disse, a voz fraca e anasalada.
— Você me pertence. — Insisti. Ela balançou a cabeça, pousou as mãos sobre as minhas e tentou as tirar dali. — Annelise… por favor… — meus olhos ardiam, eu estava lutando contra as lágrimas. Senti meu corpo pesado, milhares de facas atravessam-no. Franzindo a testa, pedi: — por favor Annelise, não faça isso.
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