Meu CEO Mandão romance Capítulo 53

Eu decidi contar tudo a Abby. Eu precisava me livrar daquela coisa que apertava meu peito. Desde que saíra do hotel, não conseguia parar de chorar. Chase… Chase tentou me estuprar. Eu chamei um táxi, cobrindo os rasgos do vestido desajeitadamente. Quando o motorista parou, eu pude ver os olhos arregalados e confusos. Eu pedi para ele ir direto para o meu apartamento e liguei para Abby. Decidi contar tudo a ela. Enquanto chorava, ela tentava me acalmar, mas tudo parecia piorar. 

Abby chegou dez minutos depois, preocupada. Eu tomei um banho rápido, vesti uma blusa e uma calça moletom. Com uma careta de choro. Corri para seus braços. Abby não perguntou nada. Apenas esperou que eu dissesse. Nos encaminhamos para o meu quarto. Ela sentou e bateu nas coxas, pondo um travesseiro, indicando para eu me deitar ali. Eu o fiz. Abby passou as mãos por meus cabelos, deslizando com suavidade e carinho. 

— Anne, o que aconteceu? — Perguntou ela. Eu engoli o choro, limpei a garganta e olhei para ela, que parecia ainda mais preocupada. — Alguém fez alguma coisa com você? — Eu fiz que sim. Ela assentiu lentamente com a cabeça e franziu a testa. 

— O-o Chase — eu consegui dizer. Um nó se fez em minha garganta, parecendo me sufocar aos poucos. Tive a sensação de não poder respirar. Meu coração estava apertado e todo o meu corpo dolorido. — Ele… ele… — Abby me encorajou com um olhar caloroso, daqueles que aquecem sua alma. — Tentou me… — eu não conseguia dizer. Eu nunca pensei que ele pudesse ser capaz de algo tão nojento. Ele tentou me forçar a fazer sexo com ele, mesmo eu tendo implorado para que parasse. Era uma boa resposta para a pergunta que eu vinha me fazendo. Eu não pude suportar. Doía mais no peito do que fisicamente. Ele me olhou como um animal prestes a atacar, um selvagem. — Tentou me forçar. 

— O seu chefe? O Chase…? — Perguntou, atônita. — O que ele tentou fazer? Tentou forçá-la a fazer sexo? Anne… Annelise Hamilton, me explique imediatamente… — ela disse. 

— Ele disse que me amava — eu a interrompi. — Mas só queria me usar. 

Abby parecia muito mais confusa. 

— Ele me enganou, Abby. Fingiu não saber e me enganou. — Eu tentei explicar. Minha mente estava cheia de nós  enrolados um no outro. Eu não conseguia pensar direito. Apoiei-me nos braços e fiquei de sua altura, encarando sua expressão impassível. — Talvez eu tenha merecido… eu o provoquei e… — outra lágrima deslizou por meu rosto. Abby pegou minhas mãos e balançou a cabeça. 

— Não Anne, não. — Ela disse, a voz mansa e harmoniosa. — Você não merecia. Não diga isso. Nenhum homem tem o direito de usar uma mulher, por mais que ela permita ou que ele a ame. Se Chase disse que a amava, talvez tenha se equivocado, porque nunca iria forçá-la a fazer algo que não queria. E, você não mereceu, de jeito nenhum, está bem? — Ela disse, me puxando para um abraço. Enlacei sua cintura, enterrando o rosto em seu peito. 

— Eu aceitei fazer sexo com ele por dinheiro. — Disparei. Ela franziu o cenho, engoliu a saliva e eu continuei, fitando seu rosto compassivo. — Ameaçaram despejar Madeleine se eu não pagasse a dívida que fiz com a casa de repouso. Eu estávamos conversando com Chase por um chat anônimo, você sabe que eu adoro conversar com pessoas anonimamente, mas eu não sabia que era ele até perceber. Depois de um tempo — eu engoli em seco, sequei uma lágrima e levantei os olhos — ele me fez uma proposta: três semanas por uma quantia de dinheiro. Eu aceitei, porque não queria pedir nada e nem incomodar, mas então o Mike descobriu e… 

— O Mike sabia? — Eu fiz que sim. — E o que ele fez? 

— Me ameaçou. Ele tentou me separar de você e disse que iria contar tudo a Chase se eu não fizesse o que queria. — Ela arregalou os olhos, chocada. — Eu fiz por um tempo, mas não aguentei ficar longe e disse que se contasse, iria dizer que… 

— Não — ela interrompeu. Abby fechou os olhos, como se aquilo fosse muito pesado para aguentar. — Não precisa continuar a falar sobre o Mike… eu… eu sinto muito, Anne. — Ela apertou o abraço, afundou o queixo no meu ombro e senti suas lágrimas molhadas. — Você deveria ter me contado. 

— Eu sei — minha voz fraca e embargada — mas tive medo de que entendesse errado. — Ela rapidamente tirou o rosto do meu ombro, segurou meus braços e me encarou, como se eu fosse uma maluca. 

— Eu nunca faria isso, Anne. Você é minha irmã. Eu nunca iria julgá-la por isso, mas não quer dizer que eu concorde com o que fez. Você não conhecia o Chase. Podia ter acontecido algo… 

— Eu sei… eu não devia… mas me senti atraída por ele. Eu… eu me apaixonei, Abby. Eu me apaixonei por ele. — Eu confessei. Ela entreabriu os lábios como se fosse falar alguma coisa, mas os fechou e continuou a me olhar daquela forma, da forma quando alguém se importa com você. — Eu acreditei que ele sentia o mesmo. Eu achei que não sabia quem eu fosse, até que… até que ele descobriu sem que eu percebesse. 

— Como assim? 

— Eu mantive a minha identidade escondida para que ele não notasse, mas era tarde demais quando revelou que já sabia. Ele me contou que queria só me usar por vingança antes de se apaixonar, mas não acredito nele. — Funguei o nariz. Abby respirou fundo e assentiu. — Eu fui uma idiota por ter acreditado que… — as palavras morreram em minha boca. Abby acariciou meu braço num movimento delicado, segurando-me contra seu colo. — Obrigada. — Eu disse. — Eu não queria que isso tivesse acabado assim. 

— Anne — ela disse — Você vai me prometer que amanhã mesmo vai pedir demissão e nunca mais olhar para a cara daquele babaca. Deveria ter feito isso muito antes de ter se envolvido. — Ela ergueu meu queixo e procurou meus olhos. — Ele não faz ideia do que perdeu. Você é incrível e merece alguém melhor. Muito melhor. — Abby disse, passando os polegares por meu rosto. — Agora você vai limpar o rosto e dormir. 

Eu não conseguia acreditar que Chase fizera tal coisa comigo. Eu realmente acreditei que fosse dar tudo certo, mas a partir do momento em que revelou que já sabia, tive certeza de que tudo aquilo não passava de um jogo para ele. Meu coração estava despedaçado, como se ele tivesse o chutado para longe, com força, e pisado. Por mais que eu quisesse, não conseguia sentir raiva. Chase parecia tão abalado quanto eu. Talvez eu o tenha magoado, mas não queria sentir pena dele. Queria odiá-lo por ter me forçado. 

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu CEO Mandão