Meu CEO Mandão romance Capítulo 54

No dia seguinte, eu acordei cedo e me preparei para encará-lo. Eu queria ouvir o que ia dizer, talvez um pedido de desculpas? Corri por quase meia hora escutando uma playlist da Adele. Eu tive que ter muita força de vontade para não chorar. Depois, voltei para casa, tomei um banho quente e troquei de roupa. 

Quando cheguei na Shaffer & Sheppard, me surpreendi. Era como se nada tivesse acontecido. Eu me dirigi à sala de Chase, marchando em meu salto vermelho, com uma expressão de autoconfiança no rosto. Ele não me abalaria. Eu não deixaria. Nunca. Então, percebi que a porta do escritório estava entreaberta. Entrei, coloquei a cabeça para dentro da sala e o vi, folheando um documento. Tinha alguém com ele, mas quando levantou os olhos e me viu, disse: 

— Entre. — Mandou. 

Eu fiz o que pediu, mas tive que respirar fundo antes de ser atingida por uma nuvem de memórias. Eu a amaldiçoei, porque me acertou em cheio. Um homem estava sentado à frente da mesa. 

— Bom dia — ele disse. Ele levantou, um sorriso educado, e estendeu o braço. — Sou Graham Grayson. — Com cabelos castanho-claros e olhos azuis límpidos, ele era um belo homem. — Aquela é Chelsea — ele apontou para uma mulher, que mexia numa prateleira de livros. Ela pegou um, deixou cair alguma coisa e olhou na nossa direção. — Minha esposa. — Os olhos dele brilharam. Era como se a cada olhar fosse encantado. Chelsea se aproximou, um sorriso largo no rosto, e colocou as mãos para trás. 

— Oi — ela disse. Eu passei os olhos por seus cabelos vermelhos. — Sou a Chelsea. — Ela estendeu a mão. — Prazer em conhecê-la. 

— Sou Annelise — eu disse. Olhei para as duas mãos estendidas e Chelsea riu de um jeito que fez Chase erguer uma sobrancelha. Apertei a mão de Graham, depois de Chelsea. 

— Venha aqui, Annelise.  — Chase me chamou. Eu tentei não procurar seus olhos quando o fez, mas não resisti. Eu tinha que vê-los. Eu respirei fundo e me empertiguei. 

— Na verdade, vim me despedir. — Ele franziu a testa, levantou rapidamente e colocou um dos telefones que segurava na mesa. 

— Como? — Perguntou, exageradamente raivoso. — Você não pode se demitir. Não agora que o sr. Grayson vai oferecer uma fusão. — Ele me olhou com o que julguei ser fúria. Dei de ombros e passei pelo sr. Grayson, que cobriu a boca e tossiu. Chelsea fez cara de quem não estava entendendo e ergueu as sobrancelhas. — Não pode me deixar quando mais preciso. 

Talvez tivesse pensado direito antes de dizer: 

— Não me importo. 

Chelsea agora arregalou os olhos. 

O sr. Grayson pareceu respirar fundo. 

Aproximei-me da mesa de Chase, ele me pegou pelo braço e me levou para o canto da sala. Seu olhar frio encontrou o meu e juro que quis estapeá-lo. Eu prometi a mim mesma que não trocaria uma palavra com ele, mas Chase conseguia arrancar tudo de mim sem nenhum esforço. Eu o odiava. 

— Não pode achar que vou fazer alguma coisa para você depois do que fez. Você é um babaca ordinário, Chase. Um homem sem escrúpulos! — Eu disse. Ele encontrou meus olhos e pigarreou antes de dizer: 

— Perdão. — Eu o encarei como se tivesse me pedido para pular do prédio. — Eu errei. Não devia tê-la forçado. Eu sei que sou um monstro por pedir que aceite ficar no emprego mesmo tendo feito tal coisa, mas entenda que se não ficar, não encontrarei outra secretária em tão pouco tempo e perderei a chance de aceitar a oferta do sr. Grayson — sussurou ele. Eu o encarei, encarei. Ele não parecia o mesmo homem de antes. 

Era só Chase. 

O meu Chase. 

Mas ainda assim tinha algo diferente. Talvez fosse eu, os nós.  Agora éramos íntimos. Dividimos a mesma cama. As mesmas sensações. Antes, quando havia a separação de A. e Annelise, tudo se mantinha dividido também. Mas agora tudo parecia misturado, de modo que parecesse confuso. 

— Eu não posso — eu disse. — Não depois… de… — as palavras morreram na minha língua. 

— Por favor, Annelise. Por favor. Não vá. Eu… — ele passou os olhos por mim, me enxergava inteira, eu sabia. Sua mão em torno do meu braço pressionou cada vez menos. — Eu posso fazer o que quiser. Qualquer coisa. Me diga e eu faço. Mas não vá. Eu não posso deixar que isso aconteça.  

— Pensasse melhor antes de fazer aquilo. — Eu rosnei. — No fundo você não passa de um moleque desesperado. E eu estou cansada de brincar desse joguinho ridículo. 

Os olhos de Chase se incendiaram de algo que eu não soube descobrir. Ele olhou para o lado e encarou Graham e Chelsea, que começaram a discutir alguma coisa, sentados cada um na cadeira de visitantes. Chase voltou o olhar para mim. 

— Eu lhe pago o dobro pelo que conseguiria me enganar. — Disparou. 

— Você não tem jeito… — desvencilhei o braço de sua mão. — Pode ter certeza de que nunca irei enganá-lo de novo. Nunca mais. 

Ele ficou vermelho de raiva. 

— Não é como se eu tivesse a estuprado. Você me deixava fazer o que eu quisesse. Você gostava do que eu fazia. Adorava. — Disse ele. — Eu fui a vítima. Você me enganou esse tempo todo. Eu deveria odiá-la por isso, mas… — ele juntou os lábios e pegou meu pulso de novo. — Escuta… você não precisa ficar no mesmo lugar que eu, se isso ajudar. Não precisa cruzar o mesmo chão, se quiser. 

— Você é um cretino… — eu disse. 

— E você é teimosa. 

Eu o encarei, completamente perdida em mim mesma. Não sabia o que devia fazer, mas odiei sentir o coração acelerando. Eu quis empurrá-lo para longe e fazer um show, mas meu corpo retesou. Eu conseguia apenas olhar em seus olhos. Os olhos frios e exigentes de Chase. 

Eu engoli a saliva e entreabri os lábios. 

— Está bem — disse, vencida. 

Ele estava certo. Eu tinha o enganado por muito tempo, e por mais que parecesse não se importar, ele pareceu destruído ontem. 

Chase voltou a atenção para Graham e Chelsea e se afastou. Eu respirei fundo, me encaminhei para a minha salinha e Chase disse, antes de eu entrar: 

— Deixei suas coisas na sua antiga mesa. Irei voltar para lá depois de você, srta. Hamilton. 

Eu assenti. 

Eu odiei sentir um calor subir pelo corpo. 

Odiei perceber que não conseguia odiar Chase. 

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