Meu CEO Mandão romance Capítulo 55

O dia havia sido longo. Logo depois de Chase voltar para a sua antiga sala e se trancar no escritório, eu fui ao banheiro e tive que respirar fundo e gritar sem deixar sair nenhum som — algo muito habilidoso e ridículo. Depois, voltei para a minha mesa, que dava de frente com a sala dele, e espiava esporadicamente — mentira. Em espaços de tempo de cinco segundos —, tentando ver o que fazia. Recostei-me na cadeira e apoiei o queixo na mão. Chase saiu da sala meia hora depois. Ele me tratava como se eu não existisse. Nem ao menos olhava para a minha cara. Seguia reto, com uma postura impecável. Seria maldade desejar que ali tivesse uma casca de banana para qur ele se estabacasse no chão? 

Às duas da tarde, finalmente livre e morrendo de fome, comprei um sanduíche e corri para a casa de repouso. Madeleine devia estar sentindo minha falta. Pelo jeito, devo ter ficado um bom tempo sem aparecer por lá desde a última vez — há umas duas semanas. Será que ela lembra de algo? 

Durante o trajeto até a casa de repouso me mantive concentrada num pacote de biscoitos e na música que fluía dos fones de ouvido. Me esforcei para não pensar em Chase. Eu não queria que meu dia fosse estragado por ele. Mas foi inevitável. A cada passo que dava, lembrava dele. Eu sabia que não devia, mas era simplesmente impossível. 

Quando finalmente cheguei, encontrei a enfermeira dando comida a Madeleine. Sentei-me numa poltrona, observando-a. Ela sorriu, bateu no lugar ao seu lado com a mão e eu sentei-me ali, acomodando-me. Comi o sanduíche de peito de peru e presunto que comprei num food truck. Depois, a enfermeira se aproximou e pediu um minuto. Levantei, a segui e paramos do lado de fora. 

— Como ela está? — Perguntei. — Alguma melhora? 

Ela fez que não. 

— Madeleine está como sempre. Nenhuma melhora, nenhuma piora. Eu sei que você espera que algo aconteça, mas meu bem — ela me olhou com sinceridade, colocando uma mão no meu ombro. — Não crie expectativas. 

Então virou e foi embora. 

Aquilo foi como um soco no estômago. Eu não tive muita certeza do que ela quis dizer, mas mesmo assim, doeu.  

Voltei para o quarto na tentativa de roubar um sorriso de Madeleine, que estava particularmente mal humorada hoje. Ela resmungava sobre o calor, praguejava e dizia que queria um pouco de ar fresco. Eu a levei até o jardim, onde outros enfermeiros estavam sempre de olhos bem abertos. 

O lugar era harmonioso; nem muito grande, nem muito pequeno, mas graças à sua organização, parecia bem aberto e aconchegante. Outros idosos andavam com ajuda de muletas, andadores e enfermeiros, sempre com largos sorrisos no rosto. Madeline pegou meu braço e caminhamos pelo espaço. Plantas, arbustos e flores espalhadas por todo o lugar deram uma sensação de liberdade. Agora eu sabia porque gostava tanto desse lugar. A enfermeira que cuida dela me disse que Madeleine odiava ficar sozinha  a maioria do tempo, mas que quando estava no jardim, adorava sentar num dos bancos e ficar ali, talvez até por horas. 

— Alex — ela disse. — Chegue mais perto. — Ela tinha me chamado assim desde que cheguei mais cedo. Ainda era estranho que não lembrasse de quem eu era. Eu cobri sua mão e apertei com suavidade. — Você parece muito desanimada. 

Alex era o nome da minha mãe. Ela morreu num acidente de carro enquanto estava numa viagem a Londres. Meu pai me disse, antes de morrer, que elas eram muito unidas quando mais jovem e que eu parecia muito com minha mãe. Madeleine deve ter me confundido com ela. 

— Eu tenho um problema. Um dilema. — Olhei para ela serenamente. Madeleine me lançou um olhar encorajador. — Eu… enganei uma pessoa. E essa pessoa me enganou, mas… mas acontece que eu gosto dele. Dela. — Corrigi. Ela sorriu com um brilho travesso no olhar. Eu quase senti meu coração pular de alegria. 

— O Richard ainda não aprendeu que não deve brincar com o sentimento de ninguém? — Perguntou ela. Ela balançou a cabeça. — Escute — ela chamou minha atenção. — Você deve mostrar a ele o que sente, mesmo que ele seja um cabeça dura inconsequente. E mesmo que se sinta magoada, perceba que se sentirá cada vez mais assim, mas desta vez será consigo mesma. E acredite, Alex, você não vai querer isso.  — Ela parou e eu examinei o olhar compassivo. Madeleine segurou minhas mãos e meus olhos se afogaram em lágrimas. — Você deve enfrentar um mar se quiser nadar. Se isso irá te afogar ou não, só você decide. 

Meu peito se encheu com algo que eu sentia falta. Um calor que aquecia todo o meu corpo, de modo que fizesse meus lábios desenharem um sorriso. 

Eu a abracei com força, agradecida por tê-la. Mesmo que estivesse presa em seu próprio mundo, ela ainda podia ver as pessoas ao seu redor. 

Eu me sentia magoada pelo que Chase fez, sabia, mas acontece que não era tão simples. Antes de eu puder fazer qualquer coisa, devia pensar. Eu tenho que olhar em seus olhos mais uma vez e ter uma conversa. Uma boa conversa. 

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