Meu CEO Mandão romance Capítulo 62

Eu pisquei, a visão embaçada e confusa. Eu não entendia onde estava, ou por que parecia tão fraco. Não conseguia movimentar direito o corpo, mas ver Annelise fez um alívio percorrer meu peito. De súbito, as lembranças vieram de uma só vez numa névoa branda que se tornou tempestade. Estava mais confuso. 

Annelise saiu, correndo para algum lugar enquanto eu tentava tirar um respirador. Estava cercado por máquinas e cabos. 

Um momento depois, ela voltou, trazendo uma enfermeira e um médico. A enfermeira tentou me acalmar e Annelise ficou do meu lado, as lágrimas brilhando nos olhos. Eu não conseguia falar nada. Todas as palavras estavam entaladas na garganta e era uma sensação horrorosa. Eu queria mexer a mão, mas o efeito do sedativo para aliviar a dor me inebriou.

Era uma tortura. 

Eu a via, até podia sentir, mas não podia tocá-la. 

Não podia dizer nada. Apenas vê-la. 

— Annelise — murmurei. Ela cobriu o rosto com as mãos e franziu a testa, aproximando-se. Tentei estender a mão, e ela a pegou. 

A enfermeira me avisou que eu não podia tentar falar agora, nem me mexer muito. Ainda sentia dores. Minhas costas doíam, a cabeça, as pernas. Meus músculos pareciam ter sido tirados de dentro de mim e esfolados. 

Depois, Annelise foi acompanhada pelo médico e eu dormi um pouco. Pareciam anos. Eu estava cansado, mesmo sem ter feito nada. Algumas horas depois, quando acordei, ouvi sussurros vindos de algum lugar do quarto. Percebi que era Annelise conversando com uma enfermeira. Ao perceber que eu tinha acordado, se aproximou e sorriu timidamente. 

Eu engoli a saliva. 

Ainda lembrava de sua expressão antes de empurrá-la. 

— Annelise — eu disse — eu… eu… — ela fez que não lentamente com a cabeça. 

— Shhh — fez menção de silêncio, pegando a minha mão com suavidade. Senti seu toque e forcei um sorriso. Meu rosto estava dormente. — Você tem que descansar. Sua irmã está vindo. Ela vai ficar com você. 

— Não — eu tentei dizer, a voz baixa e afogada. Olhei em seus olhos. 

Eu tinha que olhar em seus olhos. 

— Eu quero que fique comigo — eu disse. Eu vi o brilho de suas lágrimas. Algo explodiu dentro do meu peito, algo forte e bom, que tomava conta de todo o corpo. Uma sensação que me fazia flutuar. — Eu quero você, Annelise. 

— Chase — ela levou a mão até a minha cabeça e afagou meus cabelos com cuidado. — Você não… não precisa de mim. 

Eu usei toda a minha força de vontade para mover a mão. Consegui segurar seu punho e a guiei até meu peito, onde ela pousou. 

— Sente? — Perguntei. — Ele é seu. — Uma lágrima deslizou pelo seu rosto. Fitei seus olhos e ela afundou os dedos em meus cabelos. — Ele é seu, Annelise. E quando digo que quero você — tossi, a garganta seca — quero dizer que a quero ao meu lado, porque eu só me sinto do jeito que eu realmente sou quando estou com você. — Eu disse. A emoção cortou minha voz, e eu consegui cobrir a mão dela, acariciando-a com o polegar. — Então, por favor, não vai embora. Fica comigo. — Respirei fundo. Ela franziu a testa e encostou-a na minha, um toque singelo. Encarou meus olhos bem de perto. — Eu te amo mais que a mim mesmo, Annelise. E não pensaria duas vezes se tivesse que me jogar na frente de um carro de novo. 

— Chase — ela murmurou, a voz cheia do que eu julgava ser felicidade. — É o que eu mais quero. — Ela segurou meu rosto, tirando a mão do meu peito. — Eu sempre estive apaixonada por você, Sr. Babaca Metido. 

— Abusado — lembrei. — Seu abusado. 

Ela sorriu, encontrando meus lábios. 

Eu não sabia o que aconteceu todos esses dias que estive apagado, mas eu com certeza sabia que o que sentia por ela era verdadeiro e ardente. Eu conseguia sentir isso dentro de mim; uma sensação libertadora que me dominava por completo, que me fazia acreditar que eu podia ser quem ela realmente precisava. Eu a amava e isso era incrível. Deixei-me acreditar que o amor não valia a pena, mas cá estava eu, embriagado com essa felicidade. Annelise era a minha felicidade. A felicidade que abdiquei por tanto tempo, que só percebi que podia ter quando era tarde demais. Eu não acreditava que iria encontrar alguém que me despertasse de mim mesmo. Não acreditava que alguém assim poderia existir, mas bastou Annelise entrar em minha vida para que eu começasse a notar os sinais. Não era  muito diferente, na verdade, de se sentir acolhido. Eu finalmente tinha me achado, mesmo que estivesse perdido por tanto tempo. 

As palavras de Kathryn ecoaram por todo o meu corpo desde aquele dia; eu tinha realmente uma ferida no meu peito e acreditava que não podia me livrar dela. Por isso me sentia tão inseguro e indefeso com o que sentia por Annelise, porque ela conseguia atingir aquilo, e mesmo que eu quisesse, que eu quisesse vislumbrar ao menos uma parte de mim que fora esquecida, doía — e como doía. Eu tinha que admitir, fui um babaca com ela, mas mesmo assim Annelise continuou do meu lado, independentemente se aquilo a magoaria ou não. Deve ser confuso ouvir de alguém algo como "eu te amo", visto que a feriu tanto. 

E eu a feri. 

Isso fazia meu coração ser esmagado, porque eu realmente a feri. 

Me oferecer a ela e esperar o que tivesse a me oferecer era o ideal. Eu tinha que esperar seu tempo e aceitar o que quisesse, mesmo que isso me matasse. Eu a amo. Isso era o bastante para me manter firme. 

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