— Eu não vou admitir este tipo de comportamento dentro da minha empresa. — Disse o sr. Sheppard, olhando para mim. Eu senti algo implodir dentro de mim, parecia seco e doloroso. — Você sabe que não permito que os funcionários tenham casos. É a política da empresa, Chase. — Explicou.
De algum modo Brandon conseguiu levar a discussão até meu relacionamento com Annelise. Eu sabia que a política da empresa não permitia que seus funcionários tivessem um relacionamento, principalmente os chefes e empregados. Isso impediria que boatos sobre abrir brecha para assédio se espalhasse, e casos como esses eram um escândalo que poderia facilmente acabar com uma empresa como a Shaffer & Sheppard.
— Eu tentei dizer isso a ele — murmurou Brandon.
Eu quis enganá-lo.
Ah, seria realmente muito bom sentir minhas mãos em volta do pescoço dele.
— Se o senhor se recusar a aceitar meu pedido para afastar Brandon da empresa, me demito. — Disparei. O sr. Sheppard me olhou com fúria, eu percebi. — Meu relacionamento com a srta. Hamilton não diz nada sobre minha conduta com meus funcionários ou sobre como devo me comportar dentro da empresa. Não misturo minha vida pessoal com minha vida profissional. Deveria saber disso.
Conrad apoiou as mãos na mesa e levantou, lançando-me um olhar impiedoso. Eu ergui uma sobrancelha e o encarei com indiferença.
— Por sua causa perdi uma das melhores oportunidades que já tive o prazer de receber, e não esqueça que eu carrego a porra da agência nas costas desde a morte do sr. Shaffer. — Eu me inclinei na sua direção, seu olhar furioso ardendo. — E não vou admitir que diga o que eu posso ou não fazer. Não admito que seu filhinho assedie a minha namorada e fique por isso mesmo. Ela teme que seja despedida por conta dele, Conrad, e apesar de você não saber o que pode ser piedade, sabe muito bem o que significa perder. E vai ser isso que vai ter que encarar todas as vezes que se olhar no espelho e perceber que escolheu a opção errada.
Ele tirou os óculos e fechou os olhos, como se o que eu acabara de dizer tirasse do sério. Conrad segurou o ponto entre os olhos e comprimiu os lábios.
— Decida: eu ou Brandon?
Brandon bufou do meu lado.
— Senhor Ward — disse o sr. Sheppard — entendo que não esteja satisfeito com a conduta de Brandon, mas é inadmissível que espere que finja não ver o que se passa bem debaixo do meu nariz em relação à sua relação com a srta. Hamilton. — Ele me encarou. — Proponho um acordo: se o senhor prometer não se relacionar de nenhum modo com a srta. Hamilton enquanto estiver na empresa, a fim de evitar possíveis constrangimentos, eu concordo em afastar Brandon.
Eu franzi a testa.
Seria melhor do que nada.
— Aceito.
— Ótimo, então.
Olhei para Brandon do canto do olho, que me encarava com ódio.
Babaca Mimado.
***
Annelise tinha ido visitar a irmã, enquanto isso, eu fui visitar meu pai no hospital. Eram quase nove horas da noite, e depois de insistir muito com o segurança e com uma enfermeira, consegui entrar no quarto.
Para a minha surpresa, vi Kathryn. Ela estava segurando a mão do meu pai, sorrindo, notei uma lágrima descendo pelo rosto, um rastro lento que parecia estar colado à pele. Encostado na porta, respirei fundo e vi o papai olhar na minha direção, sorrir e voltar os olhos para Kathryn, que só então percebeu a minha presença. Eu pigarreei. Estava pronto para dar meia volta e sair dali antes que Kathryn pudesse vir falar comigo. Eu sabia muito bem que depois da nossa discussão, ela se sentia culpada de alguma forma. Annelise me contou que ela esteve no hospital, e também disse que pediu para que não me contasse nada, mas Annelise não sabia ao certo se devia fazer isso ou não, então contou-me.
— Chase — Kathryn sussurrou, levantando da cadeira. Eu sorri de canto e ela correu na minha direção, abraçando-me com força. — Eu mal podia acreditar que você finalmente estava melhor. — Ela disse contra meu peito. Eu fiquei parado, sem saber exatamente o que fazer.
Não tínhamos nos falado desde o maldito dia do acidente e, para ser sincero, acreditava que não precisaria encarar Kathryn novamente depois de um bom tempo. Eu ainda estava magoado por ter escondido tudo aquilo de mim, e sem dúvidas eu não esperava que fosse quase morrer, mas isso, pelo menos, fez com que eu me consertasse um pouco. Annelise fez isso, e agora eu tinha certeza de que poderia ser atingido por qualquer coisa, porque eu era simplesmente indestrutível.
— Annelise me disse que você foi me visitar no hospital — eu disse sem olhar para ela. — Eu não queria interferir em nada. — Baixei os olhos e encontrei os dela, que estavam afogados em lágrimas. Ela fez que não lentamente e pegou minha mão.
— Não seja bobo — disse ela. — Não importa. Eu tive tanto medo de perder você… — ela afagou minha nuca e franziu as sobrancelhas, de modo que deixasse eu ver os olhos frios e um tanto vazios. — Quando eu descobri que o papai tinha acordado...— ela percebeu, porque virou a cara, então vi uma cicatriz coberta por maquiagem.
Talvez Paul tenha lhe batido de novo.
Uma chama incendiada se espalhou por dentro de mim. Eu queria matar aquele maldito!
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