Eu não entendia o motivo pelo qual Chase me olhava daquela forma… como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa, mas tivesse medo de qualquer coisa que saísse dos meus lábios. Ele me conduziu para o meu apartamento, lançando minha cintura com um braço.
Depois do que acontecera no carro, minhas pernas tremiam e não conseguia olhá-lo nos olhos. Estava irritada, mas muito excitada também. Tanto que nem conseguia pensar direito. Eu sabia que precisava sair de perto dele se quisesse recobrar minha razão, que parecia ter fugido no instante em que ele me buscara no apartamento de Abby.
Ele estava calado. Mais calado do que o normal.
Parecia estar com medo, e isso me assustava. Nunca o vi tão inseguro, e para ser sincera, gostava de como me sentia por provocar isso nele, como uma espécie de vingança pelo que me fez passar ontem.
Quando as portas do elevador abriram, Chase me guiou ao meu apartamento e abriu a porta, pegando a chave reserva debaixo de um tapete. Abrindo as portas, vi a meia luz, que lembrava velas, tremulando. Assim que entrei, vi um caminho de pétalas de rosas; o apartamento tinha um cheiro agradável, suave e delicioso. Erguendo os pés, pude olhar por sobre os ombros de Chase. Havia uma mesa improvisada na cozinha, sobre o balcão. Chase soltou minha mão e eu senti meu coração pesando dentro do peito.
— O que é tudo isso? — Perguntei, me fingindo de boba. Parada, o vi virar e se inclinar na minha direção. Primeiramente, pensei que fosse me beijar, mas então, Chase passou o braço por cima de mim e fechou a porta. — Chase…
Seu silêncio estava me matando.
Chase se encaminhou para o sofá, tirou a gravata e depois desabotoou a camisa.
Então, vi os hematomas em seu corpo.
Não esperava que ver aquilo doesse tanto em mim, mas doeu. Ainda estava parada perto da porta, como se fosse uma estranha e ao mesmo tempo alguém muito íntimo. Chase bateu no espaço ao seu lado e olhou para mim. Quando não me mexi, ele repetiu o movimento e procurou meus olhos.
— Venha aqui.
Obedecendo-o, fui até onde estava. Chase pegou meu pulso — o mesmo que apertara ontem — e o levou até os lábios. Com um beijo delicado, ele beijou a pele um pouco roxa, me olhando com aqueles olhos acinzentados. Seus olhos se suavizaram, e me levando para perto de si, puxou-me e colocou-me em seu colo.
— Perdão. — Chase pareceu respirar só então. Lágrimas que mal tinha percebido se acumularam em seus olhos, e enconstando a cabeça em meu peito, ele repetiu: Perdão, Anne.
Meu coração bateu um passo mais lento, como se sua dor fosse minha.
Eu toquei seu rosto, correndo o polegar por sua bochecha. Os músculos em sua mandíbula se contraíram e ele ergueu os olhos.
— Eu sei o que está pensando — Chase disse. Sua expressão era tão dolorida e irreconhecível, que era quase impossível continuar olhando-o. — Eu me perguntei o mesmo durante todo o dia, Annelise. Durante toda a porra do dia. — Sua voz era firme, mas afogada ao mesmo tempo.
Se ele continuasse me olhando daquele jeito, eu quem iria começar a chorar.
— Eu te amo tanto, Annelise… tanto que dói. E eu não aguento pensar que posso te machucar… não consigo. Eu não… não sei se consigo.
— O quê? — Perguntei.
— Pensei se seria certo fazê-la passar por isso, se seria certo… se seria certo fazê-la ficar presa a mim. Eu não quero pensar em um futuro que não esteja sem você, mas não posso garantir que não exploda quando outro homem tentar tocá-la, ou quando alguém ofendê-la. Eu nunca senti isso, e é assustador. Nunca me importei tanto com alguém, porque ninguém nunca foi importante o suficiente para mim. Eu deixei que todo mundo passasse por mim, mas você… você foi a única pessoa que me fez enxergar que necessitava de outras. É por isso que não sei se devo deixá-la ir, ou agarrá-la com todas as forças que ainda tenho. — Ele disse, sua voz falhou, depois retomou o tom firme. — Isso me deixa fraco, Annelise. Você… você me deixa fraco, me esgota por completo, mas acontece que adoro que me foda desse jeito, porque não consigo me imaginar sem… sem o seu amor. Eu prometida que cuidaria de você… mas eu não consigo, porque, na verdade, foi você que sempre cuidou de mim.
Seus olhos me encaravam com tanta intensidade… ele me olhava com carinho e medo. Algo estava o contendo, de um modo que fizesse me perguntar se tinha medo de se aproximar um pouco mais. Então, eu vi em seus olhos todo o terror. Ele era um garotinho assustado tentando entender o que sentia. Isso era perturbador e fofo ao mesmo tempo. Nenhum homem nunca me deixou tocar tanto em sua alma. Nenhum homem me deixou amá-lo tanto como Chase, e a verdade era que se punia por toda a dor que me causava.
— Chase — ele pareceu muito atento ao que iria dizer. Passei os dedos por seu corpo, caindo a mão de seu peito até a barriga. — Você fez isso em si mesmo?
Me olhando com os olhos cheios de lágrimas, ele assentiu.
— Por quê?
— Meu pai me dizia que o flagelo era a única punição que realmente funcionava. Só uma dor auto imposta faz você entender como uma pessoa se sente. — Admitiu ele.
— Você já fez isso?
— Sim.
— Chase… — eu não sabia se era pena ou simplesmente compaixão, mas vê-lo desolado daquela forma… tão sensível… tão carente, me fez apoiar a testa na sua. — Me prometa que nunca mais fará isso.
— Annelise… — sua voz foi um sussurro.
— Prometa.
— Eu prometo. — Garantiu.
Havia cicatrizes e hematomas por suas costelas e barriga. Percorri cada gominho, me perguntando o que passou em sua cabeça para ter feito uma coisa dessas. Ele percebeu meu olhar, porque, pela primeira vez, estava cabisbaixo e envergonhado, calado mais uma vez.
— Eu não queria ter machucado o sr. Bachmann. — Informou ele. — Estava irritado… não pensei antes de fazer. Eu queria protegê-la.
— O quê? Por quê?
— Ele a chamou de vadia e disse que talvez lhe retribuisse com um favor. — Disse Chase, sem levantar os olhos. — Não consegui me conter. Mas… — Chase me colocou no sofá. Pegando as minhas mãos, ele me olhou nos olhos. — Tem algo que quero falar.
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