Estávamos passeando de mãos dadas pelo parque Ibirapuera. Suspirei enquanto sentia o cheiro de mato, a calmaria depois de toda a tempestade, a sensação de que finalmente as coisas se ajeitavam para meu total agrado.
― São pessoas interessantes aqueles seus amigos… ― Comentou Ham se referindo a Ale e Sara e eu concordei sorrindo ao lembrar deles.
― São mesmo. ― Eram amigos que ficariam no Brasil enquanto eu seguiria para Omã, mas que ficariam para sempre na minha mente e no meu coração, guardando um espaço especial.
― Preparada para aguentar Dubai e todos os repórteres que vão querer acompanhar o casamento? ― Perguntou Ham e eu sorri de canto dos lábios.
― Não sei se estava sonhando, mas eu ouvi você me dizer que ia ganhar uma outra estrela michelin. ― Joguei a isca e Ham caiu assentindo.
― Não foi sonho, eu disse mesmo.
― Rá! ― Disse fazendo Ham arquear uma sobrancelha achando que eu finalmente tinha enlouquecido novamente. ― Então também disse que queria eu cozinhando com você e vou cobrar isso.
― Ah, não. Não disse nada disso. ― Ele estava fazendo charme, era perceptível pela forma como continuava sorrindo pelos olhos, as marcas de expressão no canto deles, ainda que os lábios não sorrissem.
― Disse sim. ― Ri.
― Disse não.
― Disse sim. ― Dei a língua para Ham que riu da minha tarefa de tentar fazê-lo rir e aceitar, o que ele acabou fazendo.
― Está bom, tá bom. Mas sem ser de shorts. Os meus funcionários são uns tarados pelas suas pernas…
― Sei, não é você não… ― Brinquei fazendo Ham empalidecer, antes de abrir um largo sorriso.
― Eu também. Mas nesse caso não me responsabilizo se atacá-la quando assim estiveres. ― Ri achando graça.
― Não acredito! Ham veio para o Brasil e ficou safado. ― Ham gargalhou alto.
― Eu fiquei é com medo de te perder e ainda estou com medo, levando em consideração que a gente se casou ontem e eu nem pude dormir com você.
― Por que não quis. ― Ham estalou a língua.
― Rá! Por que eu não quis, claro. Por que eu sei que se dormir com você, vou acabar desposando-a antes de me casar em Dubai! ― Ele ralhou parecendo realmente aflito. Sorri.
― Que palavra bonitinha. ― Ham me puxou pelo braço levemente para que continuássemos caminhando.
― E sabendo disso, tu ainda fica me tentando. ― Ele resmungou ao meu lado. Ri. Ham e sua mania de achar que eu estava o tentando.
― Ham, olha para os lados. Tem gente até de top aqui. ― Ri. ― É normal andar de short jeans aqui no Brasil. ― Ele estalou a língua novamente.
― É normal, mas todos os homens podem te comer com o olhar e eu nem posso encará-los para dizer que eles só podem olhar porque eu que faço isso porque… vejamos… eu não fiz isso ainda. ― Gargalhei alto.
― Pervertido… Você está parecendo no cio. ― Zoei.
― Talvez eu esteja mesmo. ― Ele ralhou e eu acabei gargalhando enquanto parávamos e sentávamos em frente ao lago para descansar um pouco.
Como era dia de semana, o parque estava mais vazio do que fim de semana, quando enchia de gente passeando, o que nos fazia ter relativa paz enquanto encarávamos o lago. A sensação de paz e aconchego era boa e por isso apoiei-me no ombro de Ham enquanto suspirava.
― Vou sentir falta daqui.
― A gente volta. Todo ano.
― Promete? ― Perguntei sussurrando e Ham assentiu antes de exteriorizar:
― Prometo.
Sorri mais uma vez encarando a tarde tranquila, a sensação de paz e aproveitava aqueles segundos encarando a beleza da natureza para agradecer a Deus por me permitir mais uma chance em ter Ham ao meu lado.
*
― Se segura bem, nesse momento, tudo bem, Pam? ― Disse Khadija realmente preocupada com o fato de eu não conhecer nadica de nada da cultura árabe e da tradição do seu país. Ao menos, ela tinha se feito solicita e tinha tentado me ajudar em tudo o que estava ao alcance dela.
Eu estava usando um vestido de manga cumprida de renda – o máximo que aguentara no calor que estava, particularmente, naquela época do ano – e realmente estava me sentindo linda. Um véu foi colocado entre mim e Ham e um sheikh falou algumas palavras sobre o alcorão. Tendo gravado algumas palavras e frases que Khadija me instruíra em usar em cada momento, respondi cada pergunta que me era feita. Meu irmão que era o único presente assinou alguma coisa como testemunha, acredito eu, e então uma música alta e animada começou enquanto vários homens e mulheres dançavam ao som da música pulsante e duas cadeiras apareciam sabe-se lá de onde.
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