POV GAIA.
Uma luz dourada surgiu do círculo, subindo como uma cúpula invisível que eu sentia pulsar ao meu redor. Meu corpo tremia com a intensidade da magia, o suor escorrendo pela testa, mas a emoção era arrebatadora — eu havia usado o grimório, e ele respondia a mim como se eu fosse parte dele. A energia se expandiu com uma explosão, atravessando as paredes do castelo e seguindo em direção ao seu destino: a alcateia.
— Sinto a barreira alcançando a alcateia e cobrindo todo o território. Caspian e os outros estarão mais seguros agora — exclamei, ofegante, mas radiante. Morgana sorriu, com meu comentário, mas seu rosto endureceu ao virar a página para o próximo feitiço. Li o escrito: “Prisão das Sombras Eternas”, um ritual para aprisionar entidades.
— Bom, mas isso foi só o começo. Thalassa é astuta, Gaia. Ela usa sangue de inocentes para se fortalecer e ilusões para confundir. Nossa estratégia deve ser dupla: atraí-la para uma armadilha, onde sua força diminua. O feitiço de prisão a envolverá em correntes de luz, e Thalassa não conseguirá se libertar. O teletransporte a levará para longe da alcateia. E lá, eu a matarei — revelou Morgana.
— Como vamos atraí-la? — perguntei, a tensão crescendo em meu peito.
— Usaremos você como isca. Você ficará fora da fronteira da alcateia. Quando ela te atacar, ative a armadilha: recite o feitiço enquanto canalizo de longe. As correntes a puxarão para uma dimensão, assim as correntes de luz a conterão. Então, eu cuidarei dela. Thalassa sabe que posso matá-la, por isso me evitou por todos esses anos. E acredito que ela não saiba que sou sua bisavó. Mas cuidado, não a subestime — alertou Morgana. Concordei com a cabeça.
— Vamos praticar — disse Morgana. — Recite comigo: pela luz que devora as sombras, prendo Thalassa em seu próprio abismo! — Disse. Repeti as palavras e passamos quase toda a madrugada trabalhando em nosso plano. Quando terminamos, Morgana disse ser hora de descansar. A alcateia já estava segura, e isso me deixava tranquila.
— Bisa… Obrigada por me deixar usar o grimório — falei, abraçando-a.
— Você é digna, Gaia. E meu grimório te aceitou. Então, sempre que precisar, eu te deixarei dar uma olhadinha nele — respondeu ela, fechando o grimório com um gesto reverente e piscando para mim.
Sorri, feliz, e fomos descansar. Eu sentia que Thalassa não tardaria a atacar. Era como se eu pudesse sentir sua magia se aproximando.
POV CASPIAN.
A sala de estar da mansão parecia um vazio que engolia tudo, amplificado pela ausência de Gaia. O eco do feitiço de teletransporte dela ainda pairava no ar, como uma lembrança cruel do momento em que ela desapareceu, deixando somente o rastro de seu perfume — café recém-torrado misturado a algo indomável, selvagem, que fazia meu peito apertar. Eu a havia beijado, sim, e por um instante ela cedeu, ainda podia sentir seus lábios quentes contra os meus. Estremeci com a lembrança.
Mas aquele olhar fulminante que ela me lançou antes de partir, aquele brilho de raiva e independência, era um lembrete de que ela não precisava de mim para protegê-la. Ainda assim, eu não conseguia parar de imaginar o pior: Gaia no castelo de Morgana, lidando com feitiços perigosos, enquanto Thalassa espreitava como uma cobra venenosa.
— Não se preocupe tanto, meu filho. Gaia sabe se cuidar, e Morgana não deixará nada acontecer com ela — disse minha mãe, tocando meu braço e me tirando dos meus pensamentos.
— Sua mãe está certa, Caspian. Morgana é a rainha das bruxas, um ser muito poderoso, e o castelo dela deve ser o lugar mais seguro desse mundo. Então, tenta não se preocupar — comentou meu pai.
— Eu sei que estão certos, mas ficar longe da minha companheira, com uma batalha à nossa porta, está me enlouquecendo. Preciso que Gaia esteja por perto — respondi. Odin estava inquieto com a ausência de nossa companheira.
— Entendemos sua aflição, mas não há nada que você possa fazer. Sugiro que vá descansar um pouco, ou pelo menos tente — disse meu pai.
— Vou ficar um pouco aqui. Tenho que conversar com Octávio — declarei.
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