POV CASPIAN.
Levantei-me do sofá, incapaz de ficar parado, e comecei a andar pela sala. Meus passos ecoavam no assoalho. Caminhei da sala de estar ao corredor, do corredor à janela, onde observei a alcateia adormecida. As casas lá fora estavam silenciosas, com as luzes apagadas, mas eu sabia que o perigo espreitava além das nossas fronteiras. Cada minuto sem notícias de Gaia era uma eternidade, e a tensão crescia no meu peito como uma corda prestes a se romper. Naquele momento, senti um poder e uma luz cercarem a alcateia e, logo depois, desaparecerem. Fiquei apreensivo. Poderia ser Thalassa.
— O que foi isso? — perguntou Odin. Farejei o ar e relaxei.
— Magia poderosa. Sinto o cheiro de Gaia. Acredito que seja a proteção que ela disse que colocaria na alcateia — comentei.
— Então, logo ela estará de volta, já que a proteção está feita — disse Odin, ansioso.
— Sim, ela deve estar voltando — afirmei, ansioso para abraçá-la.
Nunca me imaginei tão possessivo e necessitado por uma fêmea. Agora entendo o que meu pai dizia quando mencionava: “Quando encontramos nosso companheiro de alma, não há como fugir, e descobrimos o que é precisar desesperadamente de alguém.”
— Nossa companheira é muito poderosa. Sentiu esse poder? — perguntou Odin, admirado.
— Sim, e o cheiro dela está no ar — respondi, respirando fundo e me acalmando um pouco.
— Agora falta pouco. Logo ela estará aqui conosco. E não perca a oportunidade de roubar outro beijo — disse Odin, malicioso. Sorri com expectativa e fiquei olhando pela janela.
Mas os minutos se arrastaram, e nada de Gaia voltar. Sentei-me novamente, depois me levantei, andando em círculos, o corpo exausto, mas a mente inquieta. Odin, ao perceber que Gaia não chegava, começou a me perturbar, resmungando sem parar, seus pensamentos se misturando aos meus, me dando dor de cabeça.
— Ela é nossa, Caspian. Nossa companheira. Por que a deixou ir sozinha? — perguntou, insistente.
Cerrei os dentes, ignorando-o, mas a verdade era que cada reclamação dele ecoava o que eu sentia: uma saudade cortante, uma necessidade de saber que ela estava segura. Ouvi passos suaves descendo a escada, e logo minha mãe apareceu na sala de estar, o rosto preocupado. Meu pai vinha logo atrás, os olhos cansados, mas alerta, como sempre.
Eles trocaram um olhar resignado, cientes de que minha teimosia era mais forte que qualquer argumento. Minha mãe se levantou e foi para a cozinha. Após alguns minutos, voltou com uma xícara de chá, e diz ser de camomila.
— Beba, Caspian. Vai ajudar — disse ela. Agradeci com um aceno, mas deixei a xícara esfriar sobre a mesinha sem tocar nela. Meu pai ficou ali, em silêncio, me observando, antes de dizer:
— Não se puna por não estar com ela. Você está fazendo o seu papel aqui. E, quando ela voltar, vê se a marca logo, para evitar essa situação. Não tenho mais idade para passar noites acordado — disse, firme. Então, ele e minha mãe se retiraram novamente.
Continuei ali, andando, sentando, atormentado por Odin e pela ausência de Gaia. Tudo o que eu podia fazer era esperar — esperar que ela voltasse, inteira. Porque, sem ela, eu era somente um alfa perdido, preso em uma noite que parecia nunca acabar.
Peguei a xícara e bebi o chá gelado, mesmo. Nunca gostei muito dessas coisas, mas até que não era ruim. Coloquei a xícara de volta na mesinha, sentei-me e depois me deitei de barriga para cima, passando o braço atrás da cabeça. Fiquei olhando para o teto. Com o passar dos minutos, minhas pálpebras começaram a pesar, e, lentamente, adormeci. Parece que o chá, mesmo frio, fez efeito, e eu me rendi ao cansaço.
O peso das pálpebras me puxava para um sono inquieto, e o mundo ao meu redor se dissolvia em sombras difusas. Sonhos fragmentados me envolviam — imagens de Gaia, sua risada ecoando como um vento suave, seus olhos brilhando com uma luz que parecia iluminar até as partes mais escuras de mim. Mas, de repente, algo mudou. Um aroma familiar e selvagem, misturado com a brisa da floresta, invadiu meus sentidos. Era ela. Gaia.

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