POV GAIA.
Assim que terminei meu café da manhã com minha bisavó, teletransportei-me para a mansão. Ao chegar, encontrei Caspian dormindo, todo largado, no sofá. Parei e fiquei observando-o adormecido.
— Realmente, ele é lindo e, dormindo, fica encantador — pensei.
— Está pensando em aceitá-lo? — perguntou Minerva, invadindo meus pensamentos.
— Talvez. Minha bisavó tem razão em um ponto: se a deusa nos uniu e sou a tal prometida, não tenho como fugir do meu destino. Mas não vou aceitá-lo por enquanto. Preciso que ele sofra tanto quanto eu sofri — comentei.
— Entendo, você está certa. Precisamos que ele sinta o que sentimos. Acho que talvez seja hora de revelar tudo o que aconteceu depois que fomos rejeitadas. Caspian precisa saber por tudo o que passamos. A culpa será uma ótima maneira de puni-lo, não acha? — disse Minerva.
Um arrepio percorreu minha espinha ao lembrar do pior momento da minha vida. Suspirei e olhei para Caspian, deitado no sofá. Não poderei rejeitá-lo como planejava, mas posso puni-lo com a culpa de tudo o que me causou.
— A ideia é brilhante. Mas não farei isso agora. Vamos enfrentar inimigos fortes, e essa alcateia precisa que seu alfa esteja focado, não distraído. Não posso colocar tantas vidas em risco pela minha vingança. Mas, depois que essa crise passar, começarei minha vingança — respondi a ela.
— Você está certa — concordou Minerva. — Mas você não acha que ele já deveria ter acordado? Estamos aqui há alguns minutos, e nada dele despertar — comentou, com um leve tom de estranheza.
— Sim, um alfa é sempre alerta a tudo ao seu redor, mesmo quando está adormecido — falei, aproximando-me. Tossi levemente, e ele não acordou nem se mexeu.
— Caspian! — chamei, e nada. Comecei a me preocupar, sentindo um aperto no peito. Minerva se agitou dentro de mim. Aproximei-me mais e cutuquei seu ombro de leve. Caspian continuou adormecido. Então, dei um cutucão mais forte, e ele abriu os olhos rapidamente.
Passou a mão pelo sofá, como se procurasse algo, parecendo bastante desorientado e confuso ao se sentar. Ele ainda não havia me notado em pé ao seu lado. Para evitar que pensasse que eu estava preocupada, resolvi ser irônica e debochada. Deixei um leve tom de divertimento em minha voz.
Caspian me olhou, surpreso, e depois aliviado. Levantou-se rapidamente e me abraçou com força, como se não me visse há anos. Colocou o nariz na curva do meu pescoço e inalou meu cheiro. Parecia tentar se acalmar. Fui pega desprevenida e fiquei sem reação no primeiro momento.
— Não te dei essa intimidade para ficar me abraçando — falei, irritada. Ele riu contra minha pele, causando um arrepio bom.
— Estou feliz que tenha voltado. Estava preocupado com você — disse, afastando-se e me olhando nos olhos. Vi a sinceridade em seu olhar. Aqueles olhos cinza me encantavam desde que eu era somente uma filhote apaixonada. Afastei esse pensamento; não era hora de me lembrar disso.
— Que bom que está feliz. Agora, pode me soltar? — perguntei, séria.
Ele sorriu de lado, começou a se afastar, mas parou e me roubou um beijo rápido. Depois, soltou-me dos seus braços. Fiquei sem reação. Quando me recuperei, explodi:
— Você é um folgado e abusado! Como ousa ficar me beijando? — esbravejei, irritada.
— Eu gosto de te beijar, meu amor. E vai se acostumando, porque vou te beijar sempre que tiver vontade — falou, descaradamente, fazendo-me abrir a boca em choque.
O que aconteceu com esse infeliz enquanto eu estava fora? Por que resolveu se revelar assim? Eu sabia que ele estava tramando para me reconquistar, mas não achava que jogaria tão abertamente. Ouvi-lo me chamar de “meu amor” mexeu um pouco comigo.
— Eu gosto de segurar sua mão — disse, continuando a me guiar escada acima. Suspirei, derrotada, e me deixei ser levada. Ele me acompanhou até a porta do meu quarto e, como havia prometido, roubou outro beijo antes de sair correndo, feito um adolescente.
— O que aconteceu com esse infeliz? — perguntei-me mentalmente, rosnando de irritação.
Minerva ria, divertida, em minha mente. Ela estava adorando o que estava acontecendo. Entrei no quarto e fui tomar um banho para tirar o cheiro de ervas e feitiço. Após me arrumar, saí do quarto e, ao chegar à sala de estar, encontrei Caspian e Octávio conversando sobre como seria a distribuição dos remédios. Acompanhei-os até a edícula, com os soldados, e entreguei os frascos.
O remédio foi distribuído de porta em porta, e a alcateia agora estava protegida da doença. Caspian começou os preparativos para a batalha. Eu preparei minha poção para me ajudar com meu cio. Os dias passaram, e tivemos registros de que os renegados tentaram atacar a alcateia, mas foram barrados pela minha barreira de proteção.
Sei que Thalassa deve estar tentando encontrar uma maneira de penetrar a barreira. Ela ainda não deu as caras por aqui, mas sei que está armando algo. Mas estamos preparados para eles. Theodoro deixou alguns renegados rondando as fronteiras da alcateia, esperando que algum crescente saia. Mas isso não vai acontecer. Temos tudo o que precisamos aqui.
O remédio fez efeito, e os crescentes puderam voltar às suas rotinas. Os pacientes do hospital estão bem e prontos para receber alta. Agora, todos me tratam bem e me chamam de Luna, o que não me agrada. Vejo que Caspian fica bastante contente quando isso acontece. Acho que é obra dele me chamarem assim.
Amanheceu, e a primeira coisa que fiz foi tomar minha poção para inibir os efeitos do meu cio. Hoje era o primeiro dia, e esse cio não poderia ter chegado em pior hora. Serão cinco dias de tormento. Bem, seria de prazer, se eu tivesse um companheiro para aplacar meu desejo. Mas não tenho e não posso ficar me envolvendo com qualquer um, pois, nesses cinco dias, posso engravidar, e não quero ter um filhote com qualquer macho. Quero tê-lo com o macho que eu escolher para ficar comigo até meus últimos dias.
No momento, não tenho ninguém, então tomo minha poção para evitar que isso aconteça. Já avisei a tia Aina que ficarei mais reclusa nesses dias. O certo seria voltar para minha casa, mas não posso sair daqui e deixar a alcateia vulnerável.
— Espero que seja um cio tranquilo — desejei mentalmente.

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