POV GAIA.
A escuridão me abraçava, densa e sufocante, como se eu estivesse afundando em um mar de sombras. Não havia som, nem luz, somente o vazio. Minha mente girava, fragmentada, enquanto pedaços de memórias — Caspian, suas feridas, a magia negra, o desespero de Aina — piscavam como relâmpagos em meio à névoa. Eu tinha a sensação que algo frio e pegajoso rastejava dentro de mim, como se a magia que absorvi de Caspian estivesse tentando me dominar, tentando se enraizar em minha alma. Minerva uivava em algum canto distante, sua voz um eco fraco, mas insistente, me chamando de volta.
— Gaia, resista! Você é mais forte que isso! — gritava ela, sua presença como uma âncora em meio ao caos.
De repente, um calor familiar cortou o frio gélido que havia se apossado do meu corpo. Era como se uma luz suave tentasse romper a escuridão, e senti uma mão firme tocar meu ombro. A voz de Morgana, firme e cheia de autoridade, ecoou em minha mente.
— Gaia, volte para nós. Você não vai sucumbir. Não agora. Lute contra isso. Você é forte e poderosa, resista — Ordenou. Sua energia mágica pulsava, quente e vibrante, como um farol me guiando de volta à superfície.
Minha bisa, estava certa, eu sou forte e não vou fraquejar agora. Não me sucumbirei a uma magia sombria. Ela não vai me dominar. Pensei e comecei a lutar contra aquilo que tentava me subjugar. Liberei meu poder e lentamente aquela presença gélida, foi desaparecendo.
Abri os olhos assustada, meu peito arfando enquanto o ar voltava aos meus pulmões. A edícula estava em silêncio, exceto pelo som ofegante da minha respiração. Morgana, Aina e Conrado me cercavam, seus rostos misturando alívio e preocupação. Meus olhos buscaram Caspian imediatamente. Ele ainda estava no sofá, mas sua respiração parecia mais firme. Ele estava vivo. O alívio me inundou, quente e avassalador, mas foi rapidamente substituído por uma pontada de fraqueza que fez meu corpo estremecer.
— Graças a Merlin, ela voltou. — Escutei, Morgana dizendo, aliviada. Olhei na direção da minha bisa, que me observava com preocupação no olhar.
— Gaia, você está bem? — perguntou Aina, sua voz trêmula enquanto segurava minha mão. Direcionei meu olhar a ela. Seus olhos estavam vermelhos, cheios de lágrimas contidas.
— Eu… acho que sim — murmurei, minha voz fraca, como se eu tivesse sem força. Mas precisava dizer algo para tranquilizá-los, pois notei em seus olhos como estavam aflitos. Tentei me levantar, mas Morgana segurou meu ombro, mantendo-me no chão.
— Não se mexa ainda. Você absorveu uma quantidade perigosa de magia negra. Precisamos ter certeza de que está estável — disse ela, seus olhos examinando-me com uma intensidade que me fez estremecer. Havia algo em seu olhar, uma mistura de apreensão e medo que me deixou inquieta. Não quis perguntar nada, naquele momento. Mas depois conversaria com minha bisa.
— E Caspian? Ele… ele está bem? — perguntei, minha voz carregada de ansiedade. Olhei para ele novamente, como se precisasse confirmar que ele ainda respirava. E voltei meu olhar para minha bisa. Morgana assentiu, um leve sorriso suavizando sua expressão severa. O que me tranquilizou um pouco.
— Obrigada, Mi — respondi mentalmente, sentindo um fio de força voltar. Aina, ainda segurando minha mão, apertou-a com um pouco mais de força. Me chamando a atenção.
— Você é uma guerreira, Gaia. Sempre soube disso. — Seus olhos brilhavam com uma mistura de gratidão e admiração. — Caspian vai ficar bem por sua causa. E nós vamos garantir que você também fique. — Garantiu firme.
Assenti, as palavras dela aquecendo meu peito. Meu olhar voltou para Caspian, que agora parecia dormir profundamente, seu peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Por um momento, a raiva que ainda sentia por ele — por todo o sofrimento que ele me causou — se misturou com algo mais forte, algo que eu não queria nomear: amor. O vínculo entre nós, que eu tentava ignorar, parecia pulsar, como se estivesse vivo, me lembrando de que ele era parte de mim, quer eu quisesse ou não.
Após alguns minutos, minha bisavó me deixou levantar. Com a ajuda dela e de Aina, fiquei de pé. Respirei fundo, sentindo-me um pouco mais firme. Acho que foi só uma fraqueza, nada mais. Olhei para Caspian, aliviada por vê-lo bem. Agora, eu poderia ir para meu quarto e tomar um banho quente. E depois iria cuidar dele.
— Precisamos levá-lo para o quarto dele, lá é mais confortável — comentei, aproximando-me do sofá.
Mas, de repente, uma dor aguda e lancinante atravessou meu peito, arrancando um grito de minha garganta. Meu corpo se curvou, e minha visão escureceu. Minhas pernas fraquejaram, e desabei no chão. Ouvi Morgana me chamando, sua voz carregada de desespero. A dor era insuportável, como se algo estivesse rasgando minha alma. Meus sentidos se apagaram, e adormeci em meio a uma agonia horrível.

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