POV CASPIAN.
Os dias se arrastavam, e nada de Gaia acordar. Eu estava exausto, estressado, com os nervos à flor da pele. Theodoro, aquele vira-lata desgraçado, continuava desaparecido, como se tivesse evaporado. Ninguém sabia seu paradeiro, e isso me corroía por dentro. Enquanto aquele infeliz estiver solto, não há paz para mim. Paz? Essa palavra já não fazia parte do meu vocabulário. Há quinze dias, o alfa Magnos e a Luna Amélia estão hospedados aqui, e Magnos fazia questão de transformar cada segundo da minha existência em um inferno.
Quando não está com meu pai, perambulando pela alcateia, estava na minha casa, me provocando. Ele vivia repetindo que não sou digno da filha dele, que não passo de um erro na vida de Gaia. Odin insiste para que eu mantenha a calma, mas, pela deusa Lua, estava difícil. Não sei de onde Odin está tirando tanto autocontrole para não pular na garganta de Magnos. Sei que Gaia não aprovaria se eu matasse o pai dela — por isso, engulo em seco e suporto.
A situação de Gaia preocupa a todos nós. Adam e Morgana estão tão preocupados quanto eu com essa demora para ela acordar. Hoje, eles prometeram realizar um feitiço para descobrir se ela está bem e quando, finalmente, abrirá os olhos. Suspirei fundo, espreguiçando-me na cadeira do meu escritório na sede. Vim para cá hoje porque precisava de um respiro, fugir um pouco da tensão que impregnava a casa e da presença do meu sogro. De repente, senti o cheiro familiar de Octávio, seguido por uma batida firme na porta.
— Entre — ordenei, a voz rouca de cansaço.
Octávio entrou, parou diante da minha mesa e ficou em silêncio. Levantei a cabeça, deixando de lado o documento que segurava. Ele me observava fixamente, com os seus braços cruzados, me encarando, como se tentasse decifrar algo. Encostei-me no encosto da cadeira, esperando, que ele falasse.
— Você está péssimo, Caspian — disse ele, direto. — Acho que precisa descansar. Se a Luna te vir assim quando acordar, não vai gostar. — Alertou. Suspirei, derrotado. Ele tinha razão. Eu estava um trapo, exausto, com olheiras fundas e a mente em frangalhos.
— Vou tentar dormir um pouco — murmurei. — Mas não consigo relaxar. Sinto que ela pode acordar a qualquer momento, e quero ser a primeira pessoa que ela verá. — Fiz uma pausa, estreitando os olhos. — Mas você não veio até aqui só pelo meu estado. Diga logo o que te trouxe aqui. — Ordenei. Octávio descruzou os braços, o semblante sério.
— Vim porque todos na alcateia estão preocupados com a Luna. Querem notícias dela. Gaia conquistou os corações dos Crescentes, Caspian. Depois de tudo que ela fez por nós e salvando você duas vezes, todos querem saber como ela está. — Comentou. Suas palavras aqueceram algo em mim, apesar de o peso no meu peito, por Gaia, estar em estado de coma. A aceitação da alcateia era um alívio em meio ao caos.
— Gaia continua em coma — respondi, a voz carregada de frustração. — Morgana e Adam vão tentar um feitiço hoje para entender o que está acontecendo. A verdade é que nem eles sabem ao certo o que está havendo, e isso… isso me deixa desesperado. — Contei. Octávio assentiu, compreensivo.
— Está sendo difícil para você, meu amigo. Se precisar de mim, estou aqui. — Falou firme.
— Obrigado — falei, e ele abriu um sorriso leve.
— Gaia te mudou mesmo. Desde quando o alfa Caspian diria “obrigado”? — brincou, tentando aliviar o clima.
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