POV CASPIAN.
Odin se agitou ainda mais quando ela se virou. E com razão. Ela não era mais a loba que eu havia rejeitado há sete anos. Era outra. Ela havia se tornado uma presença arrebatadora. Sua beleza marcante agora vinha acompanhada de algo mais denso… perigoso. Ela exalava autoridade, domínio e controle.
Aquela pele bronzeada parecia ter sido talhada pelo próprio sol. Os olhos violeta intenso e frios como a neve das montanhas, varriam tudo ao redor com atenção. Não havia ternura neles, somente uma vigilância implacável.
Seus cabelos pretos, cacheados, estavam mais longos, presos em um rabo de cavalo firme que revelava o pescoço — um convite e um desafio. Seu corpo… forte, esguio, delineado por curvas generosas. Ela mudou. E muito. Se tornou uma loba. Selvagem. Sedutora. Intocável. Por que estou pensando nas curvas dela?
— Como Gaia está ainda mais linda — disse Odin, visivelmente empolgado. Para meu total desagrado… eu também estava.
Meus olhos a perseguiam como predador, mas havia algo mais por trás disso… algo que me incomodava. Desejo misturado à raiva. E um passado que eu queria esquecer. Mas ali estava ela. Viva. Inabalável.
— Está? Não estou vendo nada de mais — falei, tentando soar indiferente. A mentira arranhava minha garganta como vidro.
— Não pode mentir para mim, meu caro amigo. Vai me dizer que não notou? E pensar que essa loba magnífica era para ser nossa. Que raiva que estou de você, Caspian — rosnou Odin, cheio de ressentimento.
— Odin, por favor, não vamos recomeçar esse assunto. Pensei havermos nos acertado — respondi, tentando manter a compostura.
— Nos acertamos, sim… mas vê-la novamente. Agora, tudo que consigo pensar é no que perdemos. No que você jogou fora — respondeu com amargura.
A voz de Adam interrompeu nossa conversa mental. Assim que ele e sua companheira saíram, ficamos sozinhos. Um silêncio pesado, denso. Quase sufocante, dominou o escritório.
Nossos olhos se encontraram. Os dela… duros como pedra. Os meus… tentando esconder o tumulto que crescia dentro de mim.
— Diga algo — exigiu Odin. Mas o quê? Eu não fazia ideia do que dizer. Então perguntei sobre sua ajuda. Só para ouvir sua voz e acabar com o silêncio.
E quando ela falou… Por um breve instante, fui arrastado de volta no tempo. A sensação de ouvir aquela voz… era como ser empurrado contra lembranças que eu mantinha enterradas. Mas não era a mesma. Havia frieza. Um gelo cortante em cada sílaba. E aquilo me incomodou profundamente.
Eu precisava sair daquela armadilha emocional. Não podia me permitir desviar do meu foco. Eu era um Alfa. Um líder. Um guerreiro. Lembre-se do motivo de rejeitá-la. Lembre-se do seu objetivo aqui. Assumi uma postura fria, impessoal e diretiva.
Ela caminhou até a mesa com a graça de uma rainha. Se sentou como se fosse dona daquele lugar — e era. O gesto, simples, foi suficiente para meu corpo reagir. Vibrei por dentro. Mas lutei contra isso. Ela me encarava com um olhar que cortava. Frio, mortal, quase desafiador.
— Acho que não deveria ter falado com ela desse jeito. Lembre-se: precisamos dela — alertou Odin, mas já era tarde.
— Primeiro: eu ainda não concordei em te ajudar. Somente aceitei te receber. Se quer a minha ajuda, terá que me pedir — ela disse, sua voz era gélida, afiada como uma lâmina recém-forjada. Me encarava como se não temesse absolutamente nada.
— Como é? Quer que eu peça? — perguntei, sentindo a raiva fervilhar dentro de mim.
— Ora, quem está precisando de mim é você. Quem está com a alcateia à beira da ruína… é você. Então, nada mais justo que peça. Ou melhor: implore. Mas com respeito, Alfa Caspian. Eu não sou uma de suas servas — ela falou com firmeza, cruzando seus braços. Seu queixo erguido. Altiva. Imperturbável. Como ela ousa falar comigo assim?
A fúria me dominou. Cruzei a sala com passos largos, ruidosos. Bati as mãos com força sobre a mesa. O som ecoou pelo escritório. Me inclinei, ficando mais próximo. A mesa entre nós era a única barreira que impedia um desastre. Rosnei. E ela… nada. Nem um pingo de medo. Me encarava como se eu não fosse nada mais que um ruído incômodo.
— E eu não estou aqui para massagear seu ego ferido. E, com certeza, não vou implorar para aceitar minha ajuda — rebateu ela, com uma calma que me enlouquecia.
— O que você quer? Que eu me submeta a você? Isso NUNCA vai acontecer! — esbravejei, tomado pelo orgulho ferido. — Eu nunca vou me ajoelhar diante de uma bruxa. — declarei.
— Seria maravilhoso ver você se render, mas não é isso que quero. Só exijo respeito. Consideração. Você entra na minha casa e age como se eu fosse uma qualquer. Pois eu te digo: não sou. E se não quer minha ajuda, a porta está logo ali. Pode sair. Não tenho tempo a perder com sua arrogância — disse firme, apontando para a porta.
— Caspian, melhor fazer alguma coisa. Deixe-me falar com ela? — sugeriu Odin.
— O quê? Isso é uma péssima ideia — rosnei mentalmente.
— Eu tenho certeza que não vou fazer mais merda que você. E, quer você goste ou não, precisamos dela — disse Odin, com seriedade.
— Tudo bem… então lide com essa folgada você — cedi, entregando o controle.
O orgulho me corroía por dentro. Eu detestava entregar o controle. Mas, … se eu continuasse, destruiria tudo. Notei a leve surpresa no olhar de Gaia quando percebeu a mudança em mim. Ela deve ter notado meus olhos ficarem amarelos.
— Olá, Gaia. Eu sou Odin, o lobo de Caspian. E você não sabe como é bom finalmente poder falar com você — disse Odin, com a voz carregada de animação. O olhar dela se alterou.
— Odin… — disse, surpresa.

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