POV GAIA.
Eu estava em um lugar tão tranquilo, tão acolhedor. A casa de vovô Adam e vovó Lysandra exalava paz, e ali estavam meus pais, meus irmãos, todos reunidos. Era um domingo perfeito, com um almoço de família que aquecia o coração. Meus olhos se perderam no pequeno lago que ficava no jardim, que refletia o céu claro. De repente, senti a presença de meu irmão Apollo se aproximando.
Virei o rosto para encará-lo e esbocei um sorriso. Ele se sentou ao meu lado, envolvendo-me em um abraço quente enquanto fazia cafuné em minha cabeça. Apollo, assim como minhas irmãs, era bem mais alto que eu, me sentia pequena ao seu lado. Ele se afastou um pouco, seus olhos encontrando os meus, e disse com um tom carregado de carinho:
— Está na hora de acordar, baixinha.
— O quê? — perguntei, confusa, franzindo a testa.
— Você já dormiu demais. Ainda tem muito a fazer. Abra os olhos — falou com sua voz grave, firme, mas gentil.
Abri a boca para perguntar do que ele estava falando, mas, de repente, a figura de Apollo começou a desvanecer diante de mim. Minha visão ficou embaçada, como se uma névoa densa tomasse conta de tudo, até que a escuridão me engoliu por completo. Não via nada, não ouvia nada. O desespero tomou conta de mim, um frio cortante subindo pela espinha. Será que estou cega e surda? O pânico se instalou, apertando meu peito. Eu não podia ficar assim — não agora, quando finalmente decidira me dar uma chance de ser feliz.
De repente, senti uma presença. Era intensa, desconhecida, mas estranhamente familiar. Braços invisíveis me envolveram, e uma voz, profunda e arrepiante, ecoou em minha mente, fazendo cada poro do meu corpo reagir.
— Você precisa se acalmar e me aceitar, Gaia. Eu não quero o seu mal. Faço parte de você desde que nasceu. Pare de resistir a mim. Sua resistência só causará dor a todos, porque, sem controle, você será instável. Perigosa — disse a voz, com uma mistura de firmeza e paciência.
— Quem é você? — perguntei, minha voz tremendo. Ela riu, um som leve, quase divertido, que contrastava com a tensão do momento.
— Sou sua parte sombria. Mas não precisa ter receio. Não sou tão perversa quanto dizem. Na verdade, sou somente… mal compreendida. Todos julgam a escuridão — falou, com um toque de ironia. Fiquei atônita. Estava realmente conversando com minha parte sombria? Nem sabia que ela tinha consciência própria. Estou delirando?
— Você não está delirando — respondeu ela, como se lesse meus pensamentos. — Posso ouvi-los, assim como Minerva ouve. Faço parte de você, Gaia, e precisamos nos unir. — Alertou.
— Como sei que você não quer me controlar? — perguntei, desconfiada. Ela riu novamente, um som que parecia familiar.
— Se eu quisesse isso, já teria feito há sete anos, quando despertei. Ou melhor, quando nascemos, porque eu já estava aqui, antes mesmo de sua loba despertar. Não quero o seu mal. Mas o lugar, onde estou agora, está ficando… apertado. Se transbordar, não será bom para ninguém. Então, sugiro que me aceite, e juntas controlaremos nosso poder — disse, com um tom sério que me fez estremecer. Suspirei, dividida, sem saber no que acreditar. Minha mente era um turbilhão.
— Não sei o que pensar. Me diga, você tem um nome? — perguntei, tentando encontrar algum ponto de apoio naquela conversa surreal.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.