O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 129

POV GAIA.

Morgana me observava com aquele olhar sereno, mas firme, que sempre carregava uma sabedoria profunda. Ela colocou a compressa de pasta verde sobre meus olhos — o toque fresco aliviava a ardência, mas não a tempestade que rugia dentro de mim.

— A profecia nunca foi clara sobre os detalhes, Gaia — respondeu, com calma, enquanto ajustava a compressa. — Mas ela sempre apontou para você como a chave para a renovação da linhagem dos lobos da luz. Dois filhotes… isso é um sinal. Um sinal poderoso de que ela foi cumprida. Ela dizia que você faria o último lobo da luz gerar mais de um filhote — comentou.

Eu a ouvia e queria acreditar, queria encontrar algum conforto em suas palavras, mas tudo o que sentia era um vazio que se misturava à raiva e ao medo. Gêmeos. Não era somente minha vida que estava mudando, mas a responsabilidade de carregar duas vidas, duas almas inocentes, frutos de uma traição que ainda queimava em meu peito. Como eu poderia lidar com isso? Como poderia proteger esses filhotes quando mal conseguia proteger meu próprio coração? Tirei a compressa dos meus olhos.

— Não sei se estou pronta para isso, bisa — confessei, a voz embargada. As lágrimas voltaram a ameaçar, mas as contive, recusando-me a chorar novamente. — Não sei se consigo passar por tudo sozinha. E tem Minerva… Caspian… tudo está tão errado — falei, desanimada.

Morgana se sentou ao meu lado, segurando minha mão com firmeza. Seus olhos, tão profundos quanto o próprio tempo, encontraram os meus. Ela sorriu, amorosa, tentando me transmitir carinho.

— Você não está sozinha, Gaia — disse, com uma convicção que fez meu peito doer ainda mais. — Você nunca esteve. Tem a mim, tem sua família e, quer você queira ou não, tem Minerva. Ela errou, sim, mas você sabe que ela te ama. E esses filhotes… eles são um milagre — afirmou, com ternura.

— Eu sei que são um milagre — retruquei, a voz carregada de emoção. — Mas eles também são o resultado de um plano, de uma traição. E isso está me deixando com mais raiva de Caspian e Minerva. Não quero associar meus filhotes a isso — esbravejei, sentindo a fúria crescer.

— Não pense assim, minha querida. A vida sempre encontra um jeito de transformar dor em esperança — respondeu Morgana, a voz suave, mas carregada de força. — Você é mais forte do que imagina, Gaia. Já enfrentou tantas provações, salvou os lycans de uma doença mortal. Vai conseguir passar por essa gestação e, quando meus bisnetos nascerem, você será muito feliz — afirmou, com firmeza.

Suspirei, exausta, sentindo o peso de tudo o que vivia. Minha bisa estava certa, de alguma forma, mas a raiva ainda pulsava em mim, misturada à confusão e ao medo do futuro. Passei as mãos pela barriga novamente, tentando me conectar com aquelas vidas que ainda não podia ver, mas que já sentia. Eles eram meus, independentemente de como foram gerados.

— Eu os amo — murmurei, mais para mim mesma do que para minha bisa. — Mesmo com toda essa dor, eu já os amo. Mas não sei como vou lidar com Minerva — confessei, a voz quase um sussurro.

— Dê tempo ao tempo — aconselhou Morgana, apertando minha mão. — Você não precisa resolver tudo agora. Converse com ela quando estiver pronta. Mas não se feche, Gaia. Sua loba é parte de você, assim como esses filhotes. Vocês precisam uma da outra, agora mais do que nunca — disse, com sabedoria.

Fechei os olhos, deixando as palavras de Morgana se assentarem. Deitei-me e coloquei a compressa novamente sobre os olhos, buscando aliviar o inchaço, mas nada podia acalmar a tormenta em minha mente. Gêmeos, a traição da minha loba, um futuro incerto e um companheiro que não me deixaria em paz. Mesmo diante de tudo isso, eu tinha a certeza de que, por mais que doesse, precisava encontrar um caminho para seguir em frente — por mim e pelos meus filhotes.

POV CASPIAN.

Eu estava desesperado. Gaia me olhava com raiva e dor, e isso me destruía. Ver sua revolta e sofrimento doía profundamente. Eu me sentia culpado, o pior dos companheiros. Mais uma vez, fiz minha companheira sofrer.

— Como vamos resolver isso agora, Odin? — perguntei, aflito, enquanto ouvia Gaia.