POV CASPIAN.
Eu sabia que estava pisando em terreno perigoso, mas, pela deusa, valia cada segundo. Gaia, sentada ali, com os braços cruzados e aquele olhar desconfiado que tentava esconder um meio-sorriso, era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Minha loba, minha bruxa, minha companheira — teimosa como o inferno, mas minha. E hoje eu ia mostrar a ela que eu não era só um alfa cabeça-dura. Eu podia surpreendê-la, e ia fazer isso com uma refeição que a deixaria sem palavras.
— Vamos ver o que temos aqui — murmurei, mais para mim mesmo, enquanto abria a geladeira. Meus olhos varreram os ingredientes: bifes grossos de carne, batatas, algumas folhas verdes, tomates, cebolas. Perfeito. Um bife suculento e malpassado, um purê de batatas cremoso e uma salada fresca. Simples, mas feito com cuidado, como ela merecia. Eu queria que cada mordida fosse uma prova do quanto eu estava disposto a mudar.
Peguei os bifes e os coloquei sobre a bancada, com as batatas e as verduras, sentindo o peso do olhar de Gaia nas minhas costas. Virei-me de leve, só para capturar sua expressão. Ela ergueu uma sobrancelha, como se duvidasse de que eu pudesse fazer algo além de sanduíches, ou queimar sua cozinha. Sorri internamente. Você vai ver, amor.
— Não vai botar fogo na minha casa, vai? — perguntou ela, o tom meio provocador, meio curioso. Seus olhos brilhavam com um misto de desafio e algo mais, algo que fazia meu coração acelerar.
— Confie em mim, amor. Só um pouco — respondi, piscando enquanto pegava uma frigideira de ferro e uma panela. O som do metal contra a bancada ecoou na cozinha, e eu podia sentir a energia entre nós, como uma corrente elétrica. Ela bufou, mas não desviou o olhar. Boa. Queria que ela visse tudo.
Separei as batatas e comecei a descascá-las, uma por uma, sob o olhar atento dela. Terminei, cortei-as em quatro e coloquei na panela com água e sal, levando ao fogo para cozinhar. Enquanto isso, separei e lavei as folhas de verdura e o tomate. Farei uma salada para meu amor. Quando terminei, a água com as batatas já estava fervendo.
Enquanto esperava, separei os ingredientes para fazer o purê, temperar o bife e temperar a salada. Quando terminei, as batatas já estavam cozidas. Tirei do fogo, escorri e reservei. Acendi o fogão e deixei a frigideira esquentar, enquanto temperava os bifes com sal, pimenta e um toque de alho em pó. Nada exagerado — a carne era a estrela, e eu sabia que Gaia gostava dela malpassada, com aquele interior rosado e suculento. Minha mãe havia comentado, e eu não esqueci.
Enquanto o óleo chiava, peguei as batatas cozidas e as amassei com um garfo, misturando com manteiga, um pouco de creme de leite fresco, cebola e uma pitada de sal. O purê estava ficando perfeito, liso e cremoso, do jeito que eu sabia que ela ia gostar.
Olhei para Gaia de novo, disfarçadamente, enquanto mexia o purê. Ela estava com o queixo apoiado na mão, me observando com uma mistura de curiosidade e surpresa. Seus olhos seguiam cada movimento meu, e juro que vi o canto da boca dela subir um milímetro. Está funcionando, pensei, sentindo uma onda de satisfação.
— Onde aprendeu a mexer com panelas, alfa? — perguntou ela, a voz carregada de ironia, mas havia um brilho em seus olhos que me dizia que ela estava impressionada, mesmo que não admitisse.
— Um lobo precisa saber sobreviver, amor — retruquei, com um sorriso torto. — E eu sempre fui bom com as mãos. — Dei uma piscadela, só para provocá-la, e ela revirou os olhos, mas o rubor em suas bochechas não mentia. Minha Gaia, tão forte, tão teimosa, mas ainda reagindo a mim. Isso era tudo que eu precisava.
Coloquei os bifes na frigideira quente, e o som do chiado encheu a cozinha, com o aroma rico da carne selando. Eu sabia o que estava fazendo — meu pai me ensinou que eu deveria aprender a fazer de tudo, nunca se sabia quando ficaria perdido em um lugar sem ninguém para te servir.
E que um dia eu poderia cozinhar para minha fêmea, para agradá-la. Então, fui obrigado a aprender a caçar e a cozinhar no rigoroso treinamento que passei. No treinamento, não se tinha nada, somente minhas garras para me virar. E tive que dar meu jeito para caçar, limpar, arrumar fogo e cozinhar. E, no fim, consegui.
Com o tempo, aprimorei o que aprendi, conseguindo cozinhar melhor. Às vezes eu cozinhava para mim. Virei os bifes com precisão, deixando-os dourar por fora, mas mantendo o centro macio e suculento, exatamente como ela gostava. Enquanto isso, montei a salada: folhas de rúcula, tomates-cereja cortados ao meio, fatias finas de cebola roxa e um fio de azeite com limão. Simples, fresco, perfeito.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.