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O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 18

POV CASPIAN.

Revirei na cama de um lado para o outro. Então, fiquei de barriga para cima e suspirei. Eu não conseguia dormir. Toda essa preocupação com a alcateia e a chegada daquela bruxa, que jurei nunca mais colocar meus olhos após rejeitá-la, estava me tirando o sono.

— O que está acontecendo? Está com insônia? — perguntou Odin, invadindo minha mente.

— Tenho muitos pensamentos na cabeça e eles não me deixam dormir — comentei, suspirando de novo.

— Quer conversar? — perguntou. Eu sorri com sua pergunta. Poder conversar com meu lobo, depois de tanto tempo brigado, era maravilhoso e me acalmava.

— Seria bom — falei.

— Então, me diga, o que realmente está te incomodando? — perguntou sério.

— Gaia… ela me incomoda. Não imaginava que a veria de novo. E agora necessito dela, e notei que ela mudou muito. Seu olhar perdeu aquele brilho, e isso me preocupa, pois a vida dos crescentes estará nas mãos dela. E se resolver se vingar de mim através da minha alcateia? — questionei, expondo o que me atormentava naquele momento.

— Tenho certeza de que Gaia não está vindo para prejudicar nossa alcateia. E como você esperava encontrá-la? Como antes da rejeição? Você a destruiu, é um milagre ela ainda estar viva. Fêmeas rejeitadas costumam definhar até a morte ou se suicidar. Acho que, por ela ser uma híbrida, teve força para aguentar a rejeição — comentou Odin, e notei um tom dolorido em sua voz. Meu coração se apertou ao ouvir que ela poderia ter morrido. Eu nunca parei para pensar nessa consequência quando a rejeitei. Geralmente, as fêmeas são as que mais sofrem nesses casos. Pensar que Gaia poderia ter morrido me fez sentir culpado pela minha escolha.

— Eu nunca pensei nisso antes — falei.

— Claro que não pensou. Você foi egoísta e só pensou em si. Espero que um dia se arrependa profundamente da sua escolha — falou firme.

— Já aconteceu e não podemos fazer nada para mudar o passado. Só espero que ela não deixe o ódio que sente por mim atrapalhar a missão que assumiu conosco. Quer saber? Vou correr, não vou conseguir dormir mesmo. Quer dar uma corrida, amigão? — perguntei, querendo acabar com aquele assunto.

— Será bom esticar um pouco as pernas — disse animado.

Levantei e me aproximei da janela. Ainda estava escuro lá fora. Eu já estava nu, pois gostava de dormir assim. Sentimos muito calor. Abri a janela e saltei por ela, me transformando no ar. Quando alcancei o solo, minhas patas sentiram o orvalho que molhava o gramado. Nos espreguiçamos, estalando os ossos. Éramos um grande lobo negro de olhos amarelos.

— Quer comandar? — perguntei mentalmente a Odin.

— Com certeza — disse, rindo.

Passei o controle do corpo para ele e começamos a correr em direção à floresta, que ficava ao lado da minha mansão. A lua brilhava no céu, espalhando sua luz suave por entre as árvores altas. O vento frio da madrugada tocava meu pelo e me fazia sentir vivo. Corro sem pensar, sem medo, somente pelo prazer de sentir o chão sob minhas patas.

O cheiro das folhas secas enche minhas narinas. Cada passo faz um som suave ao pisar na terra úmida. A floresta conversa comigo — o canto distante de uma coruja, o sussurro das árvores balançando ao vento, o murmúrio de um rio que corre perto. Tudo parece estar em harmonia.

Minha respiração é forte e constante. O ritmo da corrida acalma minha mente. Esqueço os problemas, as preocupações. Aqui, sou livre. O movimento do meu corpo me faz sentir parte da noite, parte da natureza. Nada mais importa, somente correr e sentir. E, por um momento, sou só eu, Odin e a floresta — sem passado, sem futuro. Somente agora.

Corremos por horas, esquecendo tudo que me atormentava. Chegamos ao rio e nos aproximamos para beber um pouco de água. Era tão bom sentir a liberdade que uma corrida proporcionava. Fiquei um tempo deitado na beira do rio e até tirei um cochilo. Acordei e me espreguicei — era hora de voltar para a mansão.

Me levantei e corri de volta. Cheguei em casa com o sol nascendo, me transformei e entrei pela porta dos fundos. Atravessei a casa em silêncio e ouvi os ômegas já trabalhando na cozinha. Quando estava prestes a subir a escada, senti o cheiro dos meus pais. Logo, eles entraram pela porta da sala. Olhei para eles e arqueei a sobrancelha.

— Filho, já acordado a essa hora? — perguntou minha mãe.

— Não consegui dormir e fui correr um pouco. O que fazem aqui tão cedo? — perguntei, estranhando.

— Eu e sua mãe pensamos em vir cedo para preparar tudo para a chegada de Gaia — disse meu pai. Soltei um leve rosnado ao ouvir o nome dela.

— Espero que não faça nada com Gaia mesmo, pois precisamos muito dela — comentou mamãe.

— Não precisa me lembrar disso. Aliás, tenho uma missão para vocês dois. Quero que busquem Gaia no aeroporto da alcateia. Tenho vários assuntos para resolver e não terei tempo para recebê-la. E também acho que será melhor que Gaia seja recebida por vocês. Assim, podem matar a saudade — comuniquei.

— Vou adorar receber Gaia — disse minha mãe, animada.

— E depois, para onde a levamos? — perguntou papai.

— Tragam para cá. Quero conversar com ela antes de ir até o hospital ver os doentes — falei.

— Perfeito. Agora, vá tomar um banho e colocar uma roupa — falou minha mãe, sorrindo. Eu me virei e comecei a subir a escada, deixando meus pais conversando animados na sala de estar.

— Foi uma ótima ideia hospedar Gaia aqui em casa — disse Odin.

— Só espero não me arrepender dessa escolha, que, aliás, teve influência sua — acusei.

— Ops, fui descoberto. Só achei que seria melhor para todos — falou Odin. — E você poderia ter me ignorado ou bloqueado, mas deixou que as palavras saíssem. Por quê? — perguntou.

— Estou sendo estratégico. Deixe seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda — falei.

— Sei… Vou fingir que acredito — falou, rindo.

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