POV GAIA.
Eu estava irritada com o que Aina havia dito. Ela quer salvar seu filhinho, tentando nos juntar. Imagina, depois do que ele me fez, ela acha que eu iria querer algo com Caspian. E ainda tem coragem de dizer que o filho está quebrado. Que raiva.
— Sei que está estressada e brava, mas acho que não deveria ter falado para eles que somos uma alfa. Nossos pais pediram para não contar nada para ninguém — disse Minerva. Suspirei, pois ela estava certa.
— Eu sei que não deveria ter falado, mas no calor do momento acabei falando. E Caspian percebeu que eu não era afetada pela sua dominância alfa. E foi bom ver o choque nos olhos daquele infeliz. Ele perdeu até o rumo — comentei e sorri de lado quando lembrei da expressão dele.
— Pode até ser, mas não deveria ter falado. E ainda falou de suas irmãs. Essa informação é muito perigosa — disse.
— Eu sei, Minerva. Falarei com Aina e Conrado e pedirei que não contem com ninguém. Sei que essa informação pode causar uma guerra — comentei, apreensiva. Acho que vacilei.
— E Caspian? Vai pedir que não conte? — perguntou.
— Terei que falar com ele, mas não queria lhe pedir nada. — falei.
— Certo. Agora, como pretende começar a lidar com essa doença? Você não pretende ir até os infectados sem proteção, não é mesmo? — perguntou, preocupada.
— Você me conhece. Sou uma loba bruxa, prevenida. Vou usar um feitiço de proteção contra maldições e feitiços. Devemos lembrar que estamos lidando com magia negra. Ela é imprevisível — contei.
— Perfeito, todo cuidado é pouco. Não podemos adoecer — comentou.
— Minerva, às vezes você esquece que tenho magia negra nas minhas veias. Ela não me afeta, mas não sabemos o que mais foi usado para criar essa doença. Então é bom estar um passo à frente — comentei.
— Já que gostamos de Aina e Conrado, deveria protegê-los com um feitiço. Não queremos que eles adoeçam — disse.
— Verdade. Vamos primeiro saber com o que estamos lidando aqui — falei e peguei meu jaleco e o coloquei.
Peguei minha maleta na mochila e a abri. Havia luvas, máscaras, frascos, ervas e um dos meus grimórios. Eu tenho dois. Um deles é de magia negra, e o mantenho trancado e protegido. Qualquer bruxa mal-intencionada mataria para colocar as mãos nele.
Cada bruxa cria seu próprio grimório. Ele é um diário mágico onde uma bruxa ou bruxo registra seus conhecimentos e práticas. Pode ser criado de várias maneiras, desde um livro que recebemos quando começamos nossa iniciação até um que criamos do zero, usando magia. No caso dos meus, eles surgiram de repente, em momentos diferentes da minha vida. O de magia negra surgiu primeiro, no momento em que eu estava destruída com a rejeição. O outro, logo depois, quando me recuperei. As informações do grimório são personalizadas e únicas. Então imagine se o meu cair em mãos erradas. Seria um caos.
Fechei a maleta, a peguei e caminhei até a porta do quarto. Abri e saí para o corredor. Respirei fundo e segui o cheiro de Aina e logo já estava chegando à sala de estar. Conrado e Aina conversavam baixo, mas, com nossa super audição, era difícil não ouvir. Pude escutar Conrado dizer para Aina esquecer essa ideia de juntar-nos, e Aina dizendo que não desistiria, pois sabia que daria certo. Eu bufei mentalmente, irritada.
— Parece que Aina não entendeu o que você falou quando disse que odeia o filho dela e não vai perdoá-lo — disse Minerva, divertida.
— Fique tranquila, querida. Nós nunca falaremos sobre esse assunto. Sabemos a gravidade dessa informação e nunca a colocaremos em perigo — disse Aina. Conrado concordou com um aceno. Eu não me preocupo em me ferir, pois ninguém neste mundo conseguiria essa façanha contra mim e meus irmãos, com o poder que temos. Mas temo pelos lobos da minha alcateia.
— Obrigada. Agora, poderiam me indicar a direção do escritório de seu filho? — perguntei.
— Sim, é só entrar naquele corredor à direita e seguir. O escritório é a última porta do corredor — disse Conrado.
— Obrigada — falei, me levantando e caminhando em direção ao corredor.
Caminhei devagar até a última porta. Quando cheguei, respirei fundo e bati na porta. Ele demorou alguns segundos para dizer que eu podia entrar. Tenho certeza de que sabia que era eu aqui e fazia deliberadamente. Infeliz. Abri a porta e entrei. Seu perfume me atingiu, e revirei os olhos.
Por que esse lobo usa um perfume tão forte? Ele deve ser narcisista. Lobos nem usam perfume. Essa porcaria incomoda nosso olfato. Mas Caspian, além de usar, ainda exagera. Parei no meio do escritório e observei a beleza do local. Tenho que admitir que esse infeliz tem bom gosto para decoração. Esse lugar transpira imponência, poder e muita elegância. Olhei em volta, e meu olhar parou nele. Caspian me olhava assustado, com os olhos arregalados, como se tivesse visto um fantasma ou recebido uma notícia bombástica. Pude ouvir seu coração acelerado.
— O que está acontecendo com esse lobo? — perguntei mentalmente a Minerva.
— Eu que sei! Talvez seja gases, vai saber. Ou então deu conta da nossa beleza — falou, debochada.
— Não sei, não. Algo me diz que nada bom vem dessa reação. Sinto meus instintos de bruxa agitados. O que quer que seja, eu não gostarei — comentei.

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