POV GAIA.
Saímos da sala de isolamento, e Aron nos guiou para fora do hospital. Entramos em outro prédio, que ficava ao lado. Fomos direto para o elevador, que nos levou até o andar subterrâneo. Por que colocam necrotério aqui embaixo? Parece que estou entrando num filme de terror — o necrotério sempre é no subterrâneo. Saímos do elevador, e o médico parou de frente a uma porta.
— Está lá dentro. Mas sinto muito, meu alfa, não entrarei aí. E aconselho que o senhor também não entre. É muito perigoso ter contato com esses corpos — disse, bastante nervoso e amedrontado.
— Ele está certo. Melhor esperarem aqui. Eu posso entrar sozinha — falei e dei um passo. Então senti meu braço ser agarrado e fui virada para trás.
— Se é perigoso, não posso permitir que você entre aí — disse, e pela primeira vez vi preocupação em seu olhar.
— Não se preocupe, ficarei bem — falei e tentei me livrar do seu agarre. Mas ele segurou com ainda mais firmeza.
— Tem certeza? Se algo acontecer com você enquanto estiver aqui, teu pai começará uma guerra — disse, preocupado com meu pai.
Revirei os olhos e coloquei minha mão no seu braço. Senti um arrepio que também foi sentido por ele. Meu coração errou uma batida quando olhei para seus olhos — e eles estavam mais cinza. Vi algo que não esperava. Me afastei, puxando meu braço.
— Eu assumo a responsabilidade com meu pai. Fique tranquilo — falei e dei-lhe as costas.
Me aproximei da porta e a abri, com meu coração acelerado. O que estava acontecendo comigo? E o que foi aquilo? Ele também sentiu? Sacudi a cabeça afastando aqueles pensamentos e entrei na sala. O cheiro de morte e magia me atingiu de imediato. Fui até a gaveta que mais me chamava. A magia negra ali era mais forte. Puxei a gaveta, e o corpo de um jovem lobo foi revelado. Quando toquei nele, senti sendo puxada para a escuridão.
Fui puxada bruscamente para um lugar completamente diferente. Um arrepio percorreu minha espinha, senti cheiro de madeira úmida. Estava escuro, sombrio… e o cheiro de sangue e ervas queimadas tomava todo o ar. Usei minha visão lupina para enxergar em volta. O ambiente era pequeno, as paredes feitas de pedra escura, quase negras, como se absorvessem qualquer resquício de luz. No centro da cabana, uma enorme lareira projetava sombras dançantes nas paredes, revelando símbolos antigos e perigosos desenhados por toda parte.
No meio do círculo de invocação, uma mulher estava curvada sobre um altar rústico de pedra, com as mãos ensanguentadas, mexendo uma substância espessa e negra em um grande caldeirão. O cheiro de ferro queimado e magia pútrida invadiu minhas narinas. Ela murmurava palavras em uma língua ancestral — e proibida. Sua energia era tão densa que me fez quase cair de joelhos.
— Mas o que… — sussurrei, horrorizada.
Observei atentamente. Ela desenhou um símbolo no chão com sangue fresco, arrancado de um pequeno animal que ainda se debatia. Depois, pegou um livro… meu coração disparou quando reconheci, o grimório negro perdido.
Aquele que minha avó Morgana dizia ter desaparecido há séculos. Enquanto me mostra um desenho antigo dele em um livro velho. Aquilo era impossível! Ele estava ali… diante de mim. E aquela bruxa, quem era ela?
— Ela… ela tinha o Grimório Negro Perdido — falei, com o coração apertado. Morgana arregalou os olhos, sua expressão se transformando em pura choque.
— Isso é impossível… — murmurou. — Eu preciso ir. Preciso conferir algo imediatamente. — falou agitada. Ela me abraçou forte, com urgência, como se aquele momento pudesse ser o último.
— Usarei um feitiço para esconder sua magia negra. Tome cuidado… e se cuide. — Falou e fez um feitiço. E então desapareceu numa neblina negra, deixando um vazio gélido no ar.
Respirei fundo, tentando me acalmar e entender tudo que acabara de acontecer. Minha mente girava. Meu corpo ainda vibrava com a energia daquela bruxa. O que era aquilo? Quem era ela? Como foi possível eu ter sido levada para o exato momento em que a doença foi criada?
Mas uma coisa era certa… ela sabia que estive lá. E isso mudava tudo, pois interferi no passado. Empurrei a gaveta devagar, devolvendo o corpo para seu lugar e fechei a porta metálica com um estalo surdo. Caminhei lentamente até o corredor, sentindo minhas pernas vacilarem a cada passo.
Ao sair, fui surpreendida por Caspian andando de um lado para o outro, visivelmente aflito. Assim que me viu, andou até mim, segurou meus braços e… me puxou para seus braços. Fiquei paralisada.
— Que merda é essa…? — pensei. — Será que fiquei fora mais tempo do que imaginei? O que deu nesse infeliz para me abraçar assim? Seu corpo tremia levemente, como se estivesse aliviado por me ver. Eu não sabia o que estava acontecendo. Mas algo havia mudado.

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