POV CASPIAN.
Desde que chegamos ao hospital, todos olhavam para Gaia com os mais diversos sentimentos. Mas isso não a afetou em nada. Ela andava como se fosse a dona do lugar. Notei de imediato que Aron não havia gostado de Gaia e estava mostrando hostilidade. O que era uma surpresa — ele nunca foi um lobo rude e impaciente. Mas, por algum motivo, ele parecia não querer Gaia aqui. Coloquei-o no seu lugar e deixei claro que deveria fazer o que ela solicitasse. Gaia também não facilitava. Mas eu, talvez por esse maldito vínculo, gostei de como ela se portava.
— Ela é uma alfa, o que esperava? Submissão? — perguntou Odin com divertimento.
— Você está certo, é da natureza dela ser assim — comentei. E ouvi Aron perguntar, irritado, o que ela estava fazendo. Gaia respondeu-o com frieza. Não gostei do tom de Aron ao se referir a ela.
— Você deveria dar uma lição a esse folgado, por falar com a nossa companheira com desrespeito — disse Odin, com raiva de Aron.
— Primeiro, deixe que lidarei com ele. E segundo, nós não somos companheiros. Eu a rejeitei — falei mentalmente.
— Você rejeitou, mas ela não aceitou e nem nos rejeitou. Isso significa que a Deusa Lua não desfez nosso vínculo de companheiros. Então, ela ainda é minha companheira. Quer você queira, quer não — falou com irritação.
— Pois precisamos resolver isso, e logo — comentei.
— Temos mesmo. Precisamos reconquistá-la — disse Odin, sério.
— Odin, não vamos tratar desse assunto agora — falei.
— Você que sabe. Mas fique sabendo que agora que sabemos e sentimos nossa ligação, as coisas vão piorar, e você vai querer mais e mais ficar próximo dela e começará a sentir sentimentos que não vai gostar — falou com satisfação.
— O que quer dizer com isso? — perguntei.
— Nada, você verá. Agora, olha como ela é delicada e cuidadosa com aquele filhote — disse Odin, mudando de assunto. Bufei, irritado com ele, mas quando olhei Gaia com aquele filhote, vi uma loba carinhosa e gentil, me surpreendi.
Gaia saiu de perto do filhote e falou o que estava acontecendo. E a notícia não era nada boa. Ela disse querer ver o corpo do primeiro infectado. E Aron ficou tenso com seu pedido, mas obedeceu após eu ordenar que fizesse.
No necrotério, Aron disse não ser seguro entrar, e Gaia concordou, dizendo que entraria sozinha. Não gostei dessa ideia, muito menos Odin, que ficou bastante tenso. Mas Gaia se mostrou ser, além de folgada e irritante, também teimosa. E entrou mesmo assim.
Maldição. Já fazia cinco minutos desde que Gaia entrou naquela maldita sala fria do necrotério. Meus olhos não paravam de encarar aquela porta de aço: imóvel, silenciosa, fria. Assim como tudo naquele lugar de morte. As palavras do doutor Aron — que era perigoso entrar — martelavam na minha mente.
— Droga… — murmurei, começando a andar de um lado para o outro. Meus punhos estavam cerrados, e o cheiro do necrotério grudava nas minhas narinas como veneno. Então senti um cheiro forte de magia — e era diferente da de Gaia. De repente, a presença dela… havia sumido.
Não havia nada. Eu não sentia seu cheiro. Não escutava o som de sua respiração. Nem mesmo o batimento suave do coração dela, que — de alguma forma — eu já saberia identificar no meio de uma multidão.
Soquei a parede ao lado com raiva de não poder fazer nada. O concreto rachou, e o sangue escorreu pelos meus dedos. Minutos… ou horas? Eu não sabia mais quanto tempo havia se passado. Odin estava quase tomando o controle. Eu sentia ele ameaçando vir à tona, pronto para destruir tudo se fosse preciso, para encontrar sua companheira. Meu lobo sofreu tanto por eu tirar nossa companheira… não podia permitir que a perdesse outra vez.
Eu andava de um lado para o outro. E então… ouvi uma voz, e logo outra voz. Uma era de Gaia. E a outra… de uma fêmea mais velha. Elas falavam algo, mas as palavras chegavam distorcidas, como se ecoassem de um sonho distante. Dei dois passos à frente, encostando de novo na porta.
— Gaia? — chamei num sussurro. Mas não obtive resposta e forcei a porta que se mantinha inabalável. Voltei a andar de um lado para o outro. Então…
A porta se abriu devagar, exalando o cheiro denso e sombrio da morte, misturado com o cheiro de café torrado. Então ela apareceu na porta, com os olhos arregalados, os lábios entreabertos e a respiração ofegante… eu não aguentei, nem pensei. Sem hesitar, andei a passos largos até ela e simplesmente a puxei para os meus braços, e a envolvi com força, querendo protegê-la.
— Maldição, Gaia! — murmurei contra seu pescoço. — O que aconteceu? Onde você foi? Você demorou demais… eu achei que… tivesse lhe acontecido algo — falei, e minha voz falhou.
Senti ela tensa em meus braços. Seu corpo tremia. Algo havia acontecido ali dentro… algo que eu não conseguia entender, mas que havia mexido com ela. Mas logo fui empurrado para longe dela, e senti um vazio por não a ter em meus braços.
— Que merda pensa que está fazendo? — disse, brava e séria. Odin finalmente se acalmou, mas ainda rosnava em alerta.
— Você está bem? — perguntei, olhando em seus olhos, ignorando sua pergunta.
— Não me abrace nunca mais — ordenou, com raiva, e saiu andando, esbravejando. Eu rosnei por ela sair andando, depois de toda a preocupação que me fez passar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA.