POV GAIA.
Chegamos ao hospital. Os pais de Caspian me deixaram na entrada principal e partiram.
Atravessei a recepção e a recepcionista me lançou um olhar carregado de desprezo, como se minha presença ali fosse um erro. Eu, sem abaixar o olhar, caminhei com firmeza em direção ao corredor dos elevadores. Foi então que ouvi a voz dela, cortante e desdenhosa:
— Com licença, para onde pensa que vai? — perguntou, com o tom de quem se sente acima dos outros. Não me dei ao trabalho de me virar.
— Meu trabalho — respondi, sem interromper o passo.
— Espere! Você não pode ir entrando assim, sem se identificar — esbravejou, já irritada.
Revirei os olhos e murmurei mentalmente: não acredito que terei que me estressar a essa hora da manhã com essa loba. Girei nos calcanhares, fria, e a encarei. Era a mesma de ontem que nos abordou. A audácia dela me enojava.
— Você sabe muito bem quem sou, se tiver algum problema, fale com o seu alfa. E mais uma coisa: deveria estar usando máscara e luvas. Seu superior não te avisou? — Perguntei e cruzei meus braços, firme. A autoridade na minha voz pareceu desmontá-la por dentro. Ela engoliu em seco.
— Desculpa, senhorita, não a reconheci. E... ainda não fui informada sobre o uso de máscaras e luvas — respondeu, fingindo esquecimento. Loba sonsa. Ela saiu de trás do balcão, apressada, com um crachá na mão.
— Aqui está seu crachá de identificação. Não será preciso incomodar o alfa Caspian. E se puder deixar esse mal-entendido entre nós, eu agradeço… — pediu, já visivelmente nervosa. O medo no olhar dela dizia tudo: os Crescentes temem o próprio alfa. Peguei o crachá, mantendo minha postura.
— Gosto de ser tratada com o mesmo respeito que ofereço. Não vou comentar nada… por hoje. Mas sugiro que reveja sua maneira de tratar quem entra aqui — falei com um aceno firme, e virei-me sem mais.
Ela soltou um suspiro aliviado, entrei no elevador. Apertei o botão do quinto andar, rumo ao isolamento, enquanto sentia a tensão do ambiente se intensificar. Quando as portas se abriram no quinto andar, fui engolida por um turbilhão de sons e movimentos.
O ambiente estava caótico. Médicos e enfermeiros cruzavam os corredores apressadamente, com olhares exaustos e semblantes tensos. O ar ali estava denso, quase sufocante, carregado de preocupação e... aflição. Havia lobos por todos os lados, alguns gemendo de dor, outros em silêncio profundo. Mais doentes do que ontem. Muitos mais.
Mas o que mais me irritou — indignou — foi ver que ninguém estava usando equipamento de proteção. Máscaras, luvas… nada. Como Caspian pôde permitir isso? Ele ficou de equipar todos os funcionários.
Engoli minha frustração e avancei com passos decididos até o fim do corredor, onde encontrei o doutor Aron. O modo como ele me olhou ao me ver chegar, com aquele incômodo mal disfarçado, já me acendeu o sinal de alerta.
— Felipe, vá até o almoxarifado, traga as máscaras e luvas e distribua para todos — ordenou, tenso, para um enfermeiro que saiu correndo para cumprir a tarefa.
— Todos vocês, voltem ao trabalho! — gritou, irritado, tentando recuperar a autoridade.
Continuei andando na direção da ala de isolamento, mas, quando passei por ele, senti sua mão agarrar meu braço com força. Me obrigando a parar. Um gesto impulsivo, estúpido. Virei o rosto devagar, com a calma de quem guarda uma tempestade.
— Nunca mais fale comigo dessa maneira na frente dos meus subordinados, sua bruxa — cuspiu, com raiva fervendo nos olhos.
Senti meu sangue ferver — e com ele, minha magia se agitar. Fiz questão de deixar fluir. Minha mão brilhou num tom lilás intenso.
— É melhor tirar a mão de mim… ou vai perdê-la — murmurei, gelada. O toque dele se desfez como se tivesse encostado em brasas. Ele recuou imediatamente, e o medo escancarado em seu olhar me deu vontade de rir. Mas fui além.
— Só não se meta onde não é chamado — Falou e tentou recuperar a pose, mas sua voz trêmula o traiu. Sorri mentalmente com a audácia desse lobo. Acho que ele precisa saber com que está lidando. Talvez eu deva mostrar minha doçura para ele.

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