POV GAIA.
Eu consegui estabilizar todos os pacientes da ala de isolamento. Ainda não podia salvá-los, mas consegui mais um dia de vida para eles. Lidar com magia negra era desgastante, até para mim. Aquela bruxa fez um feitiço tão bem feito que eu não conseguia absorver ou retirar a magia que estava infectando os lobos doentes. Eu estava exausta. Caminhei até uma cadeira e me sentei. Fechei os olhos por um instante. Senti uma mão tocar no meu ombro. Abri os olhos e virei a cabeça. A enfermeira estava parada ao meu lado e tinha um copo na outra mão.
— Tome um copo de água, senhorita Carter. E descanse um pouco — falou, sendo gentil.
— Obrigada — falei, agradecendo, e peguei o copo. Tomei um pouco e respirei fundo.
— Como fez para estabilizar os pacientes? — perguntou, curiosa.
— Usei um pouco de magia. Magia combate magia. Usei meus poderes para ajudar. Mas preciso de mais que feitiços para lidar com essa doença. Farei alguns remédios para auxiliar no tratamento — expliquei.
— Nossa, eu não sabia que magia podia fazer essas coisas. A senhorita é muito inteligente e poderosa — falou, impressionada.
— Pode me chamar de Gaia. Qual seu nome? — perguntei.
— Me chamo Vânia. Senhorita… quer dizer, Gaia. Você não é nada do que falam — disse, sem jeito. Eu pensei em perguntar o que falavam de mim, mas isso não me importava.
— Eu não me importo com o que falam de mim. Não devo nada a ninguém. E nós, bruxas, somos muito injustiçadas por causa de uma minoria — comentei.
— Bem, você é a primeira bruxa que conheço. Nosso alfa proibiu a entrada delas aqui na alcateia. É verdade que foi companheira dele? — perguntou.
— Sim. Ele me rejeitou assim que descobriu que eu era uma bruxa — falei e dei de ombros. Vânia arregalou os olhos, surpresa.
— Acho melhor ir para as outras alas e examinar os pacientes. Preciso voltar para a casa do alfa e começar a produzir remédios — falei e me levantei, colocando fim ao assunto rejeição. Vânia pareceu entender e mudou de assunto.
— Eu vou com você, só preciso pedir para outra enfermeira ficar aqui — disse.
— Não precisa me acompanhar — comentei. Não queria tirá-la de suas obrigações.
— O diretor, doutor Aron, me instruiu a acompanhá-la sempre e ajudar em tudo que precisar — comentou. Aquele médico queria me manter sob vigilância.
— Se é sua missão me acompanhar, tudo bem — falei e fui até a porta. Ela veio atrás. Assim que saímos no corredor, havia uma agitação. Algo estava acontecendo.
— O que será que aconteceu? Com licença, vou falar com aquela enfermeira para ficar no meu lugar e descobrir o que está acontecendo — disse Vânia, e foi na direção de um grupo de enfermeiras que pareciam bastante nervosas. Usei minha super audição para escutar.
— Oi, Ane. O que está acontecendo? — perguntou Vânia.
— Encontraram um corpo dilacerado na floresta. Estão dizendo que foi uma bruxa que o matou — falou, nervosa.
— Que horror. Sabem de quem é o corpo? — perguntou Vânia, assustada.
— Ainda não. O alfa mandou levar para o laboratório forense. Doutor Aron foi correndo para lá para ajudar. Irão fazer exames para descobrir quem é aquela pobre alma — disse, apreensiva.
— Com esse assassinato, não estamos seguros. Quem será essa bruxa? — perguntou Vânia. Ane e as outras olharam na minha direção e desviaram o olhar quando viram que eu as observava.
— Estão dizendo que quem fez essa monstruosidade foi ela — falou outra enfermeira, se referindo a mim. Só pode ser brincadeira. Se tem uma bruxa na área, coloquem a culpa nela.
— Ela não faria isso — disse Vânia, me defendendo.
— Ouviu? — perguntou, com os olhos arregalados. — Não ligue para o que elas falaram e o que estão dizendo. Sei que você não fez o que estão dizendo — falou.
— Você é uma boa loba, Vânia — comentei.
— Obrigada — disse, tímida.
Entramos na enfermaria, e as enfermeiras que estavam ali olharam para mim com raiva e se afastaram. Revirei os olhos e fui até o primeiro paciente, começando a examiná-lo. Após uma hora, já havia examinado cada paciente daquela enfermaria. Eu sentia os olhares hostis às minhas costas a todo momento. Quando terminei, fui para a próxima ala.
Quando chegou a hora do almoço, já havia examinado todos os que estavam infectados. Me despedi de Vânia e saí para voltar para a mansão de Caspian. Quando cheguei do lado de fora, resolvi ir andando. Eu podia chegar à casa do alfa sozinha. Quando dei meu primeiro passo, meu caminho foi obstruído por dois indivíduos. Dois machos altos e fortes pararam na minha frente e estavam exalando fúria.
— Bruxa maldita! Como pode matar um dos nossos? — falou o moreno, com ódio. Arqueei a sobrancelha.
— Vamos te ensinar uma lição — disse o outro. Sorri de lado com sua audácia.
— Sério que esses infelizes querem nos enfrentar? — perguntou Minerva, desdenhosa.
— É o que parece — falei mentalmente.
— Ensina logo uma lição a eles — disse Minerva, ansiosa. Olhei para ambos com desdém.
— Rapazes, eu não tenho tempo a perder com vocês. Então, acho melhor irem embora — falei e passei entre os dois. Mas senti meu braço ser segurado com força por um deles. Sua garra machucou meu braço. Minerva tomou automaticamente o controle. Virei minha cabeça e tinha certeza de que meus olhos estavam azuis e cruéis.
— Não deveria ter feito isso — falei e rosnei alto. Os dois ficaram assustados.

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