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O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 46

POV GAIA.

Aina me guiou até a sala de estar em silêncio. Senti sua mão apertar a minha com delicadeza, como se tentasse transferir alguma calma que. Sentamos lado a lado no sofá, e ela logo chamou uma, ômega que passava apressada pelo corredor.

— Traga o kit de primeiros socorros. — ordenou com a voz firme.

A ômega parou ao me encarar, seus olhos arregalados ao ver o sangue escorrendo pelo meu braço. Por um segundo, ficou congelada. Então, virou nos calcanhares e correu para cumprir a ordem. Logo ela voltou com o kit, evitando meu olhar, e nos entregou antes de se afastar rápido, como se sua presença ali fosse um erro. Fiquei somente com Aina, mas logo depois, Conrado, entrou e se acomodou em outro sofá, de frente para nós. Seu olhar era sério, avaliador e atento. Aina abriu o kit, pegou o antisséptico e o algodão.

— Vai arder — avisou, mas sua voz era suave, quase maternal.

— Tudo bem — murmurei, mantendo o olhar no corte. Ela começou a limpar com cuidado, mas firmeza. A sensação de ardência era mínima comparada à tensão em meu peito.

— Gaia… por que ainda não se curou? — perguntou, franzindo o cenho, os olhos preocupados presos no ferimento. Soltei um suspiro longo.

— Usei muito da minha energia no hospital. Gastei muito poder com os pacientes. Minha regeneração ficou mais lenta. — expliquei. Vi Aina e Conrado trocarem um olhar rápido, uma mistura de surpresa e… apreensão. O ar parecia mais denso de repente.

— Você… sacrificou sua energia para ajudar aqueles lobos? — perguntou Aina, com os olhos marejando levemente.

— Sim. — respondi com calma. — Mas só preciso descansar um pouco. Em breve estarei bem de novo. — Garanti.

— Você não pode se arriscar assim, Gaia. — disse Conrado, sua voz carregada de preocupação, os punhos cerrados sobre os joelhos. Sorri, mesmo cansada.

— Mas eu preciso fazer o possível para salvar vidas. Cada uma delas importa… mesmo que não sejam da minha alcateia. — Comentei.

Conrado desviou o olhar por um instante, como se tentasse engolir uma emoção que não queria mostrar. Quando voltou a me encarar, havia algo diferente. Respeito. E algo mais… algo que ele ainda não deixava transparecer por completo. Aina terminou o curativo, colocando uma gazes e um esparadrapo, e deu um tapinha suave em minha mão.

— Agora, você precisa se alimentar. Depois, banho e cama. Sem discussão. — Ordenou. Não consegui evitar o sorriso.

— Está me tratando como uma filhote. — Falei.

— Estou cuidando de você. É diferente. — respondeu com um olhar terno, mas firme. Resolvi perguntar sobre o corpo que apareceu.

— O que estavam falando no hospital e gerou essa confusão, é verdade? Encontraram um corpo? — perguntei. Conrado olhou sério e suspirou.

— Sim, foi encontrado um corpo dilacerado na floresta. — contou.

— As enfermeiras falaram que foi usado magia. — comentei.

— Sim. Conforme o que soubemos, havia símbolos. Mas Caspian não conversou conosco. Então, é tudo especulação. — falou Aina. Eu sorri de lado.

— Eu já ouvi o que estão dizendo. Acham que fui eu. Aqueles dois machos arrumaram confusão comigo por pensar assim. — falei séria e despreocupada.

— Vou começar a trabalhar na edícula assim que descansar um pouco. E, sim… vocês podem ajudar pedindo ao jardineiro que colete algumas ervas específicas. Vou entregar uma lista com os nomes e quantidades. — Falei.

— Vamos ajudar no que for preciso. — garantiu Aina com firmeza.

— Obrigada. — sussurrei, sentindo a gratidão apertar no peito. Conrado me observava. Havia uma pergunta nos olhos dele. E, finalmente, ele a soltou.

— Você acredita que vai conseguir? — perguntou. Encarei seus olhos diretamente. Não havia espaço para dúvidas, nem hesitação.

— Eu nunca deixei um doente sem tratamento. E não vou começar agora. — afirmei. Ele assentiu lentamente, como se algo dentro dele finalmente se acalmasse.

Depois do almoço, fui para o quarto. O banho foi rápido, mas necessário. A água morna lavou o sangue seco e um pouco do cansaço. Deitei e, em minutos, adormeci. Quando acordei, o sol já não batia mais com tanta força pela janela. Devia ser por volta das quinze horas. Me levantei, vesti uma roupa leve e caminhei até o jardim. O cheiro da terra molhada me recebeu, e o som dos pássaros preenchia o ar.

A edícula ficava ao fundo, cercada por arbustos bem cuidados e algumas trepadeiras que subiam pelas colunas laterais. Era uma construção pequena, com paredes de pedra cinza e janelas de madeira envernizada. O telhado era coberto de musgo em alguns pontos, o que a fazia parecer parte do próprio jardim.

Empurrei a porta devagar. O interior era simples, mas acolhedor. Uma bancada de madeira tomava uma das paredes, com prateleiras acima. Havia uma mesa no centro, grande, robusta, pronta para receber ingredientes e ideias. No canto, um pequeno fogareiro de metal e uma pia de pedra com um balde ao lado. Fechei a porta atrás de mim e respirei fundo. Ali, finalmente, era o meu lugar. Eu estava surpresa de que Caspian ordenou que deixassem o lugar tão acolhedor e com a minha cara.

— Agora sim… podemos começar. — murmurei para mim mesma.

Minerva somente fez um resmungo em aprovação em minha mente. Ela era, às vezes, silenciosa — mas presente. O trabalho estava somente começando. Fiz um feitiço de deslocamento para trazer tudo que precisaria para trabalhar. As prateleiras foram preenchidas com potes de vidro, frascos com líquidos coloridos e alguns livros antigos de herbologia e alquimia. Olhei, satisfeita. Agora, poderia começar.

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