POV GAIA.
Comecei a organizar tudo com calma. Posicionei os potes por ordem de uso, alinhei os frascos com cuidado e deixei os livros abertos nas páginas que precisaria consultar. Toquei a madeira da bancada e fechei os olhos por um momento. O cheiro da lavanda seca, misturado ao leve aroma de resina e terra, me deu uma estranha paz.
— Minerva… — chamei mentalmente. — O que achou do que Conrado disse sobre não saber o que aconteceu? — perguntei.
— Acho que ele não quis comentar. Caspian deve ter pedido sigilo — disse.
— Também pensei isso. Vamos aguardar. Logo saberemos de tudo — comentei.
— Sim. Não podemos nos meter nesses assuntos da alcateia, a menos que nos envolva — disse séria.
— Mas já nos envolveram nessa história, quando me acusaram — falei e suspirei.
— Verdade — concordou.
— Vou me concentrar nos remédios. Não posso me distrair agora. Mas fique atenta a tudo. — Falei.
— Já estou fazendo isso — respondeu ela com sua voz serena. — Mas você está fraca. Não se esqueça disso — falou, preocupada.
— Eu sei… Mas eles precisam de mim. Não posso parar agora. Dei minha palavra que ajudaria e faria o possível — comentei.
— Eu sei, Gai, mas não se force demais. Você já se desgastou demais hoje. E seu ferimento ainda não curou. Isso é preocupante — disse, apreensiva.
— Eu sei, Mi. Só preciso restaurar minha energia e vou me curar — garanti. Eu sabia que retardar a morte daqueles lobos usou muito do meu poder.
— Está bem, mas vai me prometer que não vai mais usar seu poder e energia para curar mais ninguém. De agora em diante, usará somente seus remédios, poções e unguento — pediu firme.
— Eu prometo. Fui imprudente — falei.
— Ótimo. Agora vai trabalhar — disse, brincando. Eu sorri de lado.
Senti sua presença se recolher levemente, ainda vigilante. Apontei a mão em direção à bancada e murmurei um feitiço de proteção. Um leve brilho dourado envolveu a sala, criando uma barreira sutil contra qualquer interferência. Eu não podia arriscar ser interrompida. Ainda mais que já tentaram me atacar. Todo cuidado é pouco.
Abri o primeiro dos livros e comecei a folhear as páginas, procurando uma fórmula-base. Tinha uma ideia do que precisava: um composto que estabilizasse a energia interna do lobo infectado, retardasse o avanço do veneno mágico e tratasse os sintomas. Anotei os ingredientes principais e, com gestos rápidos, tracei o símbolo de ativação sobre a madeira da bancada.
Meus dedos tremiam um pouco. O esforço da manhã ainda pesava no meu corpo, mesmo após o banho e o descanso. Mas minha mente… estava clara. Determinada. Uma batida leve na porta me tirou da concentração. Senti o cheiro e sabia quem estava lá fora.
— Pode entrar — falei alto e murmurei algumas palavras para permitir que ela passasse pela barreira de proteção. Aina apareceu na porta com uma cesta nas mãos. O cheiro das ervas frescas preencheu o ambiente no mesmo instante.
— O jardineiro colheu tudo da sua lista. Está tudo aqui — disse com um sorriso gentil e se aproximou.
— Obrigada, Aina — respondi com sinceridade. Ela pousou a cesta sobre a mesa e me observou por um momento. Seus olhos analisaram meu rosto, como se procurassem por qualquer sinal de que eu estava piorando.
— Tem certeza de que está bem para fazer isso agora? — perguntou, atenta.
— Eu confio na sua capacidade e talento — Minerva respondeu.
— Obrigada, Mi, pelo seu apoio — falei, agradecida.
Mas eu sabia… aquilo era só o primeiro passo. O que eu tinha era somente um estabilizador temporário. Precisaria de mais. Muito mais. Mais ingredientes e tempo. E que encontrasse a maldita bruxa responsável por tudo isso.
Fechei os olhos por um momento e respirei fundo. Meu corpo doía, meus músculos pesavam, mas meu coração estava esperançoso. Guardei a amostra em um frasco escuro, etiquetei com runas de preservação e alinhei tudo nas prateleiras. A noite havia caído completamente agora, as luzes do jardim estavam ligadas e o deixavam lindo à noite.
— Gaia? — ouvi a voz de Conrado do lado de fora. Me aproximei da porta e a abri. Ele estava ali, com uma expressão preocupada, mas que se suavizou ao me ver.
— Está tudo bem? — perguntou. Assenti com um leve sorriso.
— Sim — respondi. Ele me observou por alguns segundos. Seus olhos buscaram os meus e, por um instante, ficamos em silêncio.
— Parece exausta… — murmurou.
— Um pouco — admiti, com sinceridade.
— Aina pediu para prepararem algo quente para você comer. Está nos esperando. Vem? — falou.
Assenti, e ele estendeu a mão. Aceitei. Murmurei algumas palavras antes de fechar e trancar a porta, deixando tudo protegido. E caminhamos de volta para a mansão e senti meu corpo ainda mais cansado. E comecei a me preocupar. Não era normal todo esse cansaço. E temi que estivesse doente.

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