POV CASPIAN.
Com cuidado, a tomei nos braços, como se fosse feita de vidro. A cabeça dela tombou contra meu peito, e algo dentro de mim se agitou com aquele gesto involuntário. O desespero de Odin, apertava meu peito enquanto eu observava Gaia desacordada, sua pele ardendo, os lábios ressecados, o corpo frágil em meus braços. Sua respiração era curta, e seus olhos… fechados, como se dormissem um sono do qual eu temia que ela não acordasse.
— Faça alguma coisa… — a voz de Odin ecoou dentro da minha mente, aflita e trêmula. — Minha Gaia, está doente e em perigo. — Falou e eu podia sentir sua angústia.
Minha mandíbula travou. Meu sangue gelou de aflição. Eu não conseguia pensar com clareza. Só conseguia sentir. Que a febre dela era real, assim como sua fraqueza. E a culpa começou a se infiltrar no meu coração feito veneno. Eu a confrontei e nem notei que não estava bem. E um terrível pensamento passou pela minha mente. Ela não podia estar infectada. Gaia veio para ajudar. Ela era nossa esperança. Se ela adoecesse… o que seria de nós? O que seria de mim e Odin?
— Caspian? — ouvi a voz da minha mãe atrás de mim, mas não respondi. Eu só queria tirá-la dali. Proteger, cuidar. Corrigi meus próprios erros. Subi as escadas com pressa, mas não fui para o quarto dela. Minha mãe chamou mais uma vez:
— Filho para onde a está levando? — Perguntou.
Continuei andando e levei Gaia para o meu quarto. O único lugar onde eu sentia que nada poderia tocá-la. Onde ninguém ousaria interferir. Meu quarto era meu refúgio, e agora seria o dela. Meus passos apressados fazia barulho no piso do corredor. Quando cheguei a porta do meu quarto, meu pai, sem dizer nenhuma palavra, adiantou-se e abriu a porta. Entrei rapidamente.
As paredes do meu quarto eram revestidas em madeira, e tinha um cheiro de madeira envelhecida que me agradava. O calor das brasas na lareira, deixava o quarto aquecido e aconchegante — tudo ali era sólido, forte, seguro. Tinha minha alma impressa em cada canto: rusticidade, ordem, silêncio. Um lugar de descanso. Másculo, austero. E agora, com o toque, delicado pela presença dela. Meu quarto pareceu mais completo com a presença de Gaia.
Coloquei Gaia na cama com todo cuidado do mundo, ajeitando sua cabeça no travesseiro, afastando mechas úmidas de seu rosto. Minha mãe logo estava ao lado dela, tateando sua testa, os olhos marejados de preocupação. Me afastei e passei a mão pelo meus cabelo, nervoso. Não sabia o que fazer. A impotência me sufocava.
— Precisamos chamar um médico — disse meu pai, firme. — E tratar essa febre agora. — Falou enquanto me olhava. Concordei e iria falar algo, mas antes que eu pudesse abrir a boca, uma voz soou, fria e cortante.
— Não será necessário. Eu mesma cuido da minha neta. — Disse. O seu cheiro invadiu o lugar. Meus músculos se enrijeceram. Me virei, rosnando por ela estar aqui.
— Você gosta realmente de invadir e aparecer sem ser chamada — falei entre os dentes, contendo o impulso de avançar. Ela ignorou minha raiva. Enquanto a nevoa em volta dela desaparecia e caminhou até a cama. Sentou-se ao lado de Gaia e pousou a mão sobre sua testa com uma calma que me irritava profundamente.
— Vim por Gaia. Senti que ela estava precisando de mim. Não que eu lhe deva explicações — respondeu com o mesmo tom desaforado da neta. Olhei para meus pais, esperando que dissessem algo. Mas permaneciam calados.
— Pai… mãe… essa é Morgana, rainha das bruxa. A bisavó de Gaia — Falei apresentando. Minha mãe respondeu sem hesitar:
— Nós já conhecemos Morgana, querido. — Disse naturalmente e concentrada em olhar para Gaia.
— Como estão? — perguntou Morgana, sem sequer encará-los. — Parecem abatidos. — Comentou. Meu pai respondeu, contido:
— Como assim? — perguntou meu pai, apreensivo. Morgana olhou para Gaia com carinho, que nunca imaginei que essa bruxa, pudesse ter.
— É uma febre mágica. Não vamos conseguir tratá-la com remédios normais. Preciso de uma poção. — Falou.
— Vamos providenciar tudo que precisar. Tenho certeza que encontrará tudo no laboratório que Gaia, montou no jardim. — Disse minha mãe.
— Não será preciso, eu posso providenciar tudo que precisarei, mas podem me ajudar com um espaço para fazer a poção. — Falou Morgana.
— Você pode usar a cozinha, ou qualquer outra dependência da casa. — Falei. Morgana somente me olhou com aquela frieza que notei que era sempre direcionada a mim.
Me aproximei e ajoelhei ao lado da cama e segurei a mão de Gaia com firmeza. Sua pele queimava. Seus dedos não se mexiam. Morgana deu uma risada sem humor. Olhei em sua direção, não entendendo sua reação.
— Parece que já descobriu que continuam ligados. — Falou com frieza e desgosto evidente.

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