POV CASPIAN.
Olhei para Morgana, surpreso. Minerva havia sido clara: ninguém sabia que Gaia não havia aceitado a rejeição. Como essa bruxa sabia?
— Você sabia? — perguntei, estreitando os olhos. A tensão crescia dentro de mim, densa, sufocante. Se Morgana falasse com Gaia… nosso plano desmoronaria. Ela me encarou com frieza. Seus olhos, duros como pedra, pareciam me sondar, tentar ver o que se passava em minha mente.
— Eu desconfiei. Mas tive certeza agora, ao ver um alfa que rejeitou sua companheira com crueldade, ajoelhar-se como um tolo apaixonado, tremendo de medo por ela. — Seu tom era seco, mordaz. — Não sei por que minha bisneta não aceitou sua rejeição… mas logo saberei. — Garantiu enquanto observava. Odin ficou tenso dentro de mim, a respiração dele ecoava na paredes da minha mente.
— Se essa bruxa velha abrir a boca, estamos perdidos! — rosnou Odin, aflito.
— Calma. Minerva vai nos ajudar. Vamos dar um jeito. — respondi em pensamento, tentando acalmar não só ele, mas a mim também. Morgana deu um último olhar gélido para mim e virou-se em direção à porta.
— Preciso preparar a poção. Me mostrem onde posso começar. Preciso ser rápida, antes que essa febre piore. — disse, saindo com meus pais a acompanhando.
A porta se fechou atrás deles, deixando o quarto em um silêncio inquietante. A única coisa que quebrava a quietude era o som da respiração irregular de Gaia.
Me levantei e sentei ao seu lado, ainda segurando sua mão. Seu corpo estava ainda mais quente. O suor escorria por sua testa e seus lábios estavam entreabertos, pálidos. De repente, ela se agitou.
— Não… por favor… — murmurou com a voz fraca. Me endireitei, o coração martelando no peito.
— Gaia? — Chamei. Seus olhos continuavam fechados, mas o rosto dela contorcia-se em dor. Como se estivesse presa em um pesadelo que a dilacerava por dentro.
— Não me rejeite… — ela implorou, a voz falhando em meio aos tremores. — Caspian… porque…. — Falou em agonia e sofrimento.
Minha respiração falhou quando ouvi. Suas palavras pareciam cortar minha alma como lâminas afiadas. Meu estômago revirou, e uma náusea me atingiu como uma maré cruel. Odin soltou um uivo baixo, angustiado.
— Ela está revivendo o dia da rejeição. — ele sussurrou, tomado pela culpa.
Segurei a mão dela com mais força, como se pudesse puxá-la de volta daquele lugar sombrio onde minha rejeição ainda a assombrava. Ela deu outro grito, dessa vez era de dor, senti um frio percorrer minha espinha.
— Gaia, sou eu. Estou aqui. — falei, desesperado. — Você está segura agora. Não vou mais te machucar. Nunca mais. — Garanti, tentando tirá-la daquele pesadelo.
Mas ela continuava em transe, se contorcendo, suando, chorando baixinho, como se estivesse sendo dilacerada por dentro. Toquei seu rosto, seus cabelos encharcados, acariciei suas têmporas. Nada adiantava. O desespero me consumia como um incêndio incontrolável.
— Obrigado. — murmurei, para Morgana.
Ela não respondeu. Somente me observou por um longo momento e, então, se retirou com discrição. Suspirei olhando para Gaia. Quando ela acordar… e se me perdoar… talvez, só talvez… eu ainda tivesse uma chance de consertar tudo.
Fiquei ali, sentado ao lado dela, sentindo o calor da lareira e o peso insuportável da culpa. A mão de Gaia agora estava mais morna, a febre começava a ceder. Mas, por dentro, algo em mim ainda ardia — uma dor surda, profunda. Ela não devia estar assim. Eu era o culpado por sua agonia.
Observei seu rosto por longos minutos. Cada traço seu parecia mais frágil agora. Os cílios úmidos ainda denunciavam as lágrimas que ela havia derramado mesmo inconsciente. Seus lábios, entreabertos, murmurou um nome: o meu. Meu peito apertou. Toquei de leve seu rosto, acariciando.
O tempo passou lento. A madrugada caiu, densa, silenciosa. Minha mãe trouxe uma manta. Meu pai me ofereceu café. Morgana entrou e saiu em silêncio algumas vezes para verificar a febre. Mas eu não saí dali. Nem por um segundo.
Naquela madrugada, falei com ela em sussurros. Pedi desculpas. Pedi perdão. Fiz promessas que talvez ela nunca soubesse, mas que precisei dizer.
— Eu nunca deveria ter te rejeitado… — murmurei, apoiando a testa na mão dela. — Eu devia ter protegido você… não ter fazer sofrer. Isso… isso vai me assombrar até meu último dia. — Comentei. Gaia se mexeu levemente. Um suspiro escapou de seus lábios, mais tranquilo.
— Estou aqui… — falei baixinho. — Você não ficará mais sozinha. — prometi. Fechei os olhos por um tempo, encostado na cabeceira da cama, sem perceber acabei adormecendo.

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