POV GAIA.
Fechei os olhos e respirei fundo. A raiva ainda queimava em mim como brasas incandescentes. Minerva demorou alguns segundos para se manifestar. Senti sua presença emergindo lentamente, como cautela.
— Você tem razão em estar com raiva… — sua voz veio baixa, tensa. — Eu escondi essa informação de propósito. Enterrei fundo na parte mais remota da sua mente. Fiz você esquecer, fiz isso por nós, quando nos recuperamos da rejeição e percebi que o laço de companheirismo ainda estava lá. Eu sabia que, se ele se rompesse definitivamente naquele momento, nós sofreríamos muito mais que Caspian. Você estava frágil naquele momento. Temi pela sua vida — argumentou Minerva em minha mente.
— Você me deixou ligada a alguém que me destruiu, que quase me matou — falei magoada e irritada.
— Gai, só nós duas sabemos como ficamos após a rejeição. Eu quase desapareci. Se não fosse por sua parte bruxa, eu não existiria, e você não teria força para continuar viva depois da minha morte. Gai, você quase morreu… Como eu poderia te deixar passar pela dor do rompimento definitivo do laço de companheirismo? — perguntou, triste.
— Minerva, eu posso aceitar que tenha pensado no meu bem, mas não aceito que tenha mentido para mim. E sei que não fez isso só por mim. Diga a verdade que eu sinto que não quer dizer — falei firme.
— Foi por esperança também — respondeu, firme. — Porque, mesmo naqueles dias difíceis, eu sentia que Caspian iria se arrepender amargamente. Que, um dia, ele veria o erro que cometeu e nos procuraria em busca de perdão. E que nós merecíamos ter um companheiro. Eu e você. Eu não queria perder meu vínculo, Gaia. Eu não queria perder Odin pelas decisões infelizes da parte humana dele — contou. Minha respiração travou por um segundo.
— Você não queria perder Odin — afirmei.
— Sim — confessou, sem rodeios. — Eu sentia que Odin não participou da rejeição. Que aquilo foi uma decisão de Caspian. E eu estava certa. Quando conversei com Odin, ele me contou tudo. Caspian tomou aquela decisão sozinho, ignorando o próprio lobo. Escolheu nos rejeitar por ódio, sem sequer nos dar uma chance — falou com raiva.
— Mi, você sabe como a rejeição me destruiu — minha voz tremeu. — Sabe o que senti a cada dia, cada noite. Eu chorei, gritei, implorei à Deusa que colocasse fim àquele sofrimento. Eu cometi um pecado terrível em busca de colocar fim àquela dor. E agora descubro que continuo ligada a ele, e você me diz para não rejeitar aquele maldito? — falei com raiva. Senti Minerva ficar com medo quando mencionei meu pecado.
— Gaia… — disse e suspirou, culpada. — Eu errei quando menti para você — falou envergonhada.
— Que bom que, ao menos, admite seu erro — falei, amargamente. — Mas o que esperava, Minerva? Que, quando eu descobrisse o vínculo, eu fosse correr para os braços do Caspian como uma idiota? — perguntei, irritada.
— Não — respondeu firme. — Mas esperava que pudesse ao menos considerar se dar uma segunda chance. Gaia, o seu vínculo com Caspian quase foi desfeito, mas o meu com Odin, mesmo fraco, era forte o suficiente. Todos esses anos… eu continuei ligada a ele. Sabe como doeu? Sabe como foi difícil esconder de ti meu sofrimento, de estar presa a um companheiro que não poderia ter, por culpa da parte humana dele? Eu errei e peço perdão. Mas merecemos uma segunda chance — argumentou.
Bufei, irritada. Me levantei bruscamente da cama, sentindo as pernas ainda trêmulas, mas ignorei a dor. Não gostei de saber que Minerva sofreu sozinha em silêncio por sete anos. Mas eu não conseguia nem imaginar ficar com alguém que me fez tanto mal. Respirei fundo e falei:
— Minerva, pode tirar essa ideia tola da sua cabeça. Eu nunca vou ficar com Caspian. Nunca! Agora estamos fortes e passaremos pelo rompimento do vínculo sem grandes danos. Você vai ter que se contentar com outro companheiro. Agora entendo por que nunca apareceu outro em todos esses anos. E por que se isolava e ficava calada sempre que eu transava — comentei. — É porque continuava ligada a esse maldito alfa. Mas vou resolver isso, hoje mesmo — garanti. Minerva pareceu entrar em pânico.
— Será mais doloroso para ele se você o iludir. Se fizer Caspian se apaixonar por você. O que não será difícil, já que ele já sente o vínculo. Então o faça se rastejar aos seus pés… e, quando estiver completamente entregue, destrua o coração dele como ele fez com o nosso — contou seu plano.
Fiquei em silêncio. Aquela ideia… era cruel, fria e brilhante. Teria que fingir. Ter mais contato com Caspian. E isso… seria difícil. Muito difícil. Mas… a ideia de vê-lo sofrendo me daria um gosto doce de prazer. Seria uma vingança doce e prazerosa. Sorri mentalmente. Depois de um tempo refletindo, respondi:
— Sua ideia é boa. Ótima, aliás. Acho que posso adiar essa rejeição por um tempo… — falei, encarando o vazio e sorrindo. — Mas você não vai sofrer ao ver seu Odin sofrendo? — perguntei, preocupada.
— Como você mesma disse, terei que aceitar que terei outro companheiro. E estamos fortes agora, então vou superar — disse Minerva, decidida.
— Mas, se eu ver que este plano não está funcionando… eu o rejeitarei imediatamente. Sem piedade — prometi com firmeza.
— Combinado — disse e suspirou, aliviada.
Mas eu ainda sentia a tensão dentro de mim como uma corda esticada até quase arrebentar. Espero que essa decisão não me cause problemas no futuro. Mas eu estava satisfeita, pois, dessa vez… quem sentiria a dor seria ele. E eu assistiria.

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