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O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 61

POV CASPIAN.

Meu pai me acompanhou em silêncio enquanto eu saía da prisão. O ar lá fora parecia mais pesado do que nunca. Sem dizer uma palavra, deixei que meu lobo assumisse o controle. Precisava sentir o chão sob minhas patas, o vento cortando meu focinho, precisava correr. Meu pai me imitou. Ele sempre soube o momento exato de ficar em silêncio — e esse era um deles.

Correr pela floresta era como tentar fugir de mim mesmo. As árvores passavam em alta velocidade, como vultos borrados ao redor, mas nenhuma corrida seria rápida o suficiente para apagar o peso que carregava. As palavras daqueles dois ainda ecoavam em minha mente, e a culpa… Ah, a culpa me corroía como ácido nas veias.

Causei tanto mal à Gaia, a loba que amei desde que éramos somente filhotes. Por que permiti que meu ódio e minhas cicatrizes me dominassem? Por que fui fraco a esse ponto?

Quando nos aproximamos do centro da alcateia, uma necessidade urgente de fazer algo útil me dominou. Precisava esvaziar a mente. Precisava lutar.

— Vou para o centro de treinamento, preciso lutar um pouco — falei mentalmente com meu pai, minha voz carregada de tensão.

— Vou com você. Faz um tempo que não luto — respondeu ele. Sabia que não era só pela luta. Ele queria me ajudar, do jeito que podia.

Assim que chegamos ao centro de treinamento, voltamos à forma humana. Estávamos nus, nossas roupas haviam ficado para trás, largadas na floresta. Ainda bem que sempre deixo roupas guardadas ali. O local estava completamente vazio, graças à ordem de isolamento. O silêncio parecia ecoar pelas paredes. Seguimos em direção à arena de luta. No caminho, encontramos Octávio saindo da academia. Seu corpo suava, o olhar estava sério, mas respeitoso.

— Alfa. Senhor Conrado — cumprimentou, curvando-se ligeiramente.

— Já terminou seu treinamento? — perguntei, direto.

— Sim. Eu precisava de uma válvula de escape. E treinar me ajuda — respondeu, com um cansaço na voz.

— Venha. Eu preciso lutar — falei, sem hesitar, e segui em frente.

A arena estava do jeito que eu lembrava: ampla, imponente, projetada para desafiar até os mais fortes. Em volta, as arquibancadas vazias traziam uma sensação estranha — como se fantasmas de lutas passadas ainda pairassem por ali. Normalmente, realizamos grandes torneios anuais, com alcateias visitantes. Mas neste ano, com essa doença maldita… não havia clima para celebrações. Parei no centro da arena e me virei para meu pai e Octávio. Eles trocaram um olhar silencioso, preocupado.

— Quero lutar com os dois juntos — declarei, encarando-os.

— Tem certeza, filho? — perguntou meu pai, seu tom calmo, mas com uma sombra de hesitação.

Meu pai sempre foi um lutador excepcional. Foi com ele que aprendi tudo. Octávio também não ficava atrás — depois de mim, era o mais forte e habilidoso da alcateia. Inteligente, ágil, estrategista nato. E, acima de tudo, leal.

— Sim — respondi firme. Era disso que eu precisava. Não de conselhos. Mas de dor e foco.

Octávio retirou a roupa, ficando nu como nós e caminhou até mim. Meu pai o seguiu. Nenhuma palavra foi dita. Somente posturas de combate assumidas.

Eles vieram com tudo. A primeira onda de ataques foi rápida, feroz. Eu sentia cada movimento, cada respiração, cada faísca de energia entre nossos corpos. Os sons dos socos e dos impactos ecoavam pelas paredes da arena. Estávamos equilibrados. Cada golpe trocado carregava não só técnica, mas uma carga emocional que explodia em cada contato.

A adrenalina corria em meu sangue como fogo. O suor escorria pelo meu corpo, os músculos ardendo a cada esquiva, a cada ataque. Meu pai se lançou contra mim com um gancho certeiro. Eu estava pronto para bloqueá-lo quando, de repente, a voz da minha mãe ecoou na minha mente:

— Caspian… — chamou. Minha guarda caiu por um instante. Um mísero instante. E foi o suficiente.

O soco me atingiu em cheio no rosto, fazendo meu corpo girar no ar antes de cair com força no chão da arena. O gosto metálico do sangue preencheu minha boca. O líquido quente e viscoso escorreu do meu nariz.

— Caspian! — chamou meu pai, alarmado, correndo até mim. Levantei a mão, sinalizando que estava bem, mesmo sentindo a dor pulsar forte no rosto.

— O que houve? Você nunca abaixa a guarda assim — comentou ele, visivelmente preocupado.

— Me distraí. Mamãe está chamando — respondi, ainda tentando recuperar o foco. Papai me olhou com o cenho franzido, apreensivo.

— O que ela queria? — perguntou.

— Vou descobrir agora — murmurei, fechando os olhos para me conectar com ela.

— Fico muito feliz, meu amigo — disse Octávio, sorrindo sinceramente.

— Que bom que está feliz, pois preciso que faça uma coisa muito importante para mim — falei com firmeza, o alfa ressurgindo.

— O que precisar — respondeu Octávio, leal como sempre.

— Quero que escolha os dois melhores guerreiros para fazer a escolta da minha companheira. Aquela teimosa vai para o hospital trabalhar. Não quero que aconteça o mesmo de ontem. Os ânimos continuam alterados. Acompanhe-os até minha mansão, apresente-os à Gaia e depois vá com eles até o hospital. Quero ter certeza de que não acontecerá mais incidentes — ordenei, a autoridade vibrando na minha voz.

— Farei como quer, meu amigo. Tudo para proteger nossa futura Luna — disse Octávio, orgulhoso.

— Caspian, você sabe que Gaia não precisa de proteção. Eu vi aquela lobinha derrubar dois lobos machos adultos, o dobro do tamanho dela — comentou meu pai, com um riso contido.

— Eu sei que ela é muito capaz de se proteger. Mas quero ter certeza de que ela estará bem. E, honestamente, quero evitar que Gaia mate algum estúpido que ousar desafiá-la — comentei. Meu pai riu alto.

— Então você quer proteger os crescentes, e não ela — falou, divertido.

— Que Gaia não me escute — falei, sorrindo. — Agora vá logo, Octávio, antes que Gaia saia sozinha. — Ordenei.

— Estou indo. E até sei quem chamar para cuidar da proteção dela — disse e saiu correndo. Olhei para meu pai. Ele sorria para mim de um jeito diferente.

— O quê? Por que está sorrindo dessa maneira para mim? — perguntei.

— É bom ver o antigo Caspian de volta. Você não pode imaginar como estou feliz em te ver assim — respondeu, e me puxou para um abraço apertado. Retribuí sem hesitar.

Eu estava de bom humor. E Gaia era a responsável por isso. No fundo, algo em mim sabia: as coisas iam melhorar — e muito.

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