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O ALFA ARREPENDIDO: QUERO MINHA EX-COMPANHEIRA DE VOLTA. romance Capítulo 63

POV GAIA.

Continuei colhendo amostras dos corpos, tentando manter meu foco. O silêncio no ambiente era pesado, quase sufocante. Eu precisava coletar o máximo de amostras possível, logo elas estariam deteriorando, por estarem em local inapropriado. Aron foi muito esperto em colocar os corpos aqui, assim as provas vão se perder. Mas eu sou uma bruxa e tenho meios de conseguir descobrir a verdade. Senti Octávio se aproximar e observei de relance seus olhos atentos e sérios. Ele estava tão envolvido quanto eu. Algo me chamou a atenção nesse momento.

— Está vendo isso? — apontei para uma mancha escura no pescoço do terceiro corpo, puxando o lençol um pouco mais. Octávio se curvou para olhar melhor e assentiu, o semblante endurecendo.

— Parece uma queimadura… mas não aparenta ter sido causada por calor. Há algo químico nisso — murmurou, franzindo o cenho. Eu fiquei surpresa com sua perspicácia. Octávio não era um lobo desinformado. Ele estava certo no seu raciocínio.

— Eu sabia que tinha algo errado. Isso não é normal, nem faz parte da evolução da doença. Nenhum paciente infectado apresentou essas marcas em nenhum dos estágios antes do óbito — falei, me aproximando mais para sentir o cheiro. Um cheiro amargo, quase metálico, tomou minhas narinas. — Tem veneno nisso. Alguma toxina. — Afirmei. Eu sabia que essas mortes não poderiam ser normais.

— Você consegue identificar qual? — Octávio perguntou, a voz mais baixa, quase num sussurro, como se temesse que as paredes ouvissem.

— Ainda não. Mas vou descobrir. Mas não aqui. Não confio em mais ninguém nesse hospital — comentei e peguei um pequeno frasco, raspando uma amostra da pele com cuidado. — Isso não foi natural. Alguém fez isso com eles. Acredito que foram envenenados — afirmei. Octávio se afastou, passou a mão pelos cabelos e bufou, inquieto.

— Gaia… se o que está dizendo for verdade, estamos diante de um crime. Isso é muito grave — comentou, falando baixo para que ninguém mais ouvisse.

— Não é “se”, Octávio. Eu tenho certeza. E Aron está envolvido e está tentando encobrir isso — fechei o frasco com força e olhei diretamente para ele. — Eu vou descobrir tudo que aconteceu com meus pacientes. E quando provar que Aron está envolvido, eu o punirei pessoalmente. Pois sinto, em cada célula do meu corpo, que ele é culpado — falei com raiva.

Octávio me encarou por longos segundos. Não disse nada, mas vi em seu olhar que pensava o mesmo a respeito de Aron. Minerva rosnou dentro da minha mente.

— Esse lugar fede a traição. Esse doutorzinho cheira estranho, não consigo identificar — comentou Minerva.

— Concordo com você. A energia nesse hospital é pesada, e não é por ter doença e morte. Há algo mais oculto nesse lugar, mascarado — respondi mentalmente, sentindo o arrepio subir pela espinha.

— Acho que deveria investigar com magia aquele médico — falou Minerva, firme.

— Você está certa. Só preciso de um tempo sozinha com ele e um bom feitiço de revelação. Assim descobrirei os motivos dele e o que esconde — comentei mentalmente.

— Gaia, precisamos contar ao Alfa — disse Octávio, sério, me tirando do meu diálogo com minha loba.

— Ainda não. Sem provas, Caspian não vai acreditar. Ele não confia em mim. Sou uma bruxa. Eu quero algo sólido, não só suspeitas — argumentei e caminhei até a próxima maca, removi o lençol e fechei os olhos ao reconhecer o jovem lobo ali.

— Você está certa. Precisamos do máximo de provas para acusar Aron. Ele é um lobo respeitado aqui na alcateia. Já salvou muitos dos nossos. Não podemos acusá-lo assim. A alcateia ficará contra nós — a voz dele saiu fria.

Colhi mais uma amostra, com mãos trêmulas, lutando para manter o controle. Uma raiva fria começou a ferver em meu peito, ao ver um jovem que teria a vida inteira pela frente naquela maca, sem vida.

— Octávio, precisamos de acesso ao sistema interno do hospital. Quero os horários de entrada e saída, câmeras de segurança, qualquer coisa que mostre quem esteve na ala do isolamento ontem à noite e hoje de manhã, antes de Vânia chegar.

— Isso é com Aron. Ele que tem controle da parte de segurança. E acredito que ele já tenha dado um jeito nas filmagens — falou.

— Você é o beta, tem mais autoridade que ele. Então descubra como conseguir isso sem que Aron saiba — minha voz saiu firme, determinada. Ele me olhou com surpresa, mas não questionou.

— Tudo bem. Vou dar um jeito — concordou.

— Ótimo. Enquanto isso, vou ao meu laboratório. Preciso analisar essas amostras o mais rápido possível. E você… fique de olho naquele médico. E envie esses corpos para o necrotério, precisamos fazer alguns exames neles — ordenei.

— Claro que pode confiar. Tem algo errado na morte dos pacientes, não é mesmo? — perguntou, nervosa.

— Sim. Alguém causou a morte deles — afirmei.

— Eu desconfiei quando vi os corpos. Acha que alguém quer te prejudicar? — disse, séria.

— Eu não havia pensado nessa possibilidade. De eu ser o alvo, e não os pacientes — comentei, pensativa.

— Mas acho que deveria pensar — falou, firme.

— Vou pensar nisso depois. Primeiro, vamos tratar esses pacientes. Pegue esses frascos e despeje na boca de cada um dos pacientes — ordenei, entregando os frascos. Vânia concordou, pegando-os e indo até os pacientes de um lado da enfermaria. Peguei meus frascos e comecei a despejar o líquido no primeiro paciente do lado contrário da sala. Dez minutos depois, já havíamos medicado cada um dos pacientes.

— Agora é esperar. Vamos. Não quero levantar suspeitas — falei e recolhi os frascos, guardando-os na minha maleta. Saímos do local.

— Alguém apareceu por aqui? — perguntei para um dos guerreiros quando estava no corredor.

— Não, senhora — falou o loiro.

— Ótimo. Bom trabalho, meninos — falei, sorrindo. E continuamos nosso caminho. Mas, ao virar o corredor, encontramos Aron, que vinha rapidamente em direção à enfermaria.

— Senhorita Carter, o que fazia na enfermaria? E por que desses dois guerreiros? — perguntou, irritado. Eu ri alto da sua pergunta. Quem esse lobo pensa que é para exigir explicações?

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