POV GAIA.
— Eu não lhe devo explicações, doutor Aron. — Respondi friamente. Aron me olhou com ódio.
— Sou o médico-chefe deste hospital. Como ousa falar comigo dessa maneira? — Rebateu, bufando. Arqueei minha sobrancelha e coloquei minha mão livre na cintura.
— Isso não me importa em nada. Mas vou alimentar sua curiosidade: fui examinar meus pacientes que continuam vivos. E, respondendo à sua segunda pergunta, esses rapazes estão aqui para impedir que eu taque fogo em quem me irritar. Seu alfa achou melhor colocar uma escolta para proteger seus crescentes. — Completei, debochada. Aron engoliu em seco e recuou um passo.
— Meu alfa sabe o que é melhor para nós. — Retrucou, se recompondo e passando por mim.
— A propósito, doutor, os corpos dos lobos foram enviados para o necrotério, para perícia. — Comuniquei, me virando, e vi Aron parar bruscamente e se virar, visivelmente assustado.
— O quê? Com ordem de quem? — Perguntou, nervoso. Mais uma prova de que está envolvido.
— Do beta da alcateia, com o aval do seu alfa. Eles querem ter certeza da causa da morte. — Expliquei e vi Aron arregalar os olhos, mas logo voltou a ficar sério.
— Isso é uma perda de tempo e recursos. Aqueles lobos faleceram em decorrência dessa maldita doença. Não encontrarão nada de incomum. — Garantiu.
— Vamos esperar os resultados. Agora preciso ir, tenho muito a fazer. Não volto mais hoje, mas amanhã voltarei. — Comuniquei, me virando e começando a andar. Ouvi Aron resmungar, me praguejando. Sorri mentalmente.
— O que está planejando? — Questionou Minerva em minha mente.
— Quero induzir Aron ao erro. Ele ficou assustado ao saber que será feita uma perícia e vai tentar se livrar de qualquer prova que o ligue às mortes. Octávio está vigiando, e vamos pegá-lo com a mão na massa. Assim teremos nossa prova de sua culpa. — Revelei.
— Brilhante. — Elogiou, rindo. Quando entramos no elevador, me virei para Vânia.
— Quero que monitore os lobos da enfermaria. Você ficará designada a eles, já que os do isolamento faleceram. Anote todos os progressos e reações. Mas seja discreta. Não sei quem está trabalhando com Aron, então tenha cuidado e não se arrisque. — Instrui.
— Fique tranquila, eu serei invisível. Na verdade, já sou vista como incapaz aqui nesse hospital. Doutor Aron me designou para você porque me acha inútil. Eu ouvi ele dizendo isso para a enfermeira-chefe. Então ninguém vai desconfiar de mim ou prestar atenção. — Lamentou, abaixando a cabeça, triste.
— Nunca mais repita isso. Você não é inútil, pelo contrário, é muito eficiente. Eu tenho sorte em tê-la ao meu lado. Não ligue para o que esses infelizes falam. Tudo isso é inveja do que sabem que você é. — Afirmei, com irritação.
— Obrigada, Gaia. Você não pode imaginar como fico feliz por te conhecer. Eu não tenho amigas, mas, desde que chegou, sinto que agora tenho uma. — Confidenciou, emocionada.
— É claro que tem, eu sou sua amiga agora. E vou te proteger de tudo e todos. Assim que o isolamento acabar, vamos sair para nos divertir. — Prometi.
— Combinado. — Respondeu, animada.
O elevador chegou no térreo e nos despedimos. Saí do hospital e entrei no automóvel, que me levou direto para a mansão do alfa. Quando o automóvel estacionou, desci e fui direto para a edícula. Precisava examinar logo aquelas amostras. Dispensei minhas sombras e entrei na edícula.
Meu laboratório estava silencioso, tudo que eu precisava. Fechei a porta atrás de mim e tranquei. Não queria interrupções. Levantei um feitiço de proteção. Coloquei minha maleta sobre a bancada e comecei a preparar o espaço: luvas, máscara, tubos de ensaios, reagentes… tudo que precisaria.
Respirei fundo. Meu coração ainda batia acelerado, mas não era medo. Era fúria e raiva pela morte dos meus pacientes.
— Isso é... mata-lobo? — Murmurei, surpresa. O feitiço também acusou o mesmo. Minerva rosnou dentro de mim.
— Isso é perigoso e proibido. Nenhum hospital poderia armazenar isso. É veneno puro para lobos. — Rosnou.
— E alguém colocou essa substância no sangue deles. — Concluí. — Isso foi assassinato. — Falei, alarmada com a crueldade.
Aquela substancia, causava falência dos órgãos em poucas horas e muita dor. Mas não deixaria rastros sem uma análise profunda, e sumiria dentro de dez horas. Era por isso que Aron queria enterrar os corpos logo. Mesmo que os desenterrássemos depois, as provas estariam perdidas. Aquele infeliz foi inteligente, covarde e cruel. Mas ele não contava comigo.
Continuei testando as outras amostras. Todas com traços da mesma substância. Rosnei alto, com uma fúria que nem Caspian — que havia me rejeitado — recebeu de mim. Aquele maldito Aron.
— Ele queria garantir que os pacientes morressem. Mas por que tamanha maldade? — Questionei, com a raiva transbordando na voz.
— Respira, Gaia. — Sussurrou Minerva, tentando controlar sua fúria.
— Está difícil. — Admiti, pegando meu caderno de anotações com força. Respirei fundo tentando me acalmar.
Comecei a escrever tudo que descobri: cada composto, cada reação. Registrei imagens das análises. Precisava disso como prova. Empacotei as provas, desliguei a máquina e meu notebook. Limpei o que usei no feitiço e guardei meu grimório.
— Agora vamos conversar com Caspian. — Murmurei, enquanto fechava a porta da edícula.
Era a primeira vez que conversava com ele após descobrir sobre a existência do vínculo de companheirismo. Eu precisava me manter focada nos meus objetivos. Mas, pela primeira vez, eu estava nervosa em estar com meu ex-companheiro.

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