POV CASPIAN.
O silêncio caiu como uma pedra sobre a sala. O ar parecia mais pesado, como se as paredes também tivessem ouvido o que eu acabara de dizer. Os três me encaravam, perplexos. Minha mãe foi a primeira a quebrar o silêncio:
— Você disse… Gaia? — sua voz saiu fraca, quase um sussurro. Senão tivesse super audição não teria escutado.
— Sim. Gaia Carter Veranis — repeti, firme, embora cada sílaba me incomodasse como uma farpa cravada na carne. — De acordo com Adam, ela é a única que pode nos ajudar — acrescentei, o gosto da contrariedade amargo na minha boca. Meu pai deu um passo à frente. Os olhos, que normalmente exalavam autoridade, estavam arregalados.
— Caspian… está dizendo que a filha de Magnos e Amélia, a companheira que você rejeitou, é nossa única esperança? — Perguntou meu pai tentando ter certeza do que ouviu.
— Sim. Ela mesma — confirmei, sem hesitar.
— Pela Deusa Lua… estamos perdidos — murmurou minha mãe, pálida. — Depois de tudo que aconteceu… depois do que você fez com ela… Gaia não vai querer nem te ver, muito menos ajudar. — Falou minha mãe nervosa.
— Sua mãe tem razão — disse meu pai, cruzando seus braços. — Eu nunca concordei com sua decisão impensada. Sabia que sua estupidez voltaria para te assombrar. E parece que esse dia chegou. — Disse meu pai irritado.
Suas palavras cortaram como açoite, mas mantive a postura. Eu sabia que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde, que meu pai jogaria na minha cara. Não sei o que é pior, escutar meu pai ou ter que pedir ajuda à bruxa que rejeitei. Aquela que deveria ter sido minha companheira — e que fiz questão de afastar.
— Chega — interrompi, impaciente. A última coisa que preciso agora é um sermão dos meus pais. — O que querem que eu diga? Que me arrependo? Que estou morrendo de culpa? Pois não estou. E não vou fingir o contrário. — Falei friamente.
Não era culpa que me dominava naquele momento. Era raiva. Um ódio engasgado por ser colocado nessa situação miserável. O destino tinha um senso de humor cruel. Justo ela. Logo ela. Tantos seres nesse planeta e tinha que ser ela.
— É lógico que não vai dizer isso. Você sempre foi orgulhoso e teimoso — disse minha mãe com um suspiro exausto, sentando-se no sofá desanimada.
— Adam vai conversar com ela primeiro. Tanto ele quanto o alfa Magnos e a Luna Amélia sabem que essa doença afeta a todos. Acredito que Gaia não colocaria sua alcateia em risco por minha causa. Mas, se ela se recusar a ajudar… eu arrasto o inferno até ela, se for preciso. Ela vai nos ajudar por bem ou por mal. — Garanti com firmeza. Meu pai assentiu lentamente.
— É melhor, mesmo que Adam fale com ela primeiro. — Disse meu pai. Minha mãe se levantou e veio até mim. Seus olhos estavam cansados, mas havia firmeza em sua expressão.
— Filho, por favor… quando for até Gaia, lembre-se do que está em jogo. Trate-a com o máximo de respeito possível. Mas não espere gentileza da parte dela. Ela é uma loba que foi ferida, machucada por aquele que deveria tê-la amado incondicionalmente. — Disse minha mãe. Ela pousou a mão sobre meu braço. O toque era quente, reconfortante, mas carregado de uma súplica silenciosa.
— Farei isso, mãe — respondi, concordando, pois não queria discutir. Eu faria o que fosse necessário, mesmo que isso significasse engolir meu orgulho e suportar a presença dela. Não por ela. Mas pela minha alcateia.
Eu tinha uma alcateia à beira do colapso. A infecção se espalhava como fogo em mata seca, e os doentes já não eram poucos. Não havia mais tempo para orgulho ou ressentimento. Não podia continuar discutindo sobre Gaia.
A única coisa sensata agora era esperar a ligação de Adam. Só espero que ele não demore e que convença a sua bisneta a me receber. Porque, se a situação continuar assim, em breve terei que isolar toda a alcateia. E, então, talvez nem aquela bruxa possa nos salvar.

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