POV CASPIAN.
— Que tal me poupar dessa enrolação? Me diga por que me atraiu até aqui? — perguntei impaciente, com a voz baixa e carregada de irritação. O desprezo era evidente no meu tom, assim como o nojo ao encarar o brilho perverso em seus olhos, que me observavam como se eu ainda fosse seu brinquedo quebrado.
— Ah, querido, você se tornou um lobo tão chato — disse ela, soltando uma risada aguda que me fez enrijecer. — Bem, eu queria te ver. Nunca deixei de te querer de volta. Sabe que temos uma ligação — falou com um sorriso malicioso, aproximando-se lentamente, como uma serpente prestes a dar o bote.
Cada passo dela ativava meus instintos. Eu estava preparado. Aproveitaria a aproximação para agarrar seu pescoço e torcer. Queria acabar com aquilo de uma vez. Mas, no exato momento em que meu braço se esticou para alcançá-la, uma barreira invisível me impediu. Fui repelido por uma força mágica, brutal e fria, sendo afastado da barreira.
— Que menino malvado… Acha mesmo que permitiria que me ferisse? — Ela sorriu com doçura falsa. — Eu sei que não é mais aquele filhote indefeso. Acompanhei sua fama de alfa poderoso… e fiquei tão orgulhosa de você — continuou, com uma voz doce e manipuladora, como se estivesse realmente encantada. Meu corpo inteiro tremia de raiva. As palavras dela tocavam feridas antigas, mas eu me mantinha firme.
— Vamos parar com enrolação. Me diga por que criou essa maldita doença e usou Aron? — perguntei entre dentes, meu tom agora um rugido controlado. Minhas garras estavam à flor da pele, prontas para romper e estraçalhar essa desgraçada, e cada fibra do meu ser implorava por confronto. Ela bufou, entediada, como se tudo aquilo fosse um jogo.
Seus olhos mudaram. Escureceram, como a sombra da noite. Um olhar cruel, sombrio, que sempre esteve ali — o mesmo que me aterrorizava quando eu era somente um filhote em suas garras.
— Muito bem. Fiz isso por sua causa — respondeu com um tom lento e carregado de rancor. — Queria te fazer sofrer. Você estragou meu plano quando era filhote… quando conseguiu se comunicar com seu pai. Aquele maldito te resgatou. Eu tinha planos para você. Precisava do seu precioso sangue para um feitiço poderoso… que me daria vida eterna. Você não sabe como sua linhagem é preciosa. Mas não vou entrar nesse assunto — completou, com tédio na voz, como se estivesse falando de algo irrelevante. O ar pareceu sumir dos meus pulmões por um momento.
— Você me sequestrou e torturou pelo meu sangue? — perguntei, rosnando. Minha voz saiu grave, carregada de ódio e incredulidade. As lembranças da infância, das correntes, da dor, tudo voltou à minha mente como um vendaval.
— Sim… e não. Eu não precisava te torturar, mas era divertido — comentou, rindo insanamente. Meu sangue ferveu.
— Desgraçada — esbravejei, os olhos queimando com fúria contida.
— Quanto drama… Deixe eu continuar minha explicação. Nesse tempo sem nos ver, eu encontrei um parceiro… companheiro, para vocês lycans. E ele te odeia e muito. Meu companheiro me pediu sua cabeça, e eu, como uma boa companheira, não pude negar — disse, agora com um sorriso perverso estampado no rosto. Na mesma hora, um rosnado grave soou à nossa esquerda. Meu corpo virou instintivamente, meus músculos ficaram tensos, sentidos aguçados.
Das sombras da floresta, envolto por uma névoa escura, surgiu um lobo marrom de pelagem espessa, os olhos amarelos ardendo com fúria. Ele se aproximava lentamente, a aura selvagem e agressiva. Em poucos segundos, sua forma começou a mudar — ossos estalando, músculos se reorganizando, até que a criatura se ergueu como homem.
Ele era alto, com o corpo robusto e coberto de cicatrizes. Tinha o semblante fechado, marcado pela dor e pelo ódio acumulado. Seus olhos, ainda brilhando em amarelo, cravaram-se nos meus com uma intensidade animalesca. Se aproximou da bruxa e a beijou com paixão ardente, como se ela fosse a última coisa que restava no mundo. Senti ânsia. Aquela cena me enojou.
— Oi, meu amor — disse a bruxa, sorridente, toda afeto.
— Ela não é, muito velha para você? Sabe que ela poderia ser sua bisavó? — perguntei debochado, o sorriso irônico nos lábios. Theodoro rosnou alto, o corpo vibrando de raiva. Thalassa interveio.
— Que feio, pequeno. Amor, não caia na provocação dele. Caspian está acabado. Não vai te atrapalhar mais, depois de hoje — comentou Thalassa, acariciando o peito do companheiro e o beijando com fervor. Uma cena nojenta.
— Você está certa. Sabe, Caspian, essa doença… minha amada fez para te atingir. Mas também usei para eliminar algumas alcateia pelo caminho. Tudo foi planejado para te fazer sofrer. Sei o quanto ama sua alcateia. Pena que não tem mais companheira. Fez a besteira de rejeitá-la. Soube que teve que rastejar até ela em busca de ajuda. Como eu queria ter visto essa cena. Me disseram que ela te odeia — disse, rindo cruelmente. Odin ficou tenso, ao ouvir ele mencionar nossa companheira.
— Muito bem. Já me contaram por que fizeram a doença e por que esse vira-lata me odeia. Mas e agora? O que querem? Acham que vão me matar? — perguntei para tirar o foco de Gaia, não queria que descobrissem que a amo. Arqueei a sobrancelha, desafiador.
— Primeiro vamos te fazer sofrer. Tirando o que mais ama: seus crescentes. Já que não tem companheira, quero que veja seus lobos morrerem — disse Theodoro, e deu um sinal.
Thalassa lançou meus crescentes para fora do círculo e os renegados os atacaram com selvageria. A luta foi brutal. A floresta se encheu de rosnados, sangue e gritos. Meus crescentes, bem treinados, derrubaram cada um dos renegados, lutando com coragem e força.
— Que coisa chata — disse Thalassa, entediada. Então, ergueu as mãos e lançou um raio vermelho. Em segundos, meus lobos caíram mortos. Um a um, meu peito se apertou.

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